Inesperadamente...
Numa relação amorosa, ambos os protagonistas deverão ser, além de namorados, também amigos e companheiros. Duas pessoas que podem expor os seus sentimentos, que conseguem conversar e dialogar, que têm liberdade para demonstrarem aquilo que está mal, e que sabem resolver as suas diferenças.
Fez, no passado sábado, 2 anos e 5 meses que começámos a namorar. Depois de muitos altos e baixos, parece que encontrámos o ponto de equilíbrio, e continuamos juntos. Por tudo o que já passámos, ambos concordámos que a nossa relação está mais sólida, o nosso amor está mais forte, e nós estamos mais unidos que nunca!
Ainda no sábado, conversávamos sobre o facto de nem sempre podermos, por circunstâncias das quais nenhum de nós é culpado, estar juntos. De facto, o tempo que temos é pouco, a nossa vida neste momento não nos permite que seja de outra forma, mas sabemos disso, compreendemos e não é por isso que vamos desistir.
Por isso, fiquei surpreendida quando ele ontem me disse que precisava de falar comigo sobre o tempo, ou a falta dele.
Ora, se eu sou namorada e amiga, gosto que ele me diga o que sente, e é preferível falar do que guardar para ele.
O que se passa é que, como temos tão pouco tempo, nem sempre ele consegue falar comigo tudo o que queria. Ficam sempre coisas por dizer e isso provoca-lhe (nas palavras dele) um grande vazio, porque gostava de ter alguém para conversar.
Até aí, tudo muito bem. Compreendo perfeitamente porque, nos bocadinhos que falamos, muitas vezes fala ele, e eu acabo por não falar o que queria, e outras falo eu, e quando chega a vez dele acabou-se o tempo.
Mas daí a dizer que eu peco um pouco no sentido de, quando estamos com a minha filha, lhe dizer a ele para ir brincar com ela, quando ele queria estar a falar comigo, a dizer que eu o quero “moldar”, só porque lhe disse que ontem precisava de dormir porque hoje tinha que acordar cedo, e não podia estar na conversa até tarde como é costume, a dizer que ele quer estar numa relação em que possa ter uma namorada e amiga com quem possa conversar, e que se não tem, as coisas não vão resultar…
Claro que me senti mal – afinal, pensava que estávamos melhor que nunca e que, apesar de lamentarmos a falta de tempo, compreendíamos que isso não dependia de nós. Mas, com aquela conversa, só me estava a mostrar que ele não estava bem na relação.
Depois pediu-me desculpa – não era aquilo que ele queria dizer – só queria que eu soubesse que ele gostava que tivéssemos mais tempo para conversar.
Ainda assim, mesmo concordando que, se ele não se sente bem, deve dizê-lo, continuo a considerar a conversa despropositada.
Sempre que ele precisa de desabafar, eu estou lá para o ouvir. Quando tem boas notícias para contar, ele conta. Quando precisa de uma palavra ou um gesto de apoio, eu dou. Quando está feliz, eu celebro com ele. Sempre que tenho um tempinho livre, ligo-lhe. Mas a verdade é que eu tenho uma filha que também merece a minha atenção, trabalho o dia todo e nem sempre posso atender o telemóvel, tenho coisas para fazer quando chego a casa, e por vezes não dá mesmo para falarmos.
Talvez esse pouco tempo não chegue para tudo, mas é o que temos…é o que eu posso dar…