Há muito tempo que não conto com qualquer ajuda que o pai da minha filha possa dar, e que ficou estipulada no acordo de responsabilidades parentais.
Primeiro o trabalho começou a ser escasso, e o dinheiro também. Depois ficou desempregado, sem qualquer subsídio. E a ajuda acabou. Se ele não tem dinheiro para ele, como vai ter para a filha.
Já me dou por feliz de ele vir buscá-la para estar com ele. Isso é o mais importante. Quanto ao resto, cá me arranjo. Que remédio! Enquanto eu puder, nunca há-de faltar nada à minha filha.
O pai dela começou, entretanto, a trabalhar, mas o ordenado era baixo e, de qualquer forma, se eu me aguentei durante tanto tempo é porque posso (deve ele pensar). Mas, de vez em quando, dizia-me "ah e tal, a ver se no verão começo a dar qualquer coisa para a Inês, que também me sinto mal, por não poder ajudar, e teres que pagar tudo".
Pela minha filha soube, há pouco tempo, que o pai ia mudar de trabalho. Iria receber mais agora, e já poderia dar algum dinheiro para ela. "É na próxima semana", dizia ela. Chegou essa semana e nada. "Afinal é só na outra", voltou a dizer.
Chegou este fim de semana e, como não vi nada, perguntei-lhe. Ao que ela me respondeu: "sim, o meu pai deu-me 5 euros!"
5 euros?!, perguntei-lhe eu. O que é suposto fazeres com 5 euros?
Comprar um par de sapatos? Pagar aquele livro que precisas para a aula? Comprar umas calças? Pagar o passeio da escola?
5 euros deveria dar ele à filha como mesada, por exemplo. Ou em qualquer outra ocasião.
Sim, é dinheiro. É melhor que nada. E ela deve, de certeza, encontrar qualquer coisita para lhe dar uso.
Mas, sinceramente, 5 euros? Seria essa a ajuda a que ele se referiu que se sentia mal em não dar?
É que mais valia estar calado!
Resta-me esperar pelo verão (não sei bem de que ano), para ver se cai mais alguma nota...