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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Um mundo à nossa medida

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Chego à conclusão que vivemos num mundo à nossa medida:

Um mundo desumano, para os (des)humanos que nele habitam.

 

É o mundo que merecemos.

 

Um mundo que nos olha com a mesma indiferença (e descaso), com que olhamos para ele, e para quem dele faz parte.

Um mundo que nos trata com a mesma crueldade, com que o tratamos, e aos seres que nele habitam.

Um mundo que nos paga na mesma moeda, com que lhe pagamos.

Um mundo egoísta, na mesma medida em que os humanos o são.

Um mundo ingrato, perverso, injusto, tal como o são os humanos.

 

Este não é um mundo para seres vulneráveis, e desamparados, para quem se olha de lado, para quem se vira a cara, e as costas, sem nos preocuparmos com o seu sofrimento.

Este não é um mundo para seres puros, bondosos, que nenhum mal fazem, mas a quem os humanos insistem em fazer mal, por pura maldade.

 

Este é o mundo em que os humanos o tornaram.

Um reflexo de si próprios.

Um mundo que, à semelhança de um boomerang, lhes devolve tudo o que lhe atiraram.

Um mundo que, à medida que o vão destruindo, destrói igualmente, e ainda com maior facilidade.

 

É, no fundo, o mundo perfeito.

E, para aqueles a quem se torna difícil viver neste mundo cruel, com o qual não se identificam, e no qual não se reveem, resta esperar que, um dia, um outro mundo, melhor, lhes esteja destinado.

 

 

 

 

 

 

"Café de Gatos", de Charlie Jonas

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Digamos que, em primeiro lugar, adorei a capa!

Depois, gostei do título, simples e desprendido, sem desvendar muito. Meramente, "Café de Gatos".

Já visitei dois cafés do género, aqui em Portugal.

Agora, "viajei" até este, em Colónia, na Alemanha, através da leitura.

 

Voltando ao livro, e assim numa espécie de pregão, o que esperar dele?

Não uma, não duas, mas três histórias de amor. Pelo preço de uma!

Não um, não dois, mas 6 gatos, como elo comum entre as personagens principais - a Mimi e os seus filhotes! Portanto, muita fofura junta, numa única história.

Livros, como não poderia deixar de ser, num café de gatos que se preze.

Um pouco de história, e muitos passeios pela ilha de Ísquia, em Itália, onde se encontra, por exemplo, o Monte Epomeo.

E comida caseira, tradicional, herança de família, nomeadamente, os maravilhosos bolos da proprietária do café, feitos com receitas da sua tia Paula.

O que poderíamos querer mais?!

 

Tudo começa quando Susann decide fazer a sua última viagem, antes de uma cirurgia à anca.

Susann é viúva e tem, por única companhia, a gata Mimi.

E não a quer deixar com qualquer pessoa. Por isso, será a Leonie, uma professora francesa e sua vizinha, que Susann pedirá o grande favor de ficar com a sua bichana, por apenas alguns dias.

Só que Leonie não percebe nada de gatos, não tem jeito nenhum para lidar com Mimi, e Mimi também não aprecia muito dividir os seus dias com Leonie, fechada naquele apartamento.

Em desespero, Leonie pede à sua amiga Maxie, que adora gatos, que fique com Mimi, para bem da sua sanidade mental. Afinal, serão apenas alguns dias, e em breve tudo voltará ao normal.

Só que não...

 

Susann apaixona-se em Ísquia, e vai prolongando as suas férias, semana após semana, acreditando que Mimi está em boas mãos, e que Leonie não se importará de passar mais uns dias com ela. Aliás, mais à frente, Susann pondera mesmo deixar definitivamente Mimi com a sua vizinha, para poder viver a sua história de amor.

Já Leonie, que tem vindo a mentir descaradamente a Susann acerca de Mimi, tem cada vez mais dificuldade em desfazer a farsa, já que não quer estragar as férias da vizinha e, de qualquer forma, Mimi está nas suas "sete quintas", no café de Maxie!

Um café que era suposto ser normal mas que, com a chegada de Mimi, e com os filhotes que esta, entretanto, deu à luz, se transformou num café de gatos, com livros à mistura, que poderá ser, de certa forma, um porto de abrigo para alguns dos seus clientes.

Maxie ama Mimi, um amor que parece ser recíproco, e ela nem quer imaginar que terá que devolvê-la brevemente. Ainda mais, quando Mimi adora o espaço, e se sente a rainha do café.

E por falar em amor, tanto Leonie, que não tem sorte nenhuma nesse campo, dadas as suas relações anteriores, e Maxie, que se envolve com um impostor, vão encontrar o amor da forma mais inesperada que imaginariam.

 

Ou seja, este é um livro leve, e sem grandes enredos ou reviravoltas, com histórias de amor e finais felizes, como manda a tradição.

E com um miminho no final do livro, que é mesmo a cereja no topo do bolo, de um café de gatos que passou a trama toda a abrir-nos o apetite: algumas das receitas dos bolos feitos por Maxie, incluindo os tão famosos caracóis de canela!

 

É caso para dizer que este livro é como um bombom, e que a sua leitura nos adoça e nos deixa com água na boca, para além de reforçar, aos apaixonados por gatos, que temos muito a aprender com eles!

 

 

 

 

 

Sinopse:
 

"Susann está prestes a partir para Itália numas férias que poderão ser as últimas. Quando regressar, vai submeter-se a uma cirurgia que a impedirá de viajar durante muito tempo. É agora ou (provavelmente) nunca. Mas a ideia de deixar a sua querida gata Mimi com estranhos deixa-a desconsolada. É então que se lembra de Leonie, a vizinha com quem se dá tão bem. Estará a jovem professora disposta a aceitar o seu pedido? Com certeza que sim, afinal, a Mimi é um amor…

Leonie está familiarizada com as excentricidades das outras pessoas (principalmente se forem homens franceses), não com as de pequenos animais de estimação. Mas quando Susann lhe expõe o seu plano, ela não consegue recusar, pois tem a sensação de que a felicidade da vizinha depende demasiado daquela viagem.

Mas Leonie rapidamente percebe que ela e Mimi não fazem uma boa dupla: a gata parece fazer de propósito para tornar a sua vida num inferno, desde personalizar o sofá a destruir os frascos de verniz Chanel. E quando Susann decide prolongar as férias, Leonie entra em pânico e recorre a Maxie, a sua melhor amiga, que acaba de abrir um café. Pois Maxie também não consegue recusar um pedido de ajuda e aceita ficar com a gata. E é assim que Mimi e os seus bebés (sim, Susann vai ter uma surpresa…) tomam o café de assalto.

A vida destas três mulheres (e do café) não voltará a ser a mesma.

Porque a Mimi sabe o que nós humanos apenas intuímos: um gato muda tudo - para melhor, obviamente."

Desafio de Escrita do Triptofano #10

O adivinhador de sonhos

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No reino de Natura, havia um menino a quem chamavam o "adivinhador de sonhos", porque ele costumava, através das suas bolhas de sabão, imaginar os sonhos daqueles que o rodeavam, ainda que, raramente, acertasse em algum.

Mas ele não desistia e, por onde passasse, levava sempre consigo o que precisava, e distribuía bolhas coloridas pelo ar.

 

Um dia, ao passar por umas flores, ouviu a conversa entre estas, em que uma dizia às outras "Ah, como eu queria...", e logo o menino interrompeu, afirmando:

- Espera, não digas! Vou tentar adivinhar! 

 

E, ao formar a primeira bolha, disse:

- ... como tu querias ser uma Sakurasou (que simboliza “desejo” e “amor duradouro”), e ser apreciada num dos mais belos jardins japoneses!

 

Algumas flores riram-se de tal ideia, e disseram-lhe que tinha que apurar mais o seu poder.

O menino tentou de novo.

- ... como tu querias ser uma flor exótica, como a Alamanda, e estar agora na imensa floresta amazónica!

 

Perante a expressão que as plantas fizeram, percebeu que tinha errado de novo.

E, de novo, fez mais uma bolha.

- ... como tu querias ser um Saguaro e habitar no Deserto de Sonora.

 

- Oh rapaz, estás muito longe de acertar. Deixa-te disso.

- É desta, responde ele! - fazendo surgir uma bolha ainda maior no ar

... como tu querias ser uma King Protea, exuberante, de cores vivas, e deslumbrares os visitantes do jardim botânico Kirstenbosch da Cidade do Cabo!

 

E logo fazendo mais uma bolha, antes que lhe dissessem que continuava a errar:

- ou ser uma daquelas belíssimas tulipas num dos campos da Holanda!

 

Expectante, olhando para a flor, na esperança de, finalmente, ter acertado, compreendeu que a tarefa era mais difícil do que tinha imaginado.

A flor, com pena do menino, que tanto se esforçou, explicou-lhe então:

- Sabes, esse é o grande problema de vocês, humanos.

- Pensam sempre em coisas grandiosas, vistosas, famosas.

- Querem sempre viajar para ali, para acolá, achando que aqui nunca encontrarão nada que vos agrade.

- Eu sou o que sou, e como sou. Não quero ser outra. Gosto de mim assim. E gosto de estar aqui. 

- Quem me conhece, e está comigo, também me aceita como sou.

- O que eu estava a dizer, quando me interrompeste, era como eu queria que vocês, humanos, dessem mais valor àquilo que está mesmo à vossa frente, por mais insignificante que vos possa parecer.

- À simplicidade.

- Que percebessem que também podem ser felizes, sonhar e viajar, conhecendo o lugar onde estão, antes de ir para outros.

 

O menino, muito admirado com o discurso da flor, acabou por admitir que ela tinha uma certa razão.

- Já sei! - disse o menino

- Vou fazer mais umas bolhas. E nelas, vou "enviar" tudo o que de bom temos aqui no reino. 

- Assim, as pessoas que as virem no ar, ficam a conhecê-lo. Quem sabe não nos transformamos num destino turístico como os que há por esse mundo fora!

 

Pensa a flor, para com as suas folhas:

- Santo deus! Não percebeu nada!

 

 

Texto escrito para o Desafio de Escrita do Triptofano

 

Também participam:

Maria Araújo

Bruno

Triptofano

Maria

Bii Yue

Ana D.

 

 

 

 

 

 

 

Somos parte da Natureza...

(e agimos como ela)

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Porque é que não está sempre sol?

Porque a chuva também faz falta. 

Sem sol, não haveria chuva. E, sem chuva, não haveria sol.

Porque é que não nos sentimos sempre felizes?

Porque a tristeza também faz falta.

Sem felicidade, não haveria tristeza. E, sem tristeza, não haveria felicidade.

 

Podemos viver vários momentos felizes mas a verdade é que as outras emoções, tal como as gotas que se evaporam e formam as nuvens, também se vão acumulando e, quando percebemos, é necessário descarregá-las, tal como a chuva que cai. 

Um céu não está permanentemente coberto de nuvens, sem que o sol volte a espreitar. Da mesma forma, também não nos sentimos sempre tristes, em baixo, deprimidos, sem que a alegria nos volte a contagiar, e levar a melhor.

 

Um vulcão pode estar inactivo durante anos e anos. No entanto, volta e meia, ele entra em erupção. Da mesma forma que nós podemos manter a nossa calma e tranquilidade mas, um dia, podemos explodir.

Tal como o vento, mais suave, ou mais furioso, também nós, por vezes, nos mostramos mais ou menos agitados e, uma vez ou outra, levamos tudo à nossa frente. Ou somos levados.

Por vezes, tal como os trovões, levantamos a voz, discutimos, e as nossas palavras podem cair como raios, nos outros, ou as dos outros, em nós.

Mas, com a mesma rapidez com que acontece, também passa.

Não sem, claro, deixar a marca da sua passagem, do seu efeito.

Umas, mais vincadas e profundas que outras.

 

Também nós, à semelhança de um terramoto, estremecemos, trememos, abanamos o nosso mundo e o dos outros, por vezes, abrindo fendas que poderão não voltar a fechar.

Ou, tal como um tsunami, quantas vezes sentimos que nos vamos afundar naquela imensidade e força da água, contra a qual parecemos impotentes?

Mas, se sobrevivermos, cada um de nós aprende a reconstruir-se. 

 

Podemos estar mais murchos em determinadas alturas, sem ânimo, sem "vida", como as plantas que secam. Mas, noutras, algo nos faz ganhar de novo a vivacidade, arrebitar, voltar a dar e mostrar o melhor de nós.

 

No fundo, somos parte da Natureza. 

E, por isso, agimos como ela.

 

 

As mudanças que o coronavírus obrigou o mundo a implementar

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Ao longo da História, várias foram as situações pelas quais as pessoas desse tempo tiveram que passar, muitas delas catastróficas e mortíferas e que, hoje, todos nós estudamos na escola, ou ouvimos falar, noutros contextos.

Com esta pandemia do Coronavírus, quer queiramos, quer não, também nós vamos fazer parte da História que, um dia, os nossos descendentes irão estudar ou conhecer.

Acredito que, para a maioria de nós, isto é algo nunca antes vivido, e com um grande impacto não só em cada um de nós, como também na sociedade em que vivemos, e no mundo.

É algo que marca. Ainda que de forma negativa e assustadora, mas não deixa de ser um marco. 

 

Se este vírus "inteligente e agressivo", como diz Graça Freitas, foi criado por mão humana e o seu contágio foi intencional, ou se foi algo ocasional, ou a mãe Natureza a querer passar-nos alguma mensagem, não sabemos.

 

Mas cabe-nos a nós, humanos, tentar retirar de tudo isto, a nossa lição. 

Sobre aquilo que nunca pensámos fazer, de livre vontade, mas fazemos agora, obrigados.

Sobre aquilo que se poderia evitar, mas no qual nunca pensámos, e que agora temos que tentar combater ou resistir.

Sobre coisas que se poderiam há muito ter posto em prática, mas nunca houve vontade para isso e, agora, têm mesmo que ser.

Sobre novas formas de trabalhar, sobre novas formas de estudar.

Sobre facilitar o que pode ser facilitado, evitando burocracias desnecessárias. E sobre apertar aquilo em que havia demasiado facilitismo, quando deveria ser ao contrário.

Sobre apoiar mais, os que mais precisam, quando precisam (e que nem só agora precisam) porque, quando existe vontade, a ajuda consegue-se, e vem.

Sobre como temos tanto a ganhar, quando nos unimos, quando nos apoiamos uns aos outros. E não deveria acontecer apenas em situações de risco.

 

Infelizmente, quer queiramos, quer não, irá morrer muita gente por este mundo fora, por conta deste vírus.

Mas foi, também, assim, com outras maleitas, epidemias, pandemias, doenças, vírus e bactérias, que se foram descobrindo formas de as conter, curar, travar, evitar.

É assim que a ciência, apesar de estar, quase sempre, um passo ou mais atrás, vai evoluindo, não para os que já não podem dela usufruir, para para as gerações futuras.

 

Infelizmente, é assim que muitos de nós percebemos que a morte não escolhe raça, idade, estatuto social ou qualquer outra diferença. Aos olhos dela, somos todos iguais.

 

Infelizmente, foi preciso uma pandemia como esta, que está a matar seres humanos um pouco por todo o mundo, para que a natureza pudesse "respirar". 

 

Sim, apesar da situação dramática que vivemos, do perigo a que estamos sujeitos, e das consequências, a todos os níveis que iremos sofrer, acredito que, enquanto seres humanos, teríamos muito a aprender.

Mas também acredito que, quando tudo isto estiver mais contro lado, ou tiver passado, todos nós voltaremos a fazer o mesmo de sempre, como se nada tivesse acontecido porque, afinal, o que lá vai, lá vai.

A História só interessa a quem a estuda, e quem vive do passado, é museu.