Há quem tenha o dom da palavra; da oralidade. Há quem goste de conversar, de discursar, de dizer o que lhe vai na alma e no coração.
Há quem se consiga exprimir melhor a falar. Quem, dessa forma, se desnude e mostre a sua essência.
Mas existem, também, aqueles que não se dão bem com a fala. Que a utilizam como escudo, ou mecanismo de defesa. Que não conseguem dizer aquilo que verdadeiramente sentem, ao encarar as pessoas.
No entanto, fazem-no com grande à vontade e facilidade através da escrita. Dizem que um gesto vale mais que mil palavras. Mas as palavras também podem valer muito, ainda que apenas escritas.
Com uma folha de papel e uma caneta na mão, de forma instrospectiva, podemos revelar mais de nós, e daquilo de que somos feitos, do que numa hora de conversa.
A escrita pode ser um óptimo escape. Uma forma de manifestarmos os nossos receios, preocupações, justificações, alegrias, tristezas, frustrações, sonhos e desejos que, de outra forma, ficariam para sempre guardados dentro de nós, muitas vezes a oprimir-nos, sem que ninguém deles tivesse conhecimento.
E, mesmo que essas palavras escritas nunca cheguem a ser lidas senão por nós, faz-nos bem escrevê-las. Deitar tudo cá para fora.
Eu funciono melhor com a escrita. Muitas vezes, quando tentam ou querem ter uma conversa mais séria comigo, que também me diga respeito, fujo como o diabo da cruz! Brinco, disfarço, evito. Mas, se tiver que ser, é. No entanto, através da escrita, consigo exprimir-me muito melhor.
A minha filha, ao que parece, sai a mim! Sempre que quero conversar mais seriamente com ela, finge que não percebe, faz-se de parva, enerva-me, e não consigo obter resultado nenhum.
Mas conseguiu escrever, em pouco menos de 5 minutos, aquilo que eu não consegui ouvir da boca dela em mais de meia hora!