A primeira visita a uma associação de animais
Nunca tinha entrado numa associação de protecção a animais, mas tinha uma ideia completamente diferente daquilo com que me deparei.
Estava à espera de encontrar uma responsável, que nos faria uma visita guiada pelas instalações, e nos mostraria os diferentes animais para adopção, contando um pouco da história de cada um deles, explicando como era, em termos de comportamento, cada um deles, e incentivando-nos a interagir com os mesmos.
Estava à espera de encontrar os animais numa espécie de "jaulas" grandes (não sei exactamente qual o termo certo), com espaço, como se fosse uma pequena casinha, dentro da casa grande.
Nada me preparou para o cenário que me surgiu pela frente.
Depois de alguns telefonemas para tentar encontrar a dita associação, lá demos com o edifício - uma casa de habitação, como outra qualquer, já com alguma idade.
Tocámos à campainha. Apesar de ainda há 2 minutos atrás termos dito que ali estávamos, perguntaram quem era.
Abriram-nos a porta, e tivemos que ficar encolhidos num quadrado minúsculo, para que a senhora pudesse fechar a porta da rua, e abrir então a outra, que nos dava acesso ao interior da habitação.
Assim que entramos, deparámo-nos com uma típica habitação, adaptada a gatil. Os gatos circulavam, de uma forma geral, livremente pela casa. Já havia lá outras famílias, também a visitar os bichanos com vista a adoção.
A senhora com quem tínhamos falado ao telefone, mostrou-nos então a gatinha que íamos ver. Estava dentro de uma espécie de gaiola, ainda que com uma abertura que dava para entrar e sair à vontade.
Disseram-nos para ficar à vontade.
Mas, acreditem, o que eu me senti ali menos foi "à vontade". Se não fizessemos perguntas, ninguém dizia nada. Uma das responsáveis, estava agarrada a uma das gatinhas (por sinal a mais mansa, mas que devido a uma grave operação ainda não pode ser adoptada), como se temesse que alguém lhe tocasse ou fizesse mal.
Mal nos podíamos mexer. Tentei pegar na gatinha que fomos ver, e assustou-se. Não queria colo. Aceitou algumas festinhas com pouca vontade. E não era nada parecida com a imagem que tínhamos visto. Tentámo-nos aproximar de outra, fugiu sem dar hipótese.
Depois, outra coisa que nos causou alguma impressão, foi o facto que todas as mais novas estarem com uma grande área lateral sem pelo. A responsável disse-nos que era da esterilização.
A Tica foi esterilizada e não a deixaram assim. O único sítio onde lhe raparam um pouco de pelo, e onde tinha o corte, era na barriga. Mas parece que é uma nova técnica, segundo disseram.
Estivemos lá 10 minutos, se tanto, não houve qualquer ligação especial aos animais, o ambiente era estranho e acabámos por sair dali.
Quando chegámos à rua, sentimo-nos aliviados! Como se nos tivesse saído um peso de cima.
É verdade que estas pessoas fazem o melhor que podem para salvar, e encontrar um lar para estes bichanos abandonados, e fazem-nos dentro das suas possibilidades e condições. Também é verdade que os gatos andam por ali à vontade, e parecem bem tratados. Mas pergunto-me se não seria mais saudável, ou viável, optar por famílias de acolhimento temporário.
Depois desta primeira visita, e experiência (que precisávamos mesmo de fazer), ficámos com duas certezas:
- a primeira, de que tão depressa não queremos entrar noutras associações;
- a segunda, de que ainda não estava na hora de adoptar outra gatinha!