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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Uma “casa” longe de casa

 

Estávamos em pleno verão. O tempo estava quente mas, mais quente que o tempo, estava a minha bebé de apenas 4 meses, com quase 40 graus de febre!

Levei-a ao hospital local, onde me pediram que lhe desse banho para ver se a febre baixava. Não resultou. Com uma carta de recomendação, uma espécie de passaporte ou bilhete de entrada directa, dirigi-me então ao serviço de pediatria do hospital para o qual nos tinham enviado.

Tal como eu, havia mais mães e pais que aguardavam ser chamados, ou por resultados de exames e análises, e que se encontravam ali há horas.

Quando nos vemos nestas situações, temos que estar psicologicamente preparados para tudo – para a espera, para o mau humor de certos médicos, para vermos aquilo que preferíamos não ver.

Ainda hoje me lembro da minha pequenina a ser espetada na cabeça (procedimento perfeitamente normal mas que nem por isso deixou de me chocar) para lhe ser retirado sangue para análises, a chorar sem parar.

Depois de ouvir da médica que nem sequer lá deveríamos ter ido, porque era só uma febre de dois dias e não era possível saber o que tinha, lá receitou um antibiótico e regressámos a casa de madrugada. Foi uma situação rotineira, um susto, mas nada de grave.

Mas imaginem casos mais complicados, crianças com doenças graves ou prolongadas, que têm que se deslocar constantemente a hospitais, que muitas vezes ficam longe das suas casas, para receberem tratamentos, ou que se encontram hospitalizados. Podem ali permanecer dias, meses e até anos.

Imaginem o impacto que uma situação dessas pode causar na vida familiar dessas crianças.

Imaginem o estado psicológico dos familiares que passam a “viver” no hospital, a observar todo o tipo de situações que ali decorrem, muitas vezes dormindo em cadeiras, mal se alimentando, só para ficarem perto dos filhos.

Nem sempre esses pais têm condições financeiras que lhes permitam suportar os custos de um alojamento que, nem sempre, se localiza próximo do hospital.

Foi com o intuito de ajudar estas pessoas que surgiu o conceito de “casa longe de casa”.

Existem actualmente algumas instituições que o aplicam e criaram instalações para esse fim, tanto em Portugal como no resto do mundo.

Em Portugal, a Fundação Infantil Ronald McDonald foi criada em 2000, e a primeira Casa Ronald McDonald construída junto ao Hospital D. Estefânia, em Lisboa.

Nesta casa, tudo é feito para que as famílias das crianças se sintam como se na sua própria casa estivessem, funcionando como um refúgio permanente em ambiente familiar, onde podem contar com apoio moral, conforto, ajuda, carinho e atenção, promovendo e realizando iniciativas que contribuam tanto para o bem-estar das crianças, como das suas famílias.

A casa é constituída por quartos individuais, casas de banho, cozinha onde podem preparar as suas refeições, lavandaria, salas de estar e jantar.

É uma forma de os pais e familiares das crianças internadas ou em tratamento as acompanharem nesse processo, contribuindo para uma mais rápida recuperação das mesmas.

Actualmente, existem mais de 200 Casas Ronald McDonald espalhadas por todo o mundo.

Como qualquer instituição, estas casas dependem de donativos, campanhas e eventos, do trabalho voluntário, e acções de consciencialização e angariação de fundos, para que possa continuar a ajudar aqueles que precisam.

E porque nunca se sabe se algum dia iremos precisar de recorrer a uma casa longe da nossa casa, aqui fica a mensagem!