Atendimento Público
Ao fim de 12 anos, a trabalhar como assistente administrativa, neste escritório, aprendi várias coisas.
A primeira é que, como em tudo na vida, nunca conseguimos agradar a toda a gente! Há clientes que nos consideram simpáticos e outros que dizem que somos mal-educados. Há clientes que saem daqui com uma excelente impressão, e satisfeitos com o trabalho prestado pelo meu patrão, enquanto outros reclamam e vão fazer queixas à concorrência!
A segunda foi aprender a saber esperar, por vezes horas, para ser atendida nos diversos serviços públicos a que tenho que me deslocar em trabalho. E para mim não será muito difícil porque, afinal, faz parte do trabalho. À partida, não tenho que me preocupar com o horário, porque estar ali será o mesmo que estar no escritório. Pior será para aqueles que têm que faltar ao trabalho para ali estar. De qualquer forma, é preciso paciência para esperar pela nossa vez, quando sabemos que nesse tempo poderíamos adiantar diversos assuntos que deixámos pendentes. É preciso calma para observar determinadas situações e não perder as estribeiras, quando assistimos a funcionários que “pedem licença a um pé para mexer o outro”, que se põem na conversa em vez de nos atenderem, que “não estão ao balcão para ninguém” mas levantam-se imediatamente para fazer um favor especial a alguém conhecido ou familiar.
A terceira é perceber que, por mais boa vontade que os funcionários até tenham, torna-se difícil fazerem agora o mesmo trabalho, que antes era executado pelo dobro dos funcionários, principalmente quando, quem está à frente desses serviços, não consegue pôr alguma ordem e organização, zelando pelo bom funcionamento do serviço e pela mínima satisfação de quem dele precisa, e a ele se vê obrigado a recorrer.
Por último, cada vez mais me convenço que deveria haver uma espécie de teste psicológico para todos os funcionários, ou aulas de formação para lidarem com o público! É que está mais que provado que grande parte desses funcionários não tem capacidade para exercer convenientemente essa função. Alguns esquecem-se que estão a receber um pagamento pelo serviço que prestam, dão a ideia que estão ali por obrigação, quando lhes apetecia estar noutro lado qualquer. Muitas vezes, deixam a sua vida pessoal e os seus problemas interferirem no trabalho, ou estão simplesmente num mau dia, ou de mau humor.
Talvez até tenham motivos, talvez algum cidadão não tenha agido de forma correcta e a pessoa esteja aborrecida e exaltada. Mas quem chega a seguir e até fala educadamente, não tem culpa, e não tem que levar com respostas “tortas” e falta de profissionalismo!