Podes ficar feliz por mim, mãe?
"Recebi hoje as notas das últimas fichas de avaliação que fiz - Bom, Bom, Bom.
Não são más, mas esperava mais. As fichas tinham-me corrido tão bem. Fiquei um bocadinho desapontada.
O que correu mal? Não sei. Só quando as vir posso ter a certeza se errei mais coisas do que pensava, ou se foi, como a professora disse, um problema de letra que, quem corrigiu, não percebeu.
Agora, está na hora de ligar para ti, mãe, e dar-te as novidades. Não tenho medo que fiques zangada comigo porque, seja qual for a minha nota, tu preferes que eu te diga, sem receio.
Mas sei que, tal como eu (ou mais ainda) vais ficar triste e desapontada. Sei que esperavas pelo menos, Muito Bom a algumas. Não tive.
Sei que te vais sentir frustrada e achar que podias ter feito mais, que vais pensar que, por mais que te esforces por me ajudar, não é suficiente para eu ter melhores resultados.
Mas não é verdade. Tu fazes o melhor que podes e, de certeza, sem a tua preciosa ajuda, sem a tua persistência e paciência, sem o teu apoio e incentivo, as coisas poderiam correr bem pior.
Se tive as notas que tive, a culpa não é tua. Sou eu que estou na escola, sou eu que estudo e sou eu que tenho a responsabilidade de ter boas notas.
Ainda assim, fiquei satisfeita por não ter tido notas ainda mais baixas, como alguns colegas meus. Posso não ser um génio, a mais inteligente e a melhor aluna da turma, mas também não sou má aluna. E tu sabes que me tenho esforçado neste último ano.
Por isso, podes ficar feliz por mim, mãe? Porque se tu ficares feliz, eu também fico!
E tiro, do meu coração, uma boa parte desta angústia que sinto por ter tido notas mais baixas do que as que ambas esperávamos.
Ah, e preciso também que continues a acreditar, e não desistas, porque eu não quero desistir. E preciso que continues ao meu lado nesta batalha que temos vindo a travar há quatro anos, e que está longe de terminar.
Porque, contigo ao meu lado, sinto-me mais forte e confiante, para alcançar aquilo que mais desejamos!"