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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Os Beppe Grilos de Portugal


"Beppe Grillo? 'Nós já temos um palhaço. Chama-se Cavaco Silva" - afirmou Miguel de Sousa Tavares, em entrevista ao Jornal de Negócios, quando lhe perguntaram se temia que aparecesse algum palhaço aqui. 

 

Foi atrás da pergunta, diz ele, mas já se arrependeu! Acontece a todos, Sr. Miguel! As palavras saem desgovernadas pela boca num momento, e no outro estão estampadas na primeira página de um jornal.

Agora, arrisca-se a ser condenado por crime de ofensa à honra do Presidente da República. Foi o próprio presidente que requereu a análise das afirmações ao Procurador Geral da República.

E pergunto-me eu se, pela lógica, não teriam que ser analisados, à luz da mesma lei, programas televisivos como o Contra Informação, Contrapoder e outros em que, nitidamente, se goza com os governantes do país, incluindo o Exmo. Sr. Presidente Aníbal Cavaco Silva.

Ou quem sabe todos os blogs, plataformas e sites na internet onde o que não faltam são declarações semelhantes ou bem mais graves à sua pessoa.

Somos uma democracia, temos direito à liberdade, e liberdade de expressão, de "exprimir e divulgar livremente o nosso pensamento pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio", sem impedimentos nem discriminações, sem censura. Mas, se o fizermos, arriscamo-nos a cometer infracções que acabam condenadas como crimes de ofensa.

Afinal, liberdade é, também, e acima de tudo, possibilidade de escolha: escolher se, quando e em que contexto e circunstâncias podemos ou devemos dizer o que nos vai no pensamento para todos verem, ou simplesmente, guardar para nós.

E há tantos Beppe Grilos neste país!  

 

Mutiladas

 

“Nunca deixarei que façam o mesmo à minha filha”

“Não nos tiram só um bocado de pele, arrancam-nos a alma”

 

Maria, Ana, Inês, Alice (nomes fictícios)…mulheres iguais a tantas outras, mas a quem um dia lhes foi arrancado um pedaço dos seus corpos, das suas almas, dos seus sonhos, da sua alegria de viver. No seu lugar existe, desde então, uma vida de revolta, vergonha, dor, tristeza e pesadelo, que dificilmente irão ultrapassar…

A justiça? Essa é complicada! Os três casos de mutilação genital que, até hoje, chegaram aos tribunais portugueses, foram arquivados por prescrição, por falta de provas ou, simplesmente, porque a mutilação não foi considerada ofensa grave, nem qualificada como crime de natureza pública!

É duro e inaceitável que crianças, arrastadas por familiares (normalmente as mães ou avós) contra a sua vontade, imobilizadas por não sei quantas outras mulheres, mutiladas a sangue frio com tesouras, lâminas ou facas, sem quaisquer condições ou apoio médico, não se possam sentir, de alguma forma, justiçadas com a condenação destes monstros para quem, a cultura, a religião, a tradição e a “honra”, servem de justificação válida para este tipo de crime.

Grande parte das mutilações ocorre no país de origem, para onde levam as crianças, normalmente no período das férias.

Essas crianças, mutiladas em idades cada vez menores, para não chamar atenção das autoridades, tornaram-se mulheres mas, tanto física como psicologicamente, sentem-se menos mulheres. Menos mulheres porque sentem dores, porque têm vergonha do seu corpo, porque muitos homens se afastam e as rejeitam ao saberem o que lhes foi feito, porque não conseguem ter prazer durante as relações…

Mulheres que sofrem até hoje, e que recusam fazer as suas filhas passar pelo mesmo terror…E, só por isso, já são grandes mulheres!