Ricos de Portugal (e não só), vamos lá ser solidários!
Uma pessoa necessitada bate à porta de uma família pobre. Uma família que trabalha de sol a sol mas que, ainda assim, não tem muito para dar. Que vive com o pouco que tem, conseguido pelo seu esforço e luta. Essa família, convida a pessoa necessitada a entrar e fá-la sentar à mesa, dividindo com ela o pouco que tem. Quer seja algo para comer ou matar a sede, um abrigo para passar a noite, uma roupa mais quente ou meia dúzia de moedas, essa família trata essa pessoa como igual, acolhe-a, é solidária dentro das suas possibilidades e ajuda o próximo. Agora, o que aconteceria se essa mesma pessoa batesse à porta de uma família abastada? Talvez chamassem os seguranças para a tirar dali. Ou talvez não. Talvez lhe dessem os restos da refeição, ou as mesmas moedas que lhe tinha dado a família pobre…
No que a determinados serviços diz respeito, aqueles com menos dinheiro, que a eles recorrem, tentam pagar como podem e, se não podem pagar em dinheiro, querem pagar muitas vezes em géneros. Os que podem pagar fazem-se, algumas vezes, esquecidos e só se lembram quando são, de alguma forma, advertidos para tal.
A maioria da população portuguesa não é propriamente rica. Na verdade, estamos cada vez mais pobres. Mas, sempre que se fazem campanhas, programas ou outro género de angariação de fundos para as mais variadas causas, estamos lá, e damos o nosso pequeno contributo. Nem que seja com uma simples chamada. O que fazem, nessas alturas, os milionários de Portugal?
Estes são apenas alguns exemplos e, como é óbvio, há excepções. Mas um estudo, realizado pela Universidade Católica e pelo Instituto Luso-Ilírio para o Desenvolvimento Humano, revela que os portugueses com mais habilitações e mais dinheiro são, de uma forma geral, os menos solidários. Que “os que mais têm materialmente, são os menos disponíveis para ajudar os outros ou lutar por uma causa nobre”. Quanto mais instrução têm, mais propensos são os jovens a ocupar lugares de liderança, a serem apenas activos e competentes. É essa a educação que lhes é transmitida. E, muitas vezes, acomodados ao seu crescente bem-estar e sucesso, têm dificuldade em partilhar.
Mas, como diz, e muito bem, Xavier de Carvalho “Não podemos educar apenas bons técnicos. Arriscamo-nos a ter ladrões competentes”.
O estudo revela ainda, curiosamente, que as pessoas mais infelizes são as que ganham menos de 500 euros e as que ganham mais de 4500 euros, o que nos leva a pensar que, talvez, se os segundos - mais ricos e, logo, menos solidários – partilhassem mais com os primeiros, seriam todos mais felizes!
Por isso, ricos de Portugal, em nome da felicidade, vamos lá ser solidários com quem mais precisa de vós!