Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada...
Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!
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Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!
Por vezes, aquilo que uma pessoa diz à outra, com um determinado intuito, acaba por ter um efeito totalmente inverso ao que se pretendia.
Em determinadas situações, trazer de volta um assunto (ou alguém) que já era suposto estar resolvido e ultrapassado, e pertencer ao passado, mencionando informações, apenas, para tentar dar alguma espécie de segurança ao outro, só cria, no outro, mais insegurança. Mais desconfiança.
Só levanta uma poeira que ia, aos poucos, assentando e, talvez, desaparecendo.
Só liga, de volta, os alarmes que estavam a tentar ser desactivados.
Ou seja, traz de volta tudo aquilo pelo qual o outro já passou, e não queria lembrar ou voltar a passar, como uma sensação de "déjà vu", uma repetição de algo que, definitivamente, o outro não quer de volta na sua vida.
Apesar de saber que era baseado em factos reais, não conhecia a verdadeira história, pelo que achei que seria algo diferente: uma mulher que casava e, a seguir, assassinava os maridos, ficando viúva de cada um deles, como se fosse coleccionando, e descartando maridos, passando ao próximo.
Mas, afinal, só houve um marido assassinado. E ela só enviuvou uma única vez.
Em Espanha, em 2017, María Jesús Moreno (Maje) e seu amante, Salvador Rodrigo, planearam a morte do marido de Maje, Antonio Navarro Cerdán. Com muita manipulação, mentiras, e poder de sedução, Maje conseguiu convencer Salvador de que era vítima de um marido abusivo, e que a única solução era matá-lo.
Só assim poderiam ficar juntos.
Obviamente, a história não era bem assim.
Maje era casada, mas divertia-se com vários outros homens.
Por sua vez, Salvador era casado, e tinha um filho. Mas a sua obcessão por Maje destruiu-lhe a vida.
Foram ambos condenados a longas penas de prisão, a de Maje agravada pela sua proximidade com a vítima, e a de Salvador reduzida por ter colaborado com a polícia.
Confesso que não gostei muito do filme.
E achei-o demasiado longo.
Contado de três perspectivas diferentes - a de Eva, investigadora, a de Maje e a de Salvador.
Não percebi muito bem a parte da Eva, nem qual o interesse de abordar uma parte da sua vida particular, que não chega a ser desenvolvida, e nem sequer era relevante para a história.
Ainda assim, ela é o "motor" de toda a investigação e, nesse campo, vale a pena vê-la em acção.
De resto, foi ver a Maje a conduzir a sua história, fazendo-se de vítima, viúva destroçada, enquanto ia planeando os próximos passos da sua vida, agora como mulher livre.
E Salvador, e deixar-se enganar, e a ser levado pela obcessão por Maje, a fazer exactamente aquilo que ela queria, assumindo toda a responsabilidade, no momento em que é descoberto.