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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Sobre os casais que adoptam crianças…

…e depois as querem devolver!

 

 

Tenho uma única filha. Biológica. Até aos dois anos, sempre foi uma criança sossegada. A partir daí, mudou. Com a separação dos pais, ficou pior. Entre os 4 e os 7 anos, foram várias as birras que fez, só para testar os meus limites. Eu era a mãe, era comigo que vivia, era eu que lhe dava educação, que impunha regras, que não lhe satisfazia todas as vontades. O pai era um aliado! E eu, a má da história!

As birras começavam por nada em especial, mas começavam, e quase sempre acabavam mal. Muitas vezes a tive que arrastar de casa dos meus pais até à nossa, muitas vezes atirou com coisas, deu pontapés no que lhe aparecia à frente, tentou bater-me…Muitas vezes me disse que não gostava de mim, que eu era má, que queria ir viver com o pai, que preferia que eu morresse… Muitas vezes me enervei, chorei e pensei em lhe fazer a vontade, porque já não aguentava mais…

Mas não o fiz. Procurei ajuda para saber como lidar com toda essa situação, e aprendi a impor-me, a controlar-lhe as birras, a não mostrar o quanto isso me afectava. Hoje, com 9 anos, ainda tem uma ou outra birra, comum a todas as crianças, mas nunca voltou a ter aquele comportamento agressivo e revoltado.

Afinal, e como eu costumo dizer na brincadeira, “um marido podemos sempre despachar, mas um filho é para a vida”!

É esse pensamento que deve ter em mente quem pretende adoptar uma criança. O problema, é que nem sempre os casais que adoptam vêem essas crianças como seus filhos biológicos. Não é que os pais biológicos não abandonem os filhos, porque muitos o fazem. Mas, por norma, os “verdadeiros pais”, aqueles que sabem o real significado dessa palavra, nunca abandonariam um filho. E conheço pais adoptivos que foram mais “pais” que os biológicos.

O que acontece é que, não raras vezes, quem adopta, não está realmente preparado para esse passo, embora o pense. E só se apercebe disso depois de já ter a criança consigo. Ou não se apercebe. Provavelmente consideram-se óptimos pais. A culpa será da criança que é mal comportada, que tem problemas, que não teve uma infância fácil, que não é perfeita, que não é de todo o que tinham imaginado. Mas isso é algo que se resolve com facilidade: já que é um período experimental, devolve-se a criança. Ou troca-se por outra. Já que têm essa possibilidade, porque não aproveitá-la?!

E assim se reduz, de certa forma, uma criança a uma mercadoria, a um peso, a um objecto que afinal chegaram à conclusão que não querem e trocam por outro. Algo que, possivelmente, nunca fariam com um filho biológico. Escolhem o caminho mais fácil.

Mas que disse que ter um filho seria uma tarefa fácil. Nunca o foi, e nunca o será! Talvez para alguns casais não seja tão difícil do que para outros mas, definitivamente, fácil não é. E, se não estiverem cientes disso, então é preferível não iludir estas crianças que, tal como as outras mas, normalmente, mais sofridas, apenas querem uma família que as aceite como são e que as ajude a minorar ou ultrapassar os traumas do passado. Isso implica uma luta diária constante. E implica determinação, perseverança, educação, apoio, regras, limites, dedicação e, acima de tudo, amor!