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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Grande Mulher

 

Comprado e Lido!

Se valeu a pena? Sim!

Aquilo que mais me desagrada no livro, e não é dos maiores que tenho lido, é a autora estar constantemente a repetir as mesmas coisas. 

Ainda que seja uma forma de reforçar a ideia, e porque na vida real este tipo de acontecimentos também se repete constantemente, não era necessário, e torna a leitura um pouco cansativa.

Fora isso, foi bem conseguido. Não é um livro que fala, exclusivamente, sobre distúrbios alimentares ou como esse facto prejudica a saúde, nem a história de uma luta contra esse problema, embora ele esteja presente e seja um dos factores.

É, antes de mais, uma história sobre pais que não nasceram para ser pais.

Pais que discriminam os filhos, dando todo o seu amor a uma, esquecendo a outra.

Pais que acham que estão a agir bem, mas não sabem o mal que fazem.

Pais cujos ideais estão errados, ultrapassados, obsoletos.

Pais que vivem preocupados com as aparências, com dinheiro, com sucesso, mas esquecem o principal na realação entre pais e filhos.

Victória foi a primeira a vir ao mundo. Eles queriam um rapaz, mas veio uma menina, que em nada se parecia com eles. O nome foi escolhido em homenagem à rainha Victória. Não por considerarem a filha a "rainha" das suas vidas, mas porque era feia e matulona.

E foi com estes adjectivos, brincadeiras parvas do pai, e rejeição, que Victória cresceu.

Quando ela tinha sete anos, um acidente trouxe outra menina - Grace! Esta sim, era uma verdadeira princesa, linda e graciosa, e digna de ser amada! Como disseram os pais, "Victória foi a fornada experimental".

A partir daqui, Victória e Grace vão ser criadas pelos mesmos pais mas como se tivessem tido, toda a vida, pais diferentes.

Um facto curioso é Victória nunca ter tido ciúmes, nem inveja, nem raiva da irmã. Eu não sei se seria tão generosa embora, de facto, a irmã não tenha culpa de nada. Mas a verdade é que sempre foram unidas, e Victória sempre foi quase uma mãe para ela.

Victória escolhe cedo o seu próprio destino, destino esse que passa por se afastar cada vez mais dos pais, embora eles continuem a exercer uma influência negativa na sua autoestima. É essa influência, e a baixa autoestima, que vão fazer Victória enveredar por dietas que não resultam, aumentos e perdas de peso, altos e baixos constantes na sua vida, tanto a nível físco como emocional.

E, se no caso de Victória, a falta de amor, compreensão e apoio por parte dos pais não foi benéfica, o seu excesso em relação a Grace também não. A partir de uma certa altura, Victória e Grace vão chocar.

Mas cada uma tem que viver a sua vida, e Victória terá que deixar Grace aprender com as cabeçadas que der.

É a história de uma grande mulher que, aos poucos, e com a ajuda de quem realmente gosta dela e a quer ver bem e feliz, vai ultrapassar o estigma que, toda a vida, a regeu: que não encaixa em lado nenhum, que a sua inteligência não lhe serve para nada, que nunca há-de ser ninguém, que é uma matulona que ninguém deseja, de que não é alguém digno de ser amado.