Recordações...
“Está na hora de te desfazeres de todas as minhas coisas. Não precisarás de nenhuma delas para te lembrares de mim…Eu estarei sempre contigo, na tua memória, no teu pensamento, e no teu coração! É aí que me guardarás e recordarás…”
Quando li isto, pensei: se eu estivesse no lugar dela, não sei se iria conseguir cumprir esta missão.
É certo que não precisamos de recordações (materiais) para nos lembrarmos daqueles que amamos, nem para os mantermos presentes no nosso pensamento e no nosso coração.
Mas também é verdade que, até mesmo as recordações materiais, podem ter um valor sentimental.
E eu sou daquelas pessoas que gosto de guardar tudo: a rolha de uma garrafa de espumante, aberta naquela ocasião especial, o postal do dia dos namorados, objectos preferidos, aquela velha peça de roupa…
Podem ser apenas meros objectos, mas cada um deles tem a sua história, e cada um deles faz-nos relembrar sentimentos e emoções que fizeram, em algum momento, parte da nossa vida e da nossa própria história!
À medida que os vamos de novo descobrindo, um a um, voltamos a reviver cada uma dessas experiências, regressando a um passado que desejávamos não ver apagado.
Pegar em todas essas lindas lembranças, e colocá-las em caixotes, sabendo que nunca mais voltaremos a vê-las (porque a pessoa a quem pertenciam não está mais entre nós para usufruir delas, e nos incumbiu dessa penosa tarefa), não seria, pelo menos para mim, nada fácil!
Embora compreenda que acaba por ser benéfico dar esse passo, para podermos seguir com a nossa vida, é um facto que, quando amamos, custa sempre desfazermo-nos de algo que pertencia a pessoas para nós tão especiais e importantes, não pelo seu valor material, mas pelo valor emocional!