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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

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A geração "grisalha"

 

Afirmou o economista e antigo ministro das Finanças, Silva Lopes, que "a geração grisalha não pode estar a asfixiar a geração nova da maneira como tem feito até aqui. Não pode ser.".

Então os idosos de Portugal é que estão a asfixiar os jovens? Só se for a geração grisalha de políticos e governantes que não fizeram mais que roubar a quem não tem, desgovernar em vez de governar, e contribuir, esses sim, para a asfixia que agora estamos nós a sofrer e, provavelmente, as próximas gerações.

Se há alguém a asfixiar a geração nova, são aqueles que estão no poder, são aqueles que ganham salários exorbitantes, são todos os que acumulam duas reformas enquanto outros nem a uma têm direito, aqueles que as recebem sem nunca terem trabalhado, os que estão de baixa sem nunca estarem doentes, os que se encostam à sombra da bananeira dos subsídios de desemprego, rendimentos mínimos e afins...

Se há algo a nos asfixiar, é esta política de austeridade cega e sem limites que, a cada dia, nos atira para o abismo da pobreza, do desespero, da falta de esperança...

Agora, a geração grisalha a que este senhor se refere, aquela que sempre trabalhou e descontou uma vida inteira, para assegurar uma reforma que lhe permitisse ter uma velhice tranquila, essa não pode, de forma alguma, ser culpabilizada pela asfixia dos seus filhos, netos e bisnetos.

Nem tão pouco é justo que queiram sobrecarregar os idosos com cortes e mais cortes na reforma a que têm direito, usando uma desculpa tão "esfarrapada".

É quase como pagar um seguro de saúde todos os anos, para depois chegar a um ponto em que não temos direito a nada do que o seguro oferecia, porque alguém mais novo precisa desses benefícios. É quase como se os reformados estivessem a receber algo que não lhes pertence, a roubar os mais novos.

Diz Silva Lopes "Eu sou pensionista, sou da geração grisalha, quem me dera a mim que não toquem nas reformas, mas tocam, vão tocar e eu acho muito bem. Não há outro remédio". Pois eu também achava muito bem que começassem a cortar nas reformas milionárias que alguns srs. como este recebem, se isso ajudasse outros que mal têm dinheiro para sobreviver. Infelizmente, os prejudicados são sempre os do costume, aqueles que já pouco ou nada têm. Por muito pequenos que sejam os cortes, se aos ricos não vai fazer diferença, o mesmo não se pode dizer da maioria dos portugueses.

Que, na opinião deste e de outros senhores, Portugal não é um "país para velhos", já nós sabemos. Também sabemos que, se pudessem, e estão a caminho de o conseguir, embora por outros meios mais politicamente (in)correctos, a geração grisalha seria rapidamente exterminada.

Mas é graças a esta geração grisalha, que estamos cá hoje. E essa geração grisalha, já fez pelo nosso país aquilo que muitos jovens hoje em dia não fazem.

Afirma ainda Silva Lopes que "se nós temos a Constituição e a interpretação do Tribunal Constitucional a impedir estas coisas, isto rebenta tudo". E eu pergunto-me: tudo, o quê? e para que lado?

É que, possivelmente, se a Constituição e a interpretação do Tribunal Constitucional não impedirem estes abusos e usurpação contínua de direitos, somos nós, portugueses, classe média e pobre, que vamos rebentar! E acredite, Sr. Silva Lopes, que quando isso acontecer, não iremos rebentar sozinhos. Porque "um imperador sem povo e sem reino", não é nada...