Carta para a Tica - Parte II
"Querida Tica,
Ontem, finalmente, voltaste para casa!
Quando o teu dono me ligou à hora do almoço a dizer que estavas em casa, quase nem acreditei. Mas, quando corri para ver com os meus próprios olhos, lá estavas tu à janela da sala, como se nunca tivesses deixado de lá estar.
Voltaste, sã e salva. Pela tua própria pata! E entraste pelo mesmo sítio por onde tinhas fugido.
O que aconteceu nesta tua aventura, nunca vamos saber. Mas sei que vinhas atordoada, exausta e com muito frio. Fome, não tinhas. Apenas petiscaste, antes de te enroscares na nossa cama completamente tapada com cobertores e edredons, e fechares os olhos (saudades da caminha dos donos).
Ali ficaste toda a tarde, até quase às 22 horas. Houve alturas em que temi que estivesses doente, ou algo pior. Não te mexias. Mas quando abriste os olhos, ainda que por segundos, sosseguei.
E fiquei surpresa e contente por te ver caminhar até à cozinha para comeres, já mais restabelecida.
Mas ainda não tinhas recuperado totalmente. Não te apetecia brincar nem fazer mais nada que não fosse receber muitos miminhos e deitares-te de novo.
Emocionei-me quando miaste daquela forma tão intensa para mim, como que a pedir para eu me despachar depressa que me querias só para ti e quando, no meio de toda a atenção que estavas a receber do dono e da Inês, saltaste para o meu colo e ajeitaste-te a dormir (saudades do velho roupão da dona).
E depois de te ter levado para a nossa cama, ali dormiste toda a noite, ao meu lado, tal como no sonho que tive na noite anterior. Desta vez, era mesmo verdade!
Hoje, ainda não estás a 100%, mas já começas a voltar à tua rotina normal - comer ervinhas, estar à janela, miar para ir à rua (não te serviu de emenda)!
Voltaste, e estás de novo na tua casa, e com a tua família! Benvinda de volta, Tica!"