Olhos que não vêem...
...coração que não sente!
Na última sexta-feira, estava eu a regressar do almoço e já tinha entrado no escritório, quando me chamam para ver uma coisa.
Uma "coisa" que afinal era um gato que estava no cimo das escadas do prédio. Tigrado, em tons de cinzento e preto, e aparentemente saudável e bem tratado, dava a ideia de ter dono. Talvez tivesse fugido de casa e ficasse perdido.
Claro que eu não resisti, subi as escadas, peguei nele ao colo, que afinal seria uma gata, e trouxe para baixo. A Dr.ª foi, imediatamente, comprar comida para lhe dar, enquanto fiquei a tomar conta dela. Muito mansinha, muito meiguinha, sempre a dar marradinhas e a encostar-se toda. Só saltou quando viu a comida e devorou tudo em menos de 2 minutos! A Dr.ª voltou a comprar mais comida e a gata voltou a comer tudo.
Viemos para dentro, fechámos a porta (com muita pena minha, mas tínhamos que trabalhar) e a gata lá ficou nas escadas. Parece que fez sucesso entre as clientes do piso de baixo - a cabeleireira - e andou no colo delas.
Tanto eu como a Dr.ª estavamos com pena da gatinha, mas já temos as nossas gatas. Não havia nenhum anúncio de desaparecimento, e a associação não faz nada a não ser perguntar se não podemos ficar com os animais.
Entretanto, com muita pena minha, mas talvez (ou não) para o bem da gata, puseram-na na rua e encostaram a porta do prédio para ver se não voltava a entrar.
Quando saí, já não havia sinal dela. Costuma-se dizer que "longe da vista, longe do coração". Mas ficava mais descansada se soubesse que a gatinha realmente tinha dono, e que encontrou o caminho para casa.
Porque, quando os olhos não vêem, o coração não sente, mas para quem vê e ama estes animais, é difícil ficar-lhes indiferente e ao destino que poderão ter...