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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Bem-vindo, Novembro!

(1 Foto, 1 Texto #57)

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Chegou Novembro!

Estamos a dois passinhos do final deste 2024, que está a passar à velocidade da luz, por muito que, diariamente, sintamos que o tempo demora a passar.

 

Hoje é dia 1, Dia de Todos os Santos, dia de Pão Por Deus. 

Há quem, neste dia do ano, vá ao cemitério visitar os mortos. Enfeitar as campas.

Muitos, acredito, só lá vão mesmo nesta altura, para manter as aparências.

Porque há que mostrar, aos que lá vão, que as campas dos seus entes queridos não estão abandonadas.

 

Eu, confesso, há muito que não vou ao cemitério. 

Neste momento, a prioridade é cuidar dos que ainda estão vivos. Como o meu pai.

E foi por isso que, neste feriado, o levámos a almoçar ao McDonald's, como ele há muito queria, e andava a pedir.

 

Tenho a certeza que a minha mãe, onde quer que esteja, compreende que o meu pai precisa mais de mim, neste momento, do que ela, que já cá não está.

E sim, hei-de ir, um dia destes, levar-lhe flores, como ela tanto gostava em vida.

Mas hoje, o dia foi de celebrar a vida, a família, os amigos, os pequenos bons momentos!

 

Texto escrito para o Desafio 1 Foto, 1 Texto 

Burocracias

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A semana foi passada, de ambas as partes, a tratar de burocracias.

Da parte dele, arranjar casa (e garanti-la). E tratar da transferência do serviço Meo para outra morada. 

A ideia era cancelar, uma vez que, para onde vai, já está incluído, mas já tinham passado uns dias do prazo para resolução. E eu não queria ficar com o serviço naquele valor. Acabou por transferir para a mãe.

 

Da minha parte, pedir um novo serviço Meo, mais barato, e com condições semelhantes ao que temos actualmente.

Negociar um novo tarifário de telemóvel, porque o meu era um abuso, e estou em contenção de custos.

E alterar a titularidade de uma das bichanas para o meu nome, uma vez que vão ficar as duas comigo.

Cresceram juntas, estão habituadas uma à outra, e a esta casa. Não fazia sentido separá-las. 

 

Temos conversado sobre a situação. Brincamos.

No fundo, desejamos que tudo corra bem ao outro nesta nova etapa que aí vem.

Desconfio que, se vacilássemos, ainda voltávamos atrás na decisão.

Mas, desta vez, precisamos mesmo de não vacilar. De ir em frente.

 

Há decisões que sabemos que são as mais acertadas, ou necessárias, e não devemos ter medo de enfrentá-las.

Ainda assim, o facto de ser "a decisão certa", não a torna menos dolorosa.

"Uma Dupla Vencedora", na Netflix

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"Uma Dupla Vencedora" aborda a história da violência doméstica na Índia, e o facto de não ser levada a sério, nem os homens serem condenados por tal, porque são "assuntos de família", resolvidos dentro do lar. Coisas normais entre casais.

Numa cultura em que é normal um marido torturar ou abusar da sua mulher, em que ninguém se atreve a apresentar qualquer queixa e, simplesmente, fecha os olhos, é difícil ter a coragem de contrariar essa mentalidade, e ver o homem condenado pelos seus crimes.

 

A história começa com a morte de uma mulher, que deixa as suas duas filhas, gémeas, Saumya e Shailee entregues ao pai, a lidar com a perda.

Saumya desde logo se mostra mais frágil, e Shailee ressente-se pela atenção especial dada à irmã, criando-se uma animosidade e rivalidade entre ambas, desde a infância até à actualidade.

Criadas longe uma da outra, Saumya é mais tímida, recatada, e sofre de depressão. Já Shailee, é uma mulher exuberante, provocadora, desbocada, que está disposta a tirar tudo à irmã, incluindo o homem por quem ela se apaixonou.

 

No entanto, por questões de negócios e aparências, Dhruv, apesar de preferir Shailee, acaba por se casar com Saumya. E começa o pesadelo dela, a partir do momento em que o marido a agride constantemente.

Obviamente, Saumya não o denuncia, não faz queixa, e afirma sempre que está tudo bem, e que se amam.

Não só porque sabe que não adianta rebelar-se, mas também porque não quer perder Dhruv para a irmã.

Que faz questão de estar sempre no meio dos dois, e criar ainda mais instabilidade.

 

Vidya é uma agente que está em Devipur, filha de um juiz e de uma advogada, que sempre esteve, como ela mesma diz "entalada" entre a palavra da lei, e o espírito da lei.

E, aqui, ela vai ter que decidir qual deles vai seguir.

Empenhada em ajudar Saumya, ela tenta de todas as formas que esta denuncie o seu marido, sem sucesso.

Até ao dia em que Saumya sofre uma tentativa de homicídio, em público, à frente de toda a gente, e não há mais como negar.

 

Agora, Vidya, que também é advogada, faz questão de tomar conta do caso, e tentar condenar Dhruv por tudo o que fez, ainda que este alegue que as coisas não foram assim, e que a sua mulher está louca, e é instável, desde a morte da mãe, tomando muitos medicamentos para o seu problema psiquiátrico.

 

O pai do acusado, é um ministro. Tem influência, e bons contactos para safar o filho.

Mas o juíz é uma mulher, o que poderá não ajudar à sua defesa.

Será Dhruv, desta vez, condenado?

Conseguirá Vidya a justiça para Saumya, e para todas as mulheres, abrindo um precedente?

E Shailee, ficará do lado da irmã, ou de Dhruv?

 

Como se não bastasse o suspense até aí, garanto-vos que o melhor foi mesmo guardado para o final!

Vale a pena ver  (e ouvir, porque a banda sonora também foi bem escolhida)!

Quando o céu se torna mar...

(1 Foto, 1 Texto #56)

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... e as nuvens se transformam em ondas.

 

Ondas que, por vezes, vêm para limpar tudo o que está a mais. 

Invadindo a areia, para levar todo o lixo que nela existe, deixando-a imaculada e purificada.

Habitando o céu, por momentos, para logo se recolherem, e o deixarem azul.

 

E que, outras vezes, trazem consigo tudo aquilo que não queríamos. 

Carregando para a praia aquilo que não pertence ao mar, e deixando lá, sem olhar para trás.

Da mesma forma que as nuvens enchem o céu, carregando-o e tornando-o sombrio e assustador.

 

Mas, uma vez ou outra, é nessas idas e vindas das ondas, e das nuvens, que somos surpreendidos. 

Seja por algo inesperado que "deu à costa", ou que, sem imaginarmos, surgiu no céu, e nos alegrou o dia.

Mostrando que, quase sempre, a natureza sabe o que faz, e cuida de nós. 

 

Ainda que nem sempre cuidemos dela...

 

Texto escrito para o Desafio 1 Foto, 1 Texto 

Catorze anos (e nove meses) depois...

27 mc carol se separa e diz q eh impossivel ser fe

 

... o fim.

Não foi a primeira vez que essa decisão foi tomada.

Mas será, certamente, a definitiva.

 

Foram muitas as tentativas, as oportunidades, a esperança, de as coisas ainda darem certo.

De tudo melhorar. 

Apenas para chegar à mesma conclusão de sempre: a de que a nossa, cada vez maior, incompatibilidade, em termos de feitios, personalidades, objectivos, forma de estar na vida e de encarar uma relação, impossibilita qualquer relação entre nós.

Não nos entendemos, e acabamos por entrar num estado de saturação, de acumulação de coisas que, de um momento para o outro, saem em catadupa, em tom, e de forma, nada simpáticos. 

A rotina levou-nos a melhor.

Éramos conhecidos a partilhar uma casa.

 

Depois de alguns desentendimentos camuflados tivemos, este domingo,  "a tal conversa". 

A constatação.

O pôr em palavras aquilo que ambos pensávamos.

O dizer em voz alta aquilo que andávamos a silenciar.

E, se é para terminar, que seja a bem.

 

Claro que, e quem já passou por isso pode confirmar, não é fácil.

É uma mistura de alívio, porque estava a ser desgastante para ambos, com frustração, por mais uma relação que não resultou.

É aquela sensação de paz e sossego, por estar sozinha, misturada com o receio de não gostar de, a longo prazo (e é o mais certo de acontecer), ficar sozinha.

É saber que não vale a pena estar juntos, se não somos felizes assim, e tristeza, por não termos conseguido dar a volta.

É o achar que, talvez, quem sabe, não morando juntos, as coisas venham a ser de outra forma e, logo a seguir, a certeza de que nunca será possível e que, enquanto relação amorosa, é o fim.

É o pensar que, apesar disso, ficamos amigos e, no instante seguinte, até isso parecer difícil. Até porque acredito que o afastamento vá sendo cada vez maior, até para não trazer lembranças, ou porque há que distanciar para seguir em frente.

É olhar lá para a frente, e pensar que aquele sonho de viver juntinho com alguém até ao fim dos dias, alguém com quem partilhar alegrias, tristezas, momentos, parvoices, pode não se vir a concretizar.

 

Ainda assim, é acreditar que o que tiver que ser, será. Que o que estiver guardado para mim, será meu.

Sem stress, sem pressas, sem sofrer por antecipação.

O que é difícil, porque não sou propriamente uma pessoa optimista.

 

Mas, agora, há que fazer o luto.

Há que pôr ordem estes sentimentos todos que por aqui andam, o nó na garganta, o estômago embrulhado, o adaptar-me à nova realidade.

E viver um dia de cada vez.

Porque, queiramos ou não, a vida segue...