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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Quantos Sidónios haverão neste mundo?

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Ontem, enquanto esperava a minha vez de ser atendida, deparo-me com uma cena que mostra o mau feitio que algumas crianças têm logo em pequenas e que, se não for travado, pode dar mau resultado.

 

Um miúdo estava, segundo me pareceu, naquele mesmo espaço com a mãe e o pai. Como não tinha nada com que se entreter, decidiu ir até à porta e rasgar uma comunicação que ali estava afixada. A mãe levanta-se, ralha com ele, sem muito sucesso, e volta a sentar-se. 

Em seguida, o miúdo pede à mãe o telemóvel para jogar. A mãe diz-lhe que não tem bateria. O miúdo insiste. A mãe torna a responder. E o miúdo não se faz rogado, vira-se para a mãe e diz, naquele tom bruto e desafiante:

 

"Dá-me já! O telemóvel é meu, não é teu. Dá-me. É meu. Não é teu!" 

 

Não sei o que se passou depois. Sei que o miúdo ainda por ali andou aos encontrões às cadeiras, a mãe acabou por levá-lo para o exterior onde estava alguém, supostamente o avô, que ficou o resto do tempo com ele. O suposto pai, só o chamou uma vez (e daí ter percebido o nome), parecendo que não estava a ligar muito ao que o miúdo fazia. A mãe que tomasse conta.

 

Posso estar totalmente errada, até porque não conheço as pessoas de lado nenhum para julgá-las ou afirmar o que quer que seja sobre as mesmas. Mas o miúdo tinha ar de "rufia" e, daqui a uns anos, a continuar assim, vejo-o bem capaz de bater na própria mãe. Com um bocadinho de sorte, com a aprovação do pai.

Para se educar, tem que se dar o exemplo?

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Costuma-se usar um velho ditado para justificar algo que pedimos aos outros para fazer, mas que nós próprios não fazemos: "faz aquilo que eu digo, e não aquilo que eu faço"!

Mas será que na educação de uma criança esse ditado se aplica?

No outro dia, em debate, dizia-me o meu marido que, para educar um filho, não temos que estar sempre a dar exemplo atrás de exemplo, só temos que lhe explicar o que é o melhor para ele, e fazê-lo entender.

Já eu, sou da opinião que a única forma de nos fazermos entender, de os nossos filhos apreenderem a mensagem que lhes tentamos transmitir, é através dos nossos exemplos e, mesmo assim, nem sempre resulta!

Por norma, os filhos tendem a "copiar" os comportamentos dos pais, porque é aquilo que vêem, com que lidam no dia-a-dia, e que supõem ser o normal e correcto. Logo, se os pais dão maus exemplos e se comportam de forma contrária aquela que, depois, pedem aos filhos para agir, como é que vão ter autoridade ou moral para lhes exigir isso, se eles próprios não o fazem?

Como é que se pode exigir a um filho que tenha uma alimentação saudável, se ele vir constantemente os pais a comer alimentos que fazem mal?

Como é que se pode pedir a um filho para ser organizado, se os pais vivem em total desorganização?

E por aí fora!

Para mim, mais do que ensinar, mais do que dizer o que deve ou não ser feito a um filho, são as nossas atitudes, os nossos comportamentos, a nossa forma de estar na vida e no quotidiano, enquanto pais, que lhe vão dar, ou não, o melhor exemplo. 

 

 

Autoridade não é autoritarismo

             

 

Hoje em dia, nesta nova geração de crianças, são muitas as que apresentam dificuldades em cumprir normas e regras básicas de convívio social, e em reconhecer fronteiras nas comunicações sociais, tanto entre iguais, como em relação aos adultos.

Para elas, há direitos, mas esquecem-se que também há deveres a serem cumpridos.

É importante que os pais, desde cedo, comecem a impor limites às crianças, fortalecendo comportamentos adequados, a sua adaptação ao meio social e o seu amadurecimento. Cabe aos pais a tarefa de definir regras e fomentar relações baseadas no respeito mútuo.

É certo que educar uma criança é um trabalho constante e, por vezes, complicado. Também é certo que não há um modelo de educação perfeito, e os pais são seres humanos que, como tal, podem cometer erros.

Ainda assim, devem ter competência para transformar os seus filhos, através de uma educação adequada, em adultos responsáveis, respeitadores e autónomos.

Mas o que significa, afinal, uma educação adequada?

Se, há uns anos atrás, reinava o autoritarismo, hoje pecamos, muitas vezes, pela excessiva permissividade que, como sabemos, não é o caminho a seguir.

Mais uma vez, digo – não podemos deixar as crianças fazerem tudo o que querem. Há que impor limites, estabelecer regras, exigir respeito, fazê-las compreender qual o papel de cada um de nós, e mostrar-lhes que quem manda em casa são os pais, tal como na escola mandam os professores.

Mas não confundamos autoridade com autoritarismo. Ao contrário do que algumas pessoas ainda pensam, o respeito, a obediência e o cumprimento de regras básicas, não devem ser impostos a qualquer custo.

A autoridade é uma atitude inteligente, porque dialoga e justifica, mas é firme nos seus princípios e limites, dando segurança e criando pessoas preparadas para a vida, participativas e socialmente responsáveis. 

 

Atitudes impulsivas, perda de controlo e gritos em forma de ameaça só contribuem para que a criança fique ansiosa, angustiada, com muito medo e perca a segurança que tem nos pais, ao mesmo tempo que mostram mais desequilíbrio que autoridade por parte destes, que tentam desesperadamente fazer-se obedecer.

A violência verbal é tão ou mais agressiva que a física, diminui a auto-estima da criança, prejudica a imagem que a criança tem de nós, e deve ser evitada.

Uma criança cujos pais impõem respeito aos gritos, vai ficar com a percepção que é essa a única forma correcta de agir, já que os pais são o seu modelo de referência.

Há um provérbio que diz: "Se educas o teu cavalo aos gritos, não esperes que te obedeça quando simplesmente lhe falas. Só te obedecerá quando lhe gritares.”.

Adultos equilibrados despertam confiança, enquanto adultos impulsivos criam crianças impulsivas. Auto controlo e tolerância às frustrações são aprendizagens fundamentais à criança, para viver em sociedade, e devem vir, em primeiro lugar, do exemplo da família.

O segredo está, então, em conjugar firmeza com flexibilidade, adoptando um estilo democrático em que os pais têm, por um lado, regras e limites bem definidos e explicados à criança, aplicados com justiça e coerência, e por outro, uma atitude afectuosa, dialogante e de proximidade.

Apesar de, algumas vezes, não termos a paciência necessária que a situação ou a criança nos exige, uma vez que dias difíceis nos provocam, por si só, cansaço ou irritação, convém construir uma relação de amizade e respeito mútuos. E isso consegue-se, acima de tudo, falando com a criança de forma firme, mas sem gritar, chamando-a à atenção de forma adequada à sua idade, sendo persistentes, explicando às crianças o que podem e devem ou não fazer e porquê, bem como as consequências que os seus actos podem ter.

Devemos fazê-las entender como as pessoas se sentem quando não age correctamente, e explicar-lhes que não gostamos desse tipo de comportamento, apesar de as amarmos.

Nem sempre é fácil pôr tudo isto em prática quando estamos perante filhos rebeldes que nos testam a todos os instantes. Por vezes, temos mesmo que falar mais alto com eles, aplicar alguns castigos e pode acontecer perdermos o controlo, mas convém que não se torne uma forma constante de nos fazermos respeitar e às regras que impusemos. Uma coisa é perdermos a cabeça pontualmente, outra é educar sistematicamente aos gritos.

Por último, convém ter em conta que cada criança é diferente das demais, e a educação deve ser personalizada a cada uma delas.

Quando os pais tentam comprar os filhos

 

"Mckenna era uma menina que sempre fora habituada a ter tudo o que queria.

Os seus pais tinham um trabalho que lhes ocupava a maior parte do dia. Entre os papéis, os telefonemas e as saídas constantes para resolver problemas, pouco sobrava para estarem em família.

Num certo dia, Mckenna precisou de falar com eles sobre algo que a incomodava. Para variar, a única resposta que obteve, depois de uma tentativa frustrada de conversação, foi "querida, o que tu quiseres diz, que o papá compra".

Não era, de todo, o que ela queria ouvir. Mas que poderia ela esperar, se ela própria nunca se preocupou com nada que não fosse material, e se foi sempre essa a forma de os pais a recompensarem?"

 

Quem não conhece casos de pais que, pelos mais variados motivos, se vêem obrigados a estar durante longos períodos de tempo afastados dos filhos e, quando voltam, tentam compensar com presentes?

Quem não conhece casos de pais que, para evitar as típicas birras dos seus filhos e não se chatearem, acabam por os conseguir calar com recurso a prendas?

Se a situação em si já é grave, e prejudicial para estas crianças, torna-se ainda pior quando mãe e pai têm posturas diferentes em relação ao mesmo assunto. Quando um diz que sim e o outro diz que não, quando um concorda e o outro discorda. 

A criança toma consciência que, de cada vez que uma resposta não lhe agradar de um lado, pode contar com o outro lado para satisfazê-la.

Quem o faz, está a contribuir para que uma das partes passe a não ter autoridade nenhuma sobre o filho, passe a não ser tida em conta nas decisões, e seja considerada a "má da fita", enquanto a outra parte, que satisfaz sempre todas as vontades e pedidos, ganha pontos e fica bem vista! 

Muitas vezes, esta "arma" é utilizada como trunfo, em casos de filhos de pais separados.

A mãe não pode comprar aquilo, o pai compra! O pai não compra porque considera que não é necessário, a mãe dá!

É triste quando o amor, o respeito, a consideração e admiração de um filho têm de ser "comprados" com recurso a bens materiais e dinheiro. Tal como é triste que esse pai ou essa mãe se torne um modelo para os filhos, simplesmente porque lhes satisfaz todos os caprichos.

Educar uma criança para que cresça e se prepare para a vida e para o mundo, para que tenha regras, valores, e saiba o que é realmente importante, não é fazer e dar tudo o que eles querem.

Dinheiro nenhum substitui o amor que os pais podem e devem dar aos filhos. Presentes nenhuns substituem momentos únicos que podem ser vividos em família. Nada compensa todas aquelas horas e dias que nem sequer se lembraram que os filhos poderiam precisar dos pais. 

Como é óbvio, não me estou a referir aqueles que, por amor aos filhos e para lhes proporcionar melhores condições de vida, se vêem obrigados a fazer determinados sacrifícios como trabalhar longe, ter menos tempo disponível para estar com eles, nem tão pouco aos pais que gostam de mimar os filhos de vez em quando com um ou outro presente.

Refiro-me sim, aqueles que só se lembram de ser pais por conveniência, quando lhes apetece, ou que acham que basta ter dinheiro para honrarem o estatuto de pais!