Festas de pijama
A minha filha já foi, por duas ou três vezes, convidada para festas de pijama em casa de colegas da escola. Não a deixei ir.
Porque ainda é muito nova e tem muito tempo pela frente para dormir fora de casa, porque as colegas moram longe e não tenho como levá-la nem buscá-la (a não ser que o marido esteja de folga), porque não conheço bem os pais das colegas e tenho receio, enfim, são algumas das "desculpas" que lhe dou, e a mim mesma, para não a autorizar a ir às festas.
Na semana passada, recebeu um novo convite, desta vez da menina que conheceu na praia neste verão. E, sorte a minha, calhava na noite que ela ia passar com o pai. Não precisei de uma desculpa.
Mas se assim não fosse, mais uma vez os meus receios falariam mais alto. Se nunca a deixei ir a uma festa de pijama com colegas da escola com quem convive há cerca de 4 anos, e cujos pais, ainda que muito mal, conheço, como poderia deixar a minha filha passar a noite em casa de pessoas que vi meia dúzia de vezes na praia? Ainda por cima, a mãe da menina é escocesa e, inconscientemente, veio-me à memória o desaparecimento da Maddie. E junto a isso, as notícias que todos os dias nos chegam, de crianças abusadas por vizinhos, por amigos da família, por pessoas que nunca pensaríamos.
Claro que o perigo pode estar em qualquer lado, e não posso, simplesmente, fechar a minha filha numa redoma para que não lhe aconteça nada de mal.
Por isso, resolvemos fazer uma visita à menina no passado fim-de-semana. Só lá estava a mãe. O pai trabalha até tarde. Depois de conversarmos um bocadinho, deixámos a Inês lá durante cerca de uma hora, para brincarem as duas. Correu bem e a Inês gostou. E eu fiquei um bocadinho menos receosa, e a ponderar dar uma resposta positiva da próxima vez que a convidarem.