Vem esta pergunta a propósito do incidente que ocorreu em Guimarães, com um menor a assistir à agressão ao seu pai, por parte de um agente da polícia do qual, felizmente, saiu ileso.
Quando a minha filha tinha 4 anos, e porque ela nessa altura era fã do Tony Carreira e tínhamos uma oportunidade única de assistir ao concerto gratuitamente, na Baía de Cascais, levámo-la. Mais tarde, percebi que corremos um grande risco, e que pus em causa a sua segurança, ao levá-la para um espectáculo desta dimensão.
É que, além do recinto estar a abarrotar, as pessoas empurravam-se umas às outras, e até os homens discutiam para conseguir o melhor lugar. Conseguimos ficar um pouco mais que a meio, e dali não saímos até terminar. Felizmente, não houve problemas para o nosso lado, mas aquilo podia ter corrido muito mal.
Este ano, por exemplo, levei-a ao concerto da Violetta, no Meo Arena. Mas estava tudo muito bem organizado, bastante segurança no local, e como tínhamos bilhetes para a plateia, nem sequer havia filas na nossa entrada.
Se há riscos? Há sempre. Mesmo aqueles que nem sequer imaginávamos. Se é seguro. Pode ser. Mas também pode não ser.
Existem cada vez mais programas ao ar livre, como festivais, concertos, espectáculos e até idas ao estádio, dedicados a toda a família, mas será que dá para levar crianças a eventos como esses?
Talvez seja melhor pensar duas vezes antes de se aventurar, e sujeitar as crianças a perigos desnecessários. De qualquer forma, há que ter em conta, caso optem por arriscar, alguns cuidados fundamentais.
A nível geral:
- verificar se o local e o evento reunem condições para receber crianças com conforto e segurança;
- ter atenção à classificação etária do evento;
- certificar-se de que existem locais na zona onde possa comprar alimentação e água (para o caso da criança ficar com fraqueza ou desidratada);
- No fim do evento, aguardar a saída das pessoas, de forma a evitar acidentes no meio da multidão;
- Certificar-se de que a criança não sai do seu lado mas, ainda assim, identificá-la para a eventualidade de a mesma se perder, com o nome e contacto dos pais, por exemplo;
- Vestir uma roupa que chame a atenção e que, desse modo, a distinga das demais;
- Combinar um ponto de encontro, como polícia ou bombeiros que estejam no recinto, para o caso de se perderem;
No caso de estádios:
- evitar levar crianças menores de 3 anos a estádios de futebol;
- evitar levar crianças para jogos considerados de risco, já que há grandes hipóteses de discussões e violência;
- evitar ocupar lugares ao pé das claques, pelo mesmo motivo;
No caso dos concertos ou festivais:
- em concertos, evitar ficar próximo do palco, preferindo lugares onde haja mais espaço e o som seja menos intenso;
Convém não esquecer que nem sempre os programas, apropriados para os adultos, o são também para as crianças. É preciso pensar, acima de tudo, nelas. E ter em mente que, tudo o que possa vir a acontecer aos nossos filhos, é da nossa responsabilidade. Porque eles não foram para lá sozinhos, fomos nós que os levámos!