Uma das piores viagens que já fiz
Comecei com fé e confiança mas, pouco tempo depois de estar na estrada, tudo mudou.
Passei de alguém que ia sempre distraída e não se apercebia de nada, a alguém que não consegue parar de olhar para a estrada, para os carros e para tudo o que acontece à volta.
Assustei-me várias vezes, o meu coração disparou outras tantas, chorei algumas vezes, fui rígida e tensa como uma estaca e ansiosa para que chegássemos ao destino.
Não apreciei a música, nem as belas paisagens que ia encontrando pelo caminho.
Na praia, pude finalmente descomprimir, relaxar um pouco e preparar-me para o regresso. Curiosamente, custou-me menos vir para casa, à noite.
Dizem os especialistas que estes traumas levam o seu tempo a passar. Espero que não seja muito.
A verdade é que não estamos seguros em lado nenhum, mas eu não me sinto segura na estrada. Sinto-me muito pequenina e frágil dentro de um carro. Pelo menos num autocarro estou lá em cima!
Não sei se algum dia me voltarei a sentir como antes do acidente mas, enquanto isso, tenho que continuar a andar e esperar que a cada viagem tudo se torne menos difícil.