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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Bom senso ou descomprometimento?

 

Estão a ser denunciados casos de técnicos da Segurança Social que aconselham jovens grávidas carenciadas a abortar, apesar de as mesmas manifestarem o desejo de ter os filhos. A denúncia é feita por associações da sociedade civil, que asseguram haver casos em que é dito às mães que a consequência de prosseguirem com a gravidez será ficarem sem a criança.

Muitas vezes, são adolescentes que estão institucionalizadas e que são pressionadas para abortar. E se levam a gravidez até ao fim, ignorando os "conselhos" dados, podem ver os seus filhos retidos nos hospitais, ou serem, também eles institucionalizados.

Há uma ideia de que mães adolescentes são incapazes de ficar com os bebés e, por isso, devem ser retirados. No entanto, algumas instituições foram criadas precisamente para prestar ajuda a estas jovens mães. Que podem ser óptimas mães. Retirar-lhes os filhos nem sempre será a melhor ajuda prestada. 

Há ainda, um certo preconceito na base de muitas intervenções da Segurança Social, que levam a intervenções extremas no planeamento familiar, nomeadamente pressão junto das mulheres africanas para laquear as trompas ou para colocar implantes contraceptivos subcutâneos. 

 

A verdade é que, como em tudo na vida, também na questão da maternidade deve prevalecer o bom senso. Se não existem condições mínimas, seja de que natureza forem, será um erro levar adiante uma gravidez. Tal como não se deve ter filhos a pensar que alguém, alguma instituição ou alguma associação nos vai dar tudo aquilo que não temos e iremos necessitar.

E se, quanto a um primeiro filho, ainda é compreensível que as mães não queiram seguir a via do aborto, para os restantes, já começa a ser complicado.

Por muitas instituições que existam para as ajudar, e por muito boa vontade que tenham, acaba por se tornar insustentável dar apoio a mães que não encaram a maternidade de forma sensata e responsável, insistindo em ter, por descuido ou intencionalmente, filhos atrás de filhos, sabendo que não têm condições para tal, partindo apenas do pressuposto de que as instituições estão lá para isso mesmo. 

 

No entanto, na minha opinião, existem aqui várias questões que se colocam:

 

Por um lado, há uma tentativa de incentivar a natalidade para contrariar a tendência de aumento da população envelhecida no país. Por outro, incentivam a controlar a natalidade e evitá-la.

 

Por um lado, há uma crítica ao aborto e a quem o pratica. Por outro, há um incentivo ao mesmo.

 

Por um lado, criam-se instituições para ajudar as mães adolescentes, psicologica e financeiramente, a criarem o seu filho. Por outro, dizem-lhes para não terem esse mesmo filho, como se não pudessem ajudar ambos simultaneamente, resultando como consequência a separação.

 

E, assim, resta-me uma dúvida, pertinente ou não: estes "conselhos" regem-se exclusivamente pelo bom senso, ou são uma forma de descomprometimento para com estas mães?... 

 

 

 

 

 

A lei do silêncio

 

De há uns tempos para cá, são vários os casos, que se têm sucedido, de violações na Índia. Em comum, têm o facto de terem conseguido gerar uma onda de indignação e revolta. Já para os familiares das vítimas, há uma certeza - as condenações por tais crimes tarde ou nunca virão.

Muito comuns no país em questão, esse crimes são muitas vezes abafados para proteger a honra da família ou por medo de represálias. A questãoé que a cultura indiana culpa a vítima nas questões relacionadas com crimes sexuais. O governo e os agentes policiais alegam que a maioria dos violadores não pode ser processada na Índia, porque, são conhecidos das mulheres atacadas, que muitas vezes, na sua opinião, estão "a pedi-las" devido ao facto de circularem na rua a qualquer hora. Ou seja, as próprias mulheres, são acusados pela violência sexual praticada pelos homens contra elas, enquanto os violadores não são responsabilizados.

Por tudo isto, as mulheres que vão à polícia são aconselhadas a não apresentarem queixa.

Por outro lado, o sistema indiano de combate ao abuso sexual é inadequado. Não há garantia de protecção para as crianças e as pessoas acabam por perder a pouca fé que lhes resta. Muito dificilmente, um menor abusado sexualmente (ou parente da vítima) denuncia o caso ou pede ajuda. Mas, quando isso acontece, as autoridades indianas, em vez de tratarem esses casos com sensibilidade, costumam frequentemente humilhar e voltar a traumatizar às vítimas, que são desprezadas ou ignoradas pela polícia, por médicos ou por outras autoridades.

Não é pois, de admirar, que para muitos indianos a sua paciência e passividade tenha acabado. Nem são de estranhar os protestos e as manifestações cada vez mais violentas para exigir que o governo garanta a segurança das mulheres e crianças, e pare de tratar os violadores com impunidade.

Já está mais que na hora de quebrar o silêncio!