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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

À Conversa com os Piece of Cake

 

Os meus convidados de hoje afirmam que criar e trabalhar com música, é o que mais gostam e sabem fazer!

O projeto iniciou em 2014, altura em que passaram para o papel as ideias pensadas ao longo dos anos anteriores, e reuniram os ingredientes necessários para dar vida ao mesmo.

É nesta altura que se juntam a Lito Pedreira, baterista profissional e produtor, João Guerreiro (Voz), Ivan Pedreira (Baixo Elétrico), e Rodrigo Almeida (Guitarra Elétrica).

 

Depois de vários meses de muito trabalho, e com novos elementos na banda, nomeadamente, Pedro Henriques (voz) e Tiago Pais Dias (Synt), chega-nos agora o primeiro single, “Fears on Fire”, que também dá nome ao primeiro álbum da banda.

São os Piece of Cake!

 

 

 

 

 

Começo por perguntar de onde surgiu este nome “Piece of Cake” para a banda?

Piece of Cake surge de algum tempo de pesquisa, mas simplesmente, porque eu respiro musica, a musica está presente na minha vida já desde muito pequeno, desde que me recordo de ser gente que ela faz parte, não sei se por essa razão mas , compor , criar, ter inspiração é Piece of Cake.

  

É, de alguma forma, a expressão do vosso objetivo enquanto músicos – dar a provar ao público um pedaço daquilo que de melhor sabem fazer, e que “cozinharam” com prazer?

Para o público nós queremos dar tudo o que temos e não temos.

 

Quais foram as principais dificuldades que encontraram no mundo da música, nomeadamente, com o lançamento do vosso primeiro trabalho?

Foi realmente o processo burocrático após o disco estar pronto, a parte de composição foi muito rápida, agora, conseguir por a musica “cá fora” ai é que as coisas custam um bocadinho mais, depois a questão financeira também dificulta o processo. Mas valeu a pena porque acredito nos POC.

 

Como é que surgiu a vossa parceria com a On Tour Eventos?

A parceria surgiu de um contacto que fizemos para a On Tour Eventos, eu já conhecia o trabalho deles e achei que realmente faria sentido e poderia ser proveitoso trabalharmos juntos.

Enviei umas musicas ainda em fase de maquete e eles adoraram. 

 

Qual é a vossa opinião relativamente ao panorama musical português na actualidade, em termos de qualidade e oportunidades?

A qualidade é muita, nós temos bandas novas e músicos com uma qualidade muito grande, em questões técnicas como de criatividade. As oportunidades é que são mais escassas, na minha opinião ainda existem muitos lobys que fazem com que projetos novos tenham mais dificuldade em se mostrar, a juntar com a falta de investimento, torna tudo um pouco mais complicado.

 

Como é que definem o vosso estilo musical?

Os Piece of Cake navegam dentro do Rock, Electronica e World Music. São canções alternativas.

 

Do que nos fala a vossa música?

Fala de muita coisa, do nossos interior como ser humano, de amor, Esperança, Partilha, de não desistir e muita Energia positiva.

 

Um nome inglês para a banda, e também para o primeiro álbum e single de apresentação? É mais fácil passar a vossa mensagem nesta língua do que em português?

Sim, quando o projeto foi idealizado, foi pensado, composto e escrito em Inglês, para mim fazia todo o sentido pela mensagem simples e direta que queria passar, também a pensar que este é um projeto do Mundo e não só de Portugal.

Com isto não quero dizer que o próximo disco não tenha algum tema em Português ou mesmo todos os temas, veremos…

 

Que feedback têm recebido por parte do público?

Na realidade o disco ainda está “cá fora” a relativamente pouco tempo, mas o Feedback tem sido muito positivo e estamos a vender bem os discos. J

 

Quais são os planos dos Piece of Cake para 2016?

Dar a conhecer o projeto ao vivo, tocar muito. Conseguir ir tocar principalmente aos Festivais. E começarmos já a apostar na internacionalização.

 

Muito obrigada!

 

 

Saibam mais sobre os Piece of Cake em:

https://www.facebook.com/pieceofcake.artist/

 

*Esta conversa foi proporcionada pela ON TOUR EVENTOS.

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Se não sei de quem é uma música...

...só pode ser da SIA!

 

Claro que isto é generalizar muito, mas a verdade é que as últimas músicas que tenho ouvido por aí, e que não faço a mínima ideia de quem as canta, são mesmo da SIA, como acabo mais tarde por descobrir!

Aconteceu isso com uma música, que até tinha perguntado aqui se alguém me saberia dizer quem cantava, há uns tempos atrás - Fire Meet Gasoline.

No outro dia, ao responder a um inquérito da RFM, ouvi outra que não conhecia, mas que me parecia a voz dela. Pesquisei, e confirmou-se - Cheap Thrills.

Ainda nesse inquérito, uma outra música com o mesmo tom de voz e estilo semelhante. Fartei-me de procurar, ouvi todas as músicas que me apareciam dela, e nada.

Aquilo estava-me mesmo a fazer confusão, porque não gosto de ficar sem saber quem canta e tinha quase a certeza que era ela, mas nenhuma das músicas era a que eu queria. Andei a ver as músicas que passaram nos últimos dias na RFM. Sem sucesso. Por esse dia, desisti.

No dia seguinte, e depois de ter estado a ver com a minha filha quem teria uma voz parecida, ou poderia cantar aquela música, voltei ao site da RFM, e lá estava: Bang My Head!

Verdade seja dita, a música é do David Guetta feat SIA & Fetty Wap. Mas que lá estava a SIA, lá isso estava!

E sabem que mais, estou a ficar cada vez mais fã desta mulher, e apreciadora das suas músicas.

Desperta Para um Bom Dia Com...Palavras

 

 

Ao longo de 52 Semanas, Kiko Lopez vai despertar-nos para um bom dia, durante 365 dias, com as suas palavras, naquele a que podemos apelidar de "Serviço Despertar"

Despertar, não só para um novo dia, mas também para uma nova vida.

Em cada semana, um tema diferente, e exercícios para fazer e refletir, ajudando-nos a melhorar determinados aspectos da nossa vida, e a focarmo-nos naquilo que é, realmente, importante.

 

Se tivesse que resumir este livro numa única palavra, num único objetivo, numa única missão, essa palavra seria "Agora". Porque é o "Agora" que estamos a viver!

 

É o presente que importa, é nele que podemos traçar o nosso caminho e fazer as nossas escolhas. É no presente que temos oportunidade de mudar as nossas atitudes, ajustar os nossos comportamentos, delinear as nossas metas e lutar pelos nossos sonhos! 

Kiko Lopez promete ser duro nas suas palavras, e exigente nas nossas ações, mas tudo por uma boa causa - um reencontro com o nosso "eu", uma renovação interior que se traduzirá em resultados positivos exteriomente!

 

 

Partilha, Vida, Mudança, Prioridade, Saúde, Educação, Dinheiro, Humor, Família, Humildade, Gratidão, Responsabilidade, Sonho, Amor, Ego, Dependência/ Apego, Liberdade, Dádiva, Coração, Valorização, Esperança/ Expectativa, Inspiração, Verdade, Diferença, Inocência, Amizade, Confiança, Respeito, Incondicionalismo, Dor, Perdão, Diálogo, Sorriso, Sinceridade, Elogio, Cumplicidade, Inveja, Objectivo, Intuição, Disciplina, Paixão, Atitude, Mente, Medo, Bloqueio, Determinação, Persistência, Ansiedade, Perfeccionismo, Tranquilidade, Conquista, e O Agora, são os temas que vos vão acompanhar ao longo desta obra.

 

 

Se concordo com tudo o que é dito neste livro? Obviamente que não!

Também muitos leitores poderão, ao ler alguns capítulos, pensar que tudo o que é dito é muito bonito, mas na prática não é assim tão simples.

Poderão considerar que está aqui presente, nestas 400 páginas, muita "conversa fiada" da qual ninguém quer saber, muitos conselhos que ninguém quererá aceitar, muitos exercícios que ficarão em branco porque não lhes apetece, não estão para aí virados, ou têm mais que fazer.

 

Mas existem também muitas verdades presentes nestas linhas, que muitas vezes não conseguimos ver, ou fingimos não ver. Muitos conselhos que, de facto, nos ajudam a viver cada dia da nossa vida de uma forma melhor, a pensar naquilo que queremos para nós próprios, naquilo que temos de mais valioso, e naquilo em que, por vezes, teimamos em desperdiçar tempo e energia, que seria melhor utilizada em algo de mais positivo. 

O autor incentiva-nos a todos a lutar por aquilo que queremos e acreditamos, a fazer uma seleção que nos permita manter aquilo que nos faz bem, e rejeitar o que nos é nocivo, a guiarmo-nos a nós, e por nós, próprios, e não por vontades ou determinações de terceiros.

À nascença é-nos dado um determinado "terreno" que servirá de base ou suporte à nossa vida. Cabe-nos a nós cultivá-lo, cuidá-lo e tentar colher dele os melhores frutos, porque ninguém o fará por nós, nem melhor do que nós!

 

Deixo-vos aqui alguns excertos, para ficarem com uma ideia do que poderão encontrar:

 

"...és tu e só tu, que poderás escolher as cores com que desejas pintar o cenário da tua vida. Essa responsabilidade, como te disse, antes é apenas tua. Não há mais margem para desculpas, para atirares o boomerang da responsabilidade. Porque esse, quando menos esperares, fará ricochete na tua própria consciência. E aí sim, sentirás as consequências dessa desresponsabilização."

 

"Para mim, a minha verdadeira Família, são todas as pessoas que eu escolho para partilhar a minha essência, com quem sinto a liberdade de confrontar com a minha verdade e às quais, dedico o melhor de mim e escolho para celebrar a minha felicidade."

 

"O facto de ser longo,não quer dizer que não te encontres mais perto, por isso, NÃO DESISTAS!"

 

 

Autor: Kiko Lopez

Data de publicação: Julho de 2015

Número de páginas: 400

ISBN: 978-989-51-4090-9

Colecção: Viagem Filosófica

Género: Desenvolvimento Pessoal

 

 

 

Que resposta se dá a isto?!

 

"Creio que não percebeste como funcionamos. Não te vamos enviar as respostas, se nos queres entrevistar passa por cá, uma 3a ou uma 5a, ninguém quer perder tempo a responder assim." 

 

Como sabem (ou talvez não), todas as entrevistas que fazem parte da rubrica "À Conversa Com..." foram/ são feitas via email - eu envio o artigo e as questões, os entrevistados reenviam as respostas e/ou alterações que considerem por bem fazer.

Tem sido assim com todas elas. Das solicitações para entrevistas que fiz, a maior parte teve feedback positivo!

Alguns convites têm sido educadamente recusados, o que aceito sem problema. Qualquer pessoa é livre e está no seu direito de não conceder as entrevistas a quem as pede. Outros convidados, nem respondem.

E depois, há respostas assim como esta (foi a primeira ao longo destes meses), recebida após o envio das questões por email, na sequência de um primeiro contacto para possível entrevista, que foi aceite, tendo inclusive o grupo em causa retribuído com um convite para assistir a um dos seus ensaios.

 

Mais uma vez, friso que não tenho qualquer problema na recusa dos convites, seja por falta de disponibilidade, de vontade, por acharem que não vale a pena conceder entrevistas a bloggers com pouca visibilidade, ou por outro motivo qualquer.

Até mesmo nesta situação específica, teria aceitado que me tivessem dito o que disseram, mas de uma outra forma. Assim, que resposta se dá a isto?!

No entanto, sempre me ensinaram que não devemos responder aos outros, na mesma medida com que nos respondem, porque isso não leva a nada, e não retiramos daí nada de bom.

Por isso, limitei-me a responder desta forma:

 

"Olá boa tarde,

Como expliquei no primeiro email enviado, e porque tudo isto se destina a um formato digital, as entrevistas que costumo fazer para o blog são sempre via email, até por uma questão de localização, e disponibilidade por parte dos entrevistados, que assim respondem quando puderem, e onde quer que estejam.
 
Por outro lado, e uma vez que as entrevistas não são a minha actividade principal, mas algo que faço em pequenos momentos que tenho livres, é-me difícil ter disponibilidade para me deslocar até aos entrevistados.
 
A entrevista via email é um método que tem tido uma boa aderência, e me tem permitido entrevistar bandas, artistas, escritores, e outros convidados, de norte a sul do país.
 
Lamento que não tenham disponibilidade mas, de qualquer forma, agradeço o contacto e desejo-vos a continuação de um bom trabalho.
 
Cumprimentos,
Marta Segão"

 

 

 

* E nestes últimos dias, em diversas situações, arrogância tem sido o prato do dia. É preciso respirar fundo, pôr em prática aquilo que me ensinaram, e muuuuuuuuuita paciência!  

 

À Conversa com João Gago da Câmara

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João Gago da Câmara é natural de São Miguel, Açores.

Estudou Engenharia Técnica Agrária no Instituto Superior de Ciências Agrárias, mas a sua carreira profissional passou, contudo, pelo Departamento de Relações Públicas da Presidência do Governo Regional dos Açores, e pela RDP, onde, durante trinta e quatro anos, foi realizador, apresentador e repórter de rádio.

Na televisão, apresentou na RTP – Rádio e Televisão de Portugal - um programa de informação.

Foi também jornalista da imprensa escrita no jornal açoriano “Correio dos Açores” e correspondente nos Açores de “O século” tendo, simultaneamente, fundado o seu próprio jornal, o “Correio do Norte”.

Mais tarde, entrou no mundo da publicidade dirigindo, no arquipélago açoriano, o maior grupo empresarial do mundo na publicidade exterior - a JC Decaux,.

Atualmente, conjuga a atividade publicitária, da sua própria empresa, com a escrita e a aviação de recreio.

 

 

 

“Fragmentos Entre Dois Continentes”, um livro lançado com a chancela da Chiado Editora, reúne diversas crónicas que o autor foi escrevendo ao longo dos anos.

Para nos falar um pouco mais sobre esta obra, e sobre si tenho hoje, como convidado, João Gago da Câmara, a quem desde já agradeço pela disponibilidade.

 

 

 

 

“Fragmentos Entre Dois Continentes” é a sua mais recente obra. Como é que surgiu a ideia de juntar todos os “fragmentos” escritos ao longo dos anos, e editar este livro?

Acontece que não consegui deixar de escrever após a minha aposentação da RTP – Rádio e Televisão de Portugal – onde, nos Açores, trabalhei ao longo de 34 anos.

Para um jornalista que gosta do que faz torna-se difícil, ou quase impossível, cortar em definitivo com a escrita com que lidamos no dia a dia e que nos enriquece do ponto de vista intelectual. Não consegui! Assim e porque era abordado para colaborações por diversos órgãos de comunicação social, mais precisamente rádios e jornais, decidi continuar, escrevendo semanalmente uma crónica que enviava para todos. Foi daí que nasceu “Fragmentos entre dois Continentes”, uma seleção de textos/crónicas que, também por sugestão de amigos e colegas, acabei por publicar com a chancela amiga da Chiado Editora.

 

Que histórias podem os leitores encontrar nesta obra?

“Fragmentos entre dois Continentes” aglomera dissertações díspares que foram nascendo ao sabor da criatividade e com o navegar próprio do pensamento, na observação contínua e o mais intimista possível das gentes e das coisas.

E como criança que compõe peças do lego, achamo-nos a brincar com as palavras, que nos deleitam, mas também que nos consomem, e, como num jogo inquieto entre dois amigos, o escritor e as ideias que se transformam em palavras e depois em frases, acabamos por construir textos que vamos fazendo por serem o mais entendíveis possível, dentro da musicalidade que fazemos por encontrar e sempre na preocupação de manter a simplicidade e a objetividade.

Em “Fragmentos entre dois Continentes”, o leitor encontra constatações, do ponto de vista social, político, cultural, religioso, até por vezes recreativo, dentro e fora da ilha (sou um ilhéu açoriano dos quatro costados) e críticas, quando necessárias, às políticas dos Estados e dos homens que vão detendo parte significativa da vida de todos nós. Mas, como não podia deixar de ser, há mergulhos nas coisas belas da infância, no fascínio do nascer de um neto, no recordar da juventude da mãe maravilhosa e do pai forte e protetor, no brincar à beira da lagoa, no lembrar a velhinha que viveu no vale toda uma vida e nunca viu mar, ou o pescador que trabalhava de sol a sol e deitava-se sem comer porque as sopas de pão com leite só davam para o alimento dos filhos.

 

Conseguiria eleger uma, das várias crónicas presentes neste livro, que mais prazer lhe tenha dado escrever?

Definitivamente não. Cada crónica tem o seu sabor, fruto do lugar onde é escrita, do som ambiente, da cor do céu ou do mar, do cheiro da floresta da ilha, que nos vão envolvendo quando vamos pondo palavras ao papel. No estado de espírito com que nos achamos ao saber que se aliena quase gratuitamente o património da mãe Pátria, ou que se é preso por falar e morto por defender ideais. Não consigo deixar de vivenciar cada crónica como se fosse única, porque aquele momento da escrita, do ponto de vista emocional, não volta a acontecer. Cada momento de escrever é único e irrepetível.

 

Apesar de o João ter estudado Engenharia Técnica Agrária, no Instituto Superior de Ciências Agrárias, a sua carreira profissional acabou por seguir um outro rumo. O que o levou a “trocar” a engenharia agrária pela rádio e televisão?

Embora ainda muito jovem enveredasse pelas artes da terra, das lavouras, do gado, do verde e do trator, que na minha geração era a onda do momento, a minha paixão sempre se chamou comunicação. Familiares e colegas não entenderam que tivesse partido para outros terrenos, para os das redações e dos estúdios, mas eu compreendi. Comunicar é preciso porque só assim conseguimos mudar mentalidades e modificar o mundo.

A profissão de comunicador não foi fácil. Estarmos a ser ouvidos por milhares de ouvintes ou telespetadores, embora demais acompanhados, sentimos momentos de solidão só entendidos por quem passa por estas andanças. E é a responsabilidade que a provoca. É preciso que tudo saia bem, ser convincente de forma a atirarmos a bola para lá do microfone e ela ser sempre apanhada pela maioria de quem nos está a ouvir. Não é fácil. Maria Guinot cantou um dia “Silêncio e tanta gente”. É isso mesmo que nos acontece na vida de comunicadores, a contradição entre solidão e os tantos que nos rodeiam. Mas não houve volta a dar. Entre comunicação e lavoura, definitivamente comunicação.

 

E a publicidade, como entrou na sua vida?

Foi novamente a comunicação a bater forte. Publicitar é comunicar. Tive convites irrecusáveis por parte dos maiores empresários da publicidade exterior de Portugal e do mundo, mais precisamente da RED Portuguesa, a maior empresa de publicidade nacional, e da JC Decaux, o maior grupo empresarial do mundo com sede em França, e não resisti. A expressão artística da imagem como veículo de comunicação, o estar na rua tocando a sensibilidade de quem vai passando e observando ou consumindo os anúncios gigantescos nas praças e avenidas das nossas cidades tornou-se incontornável na minha existência de comunicador.

 

A par com a actividade publicitária, a que atualmente se dedica, o João vai conjugando a escrita. Que papel é que esta ocupa na sua vida?

A escrita, poderei afirmar, é o pão que me consegue matar a fome e a água que me mata a sede. Sinto que tenho que escrever em permanência pois percebi que só esses momentos de intimidade completam os meus dias. Escrever é enriquecermo-nos e valorizarmos esta preciosidade que é existir. Não consigo estar sem escrever.

 

Um dos seus hobbies é a aviação de recreio. O que sente quando está a pilotar uma aeronave?

Obtive dois brevets de piloto de aviões, o primeiro em Espanha, o último em Portugal, pois voar a terceira dimensão, tocar os céus, olhar de cima e de longe este mundo cá em baixo, cheio de virtudes mas também repleto de defeitos, é ausentarmo-nos, mesmo que por horas, da constatação de fazermos parte dele que, embora tantas vezes nos alegre, outras tantas nos consome.

É navegar o território das aves e das nuvens e ao mesmo tempo beber o azul da atmosfera e testemunhar de perto esse amarelo sempre diferente dos raios de sol. É estar dentro do planeta e fora dele. Voar, tal como escrever, é, no meu caso, condição indispensável para ser feliz.

 

Se tivesse que escolher um destes dois continentes de que nos fala o seu livro para aterrar definitivamente, qual seria?

Escolheria o continente do intelecto e dos sentimentos, do ser-se solidário e estar para os outros, da perseverança, da lucidez, da equidade e do respeito pelas diferenças, da coragem, da paz em fraternidade, da elevação e seriedade dos agentes políticos, do cultivo da inteligência emocional, da denegação dos opressores e dos abraços à liberdade. Esse seria o meu continente.

 

Estando neste momento na fase de divulgação do livro “Fragmentos Entre Dois Continentes”, podemos contar com uma próxima obra para breve?

Sim, sairei brevemente com um trabalho de pesquisa que tenta retratar a grandiosa epopeia que foi a emigração açoriana para Santa Catarina, no sul do Brasil, ocorrida a partir de 1748, tempo de D. João V.

Estive por duas vezes no Brasil para recolher matéria que me permitisse trazer as velhas gerações de emigrantes aos nossos dias. Com efeito, quase três séculos são passados desde que o primeiro barco de emigrantes açorianos afrontou três meses de mar rumo a essa terra prometida, de leite e mel, mas que acabou por ser muitas vezes de desilusão e de morte. Mesmo assim, fundámos ali uma comunidade de povoadores que influenciou sobremaneira os tempos que se lhe seguiram, sobretudo nos usos, costumes e tradições que de cá levaram e que por lá ficaram, até hoje. A Chiado prevê a saída da obra em meados de maio, princípios de junho do corrente ano de 2016.

Depois, conto passar para o romance e por lá ficar. A ver vamos.

 

Muito obrigada!

 

 

*Esta conversa teve o apoio da Chiado Editora, que estabeleceu a ponte entre o autor e este cantinho.

 

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