A associação que hoje temos aqui na rubrica "À Conversa com..." - a APERCIM - dedica-se, como o próprio nome indica, à Educação e Reabilitação de Crianças Inanaptadas do Concelho de Mafra. A Presidente da Direcção, Casimira Henriques, fala-nos um pouco sobre esta associação.
Como é que nasceu a APERCIM?
A APERCIM surgiu em 1993 após uma reunião do então presidente da Câmara Municipal de Mafra que convocou os pais com filhos portadores de deficiência. Por coincidência, pouco tempo antes da reunião o Centro de Saúde de Mafra tinha efetuado o levantamento onde foram identificadas 147 pessoas com deficiência residentes no Concelho de Mafra, com idades até os 20 anos. Nesta sequência os pais, com a colaboração de voluntários, decidiram criar a Associação.
A quem é dirigida esta associação?
A missão da Associação é dirigida, primordialmente, aos cidadãos portadores de deficiência, ou necessidades educativas especiais, de qualquer tipo, tendo entretanto alargado o seu campo de intervenção às famílias e crianças até aos 3 anos de idade inclusive.
Que respostas sociais é que a APERCIM tem para oferecer?
A APERCIM tem um Centro de Atividades Ocupacionais (CAO) e Lar Residencial para cidadãos com deficiência com idades a partir dos 16 anos.
Tem um CRI-Centro de Recursos para a Inclusão para crianças ou jovens com deficiência ou necessidades Educativas especiais, em idade Escolar.
Desenvolve ainda atividades com crianças até aos 6 anos, desde o seu nascimento com o projeto de Intervenção Precoce à Infância – (IPI).
Que tipo de atividades costumam desenvolver os utentes da APERCIM?
Desenvolvem atividades diferentes de acordo com a idade ou deficiência, nomeadamente: Terapias da Fala, Ocupacionais, Fisioterapia, Psicologia, Hidro terapia, Hipoterapia, Desporto, Ginástica, Natação, Estimulação, Relaxamento, etc.
Ao nível da atividade ocupacional temos os jovens com ocupações socialmente úteis como na reciclagem do papel, enfardamento de cartão e de plástico, seleção e separação de tampinhas, jardinagem, agricultura, restauro, olaria, tecelagem.
Integrar socialmente os utentes portadores de deficiência tem vindo a mostrar-se uma missão cada vez mais bem sucedida?
Integrar socialmente tem sido cada vez mais fácil no nosso concelho de Mafra. A comunidade vê as pessoas portadoras de deficiência com maior naturalidade, A integração das crianças e jovens nas escolas do ensino público é um bom meio para esta realidade. Desde muito cedo a conviverem as crianças começam a ver-se como iguais mas todas diferentes. Sentimos isso com a partilha dos espaços de circulação no edifício, desde os 4 meses de idade. Crianças e adultos com deficiências. A participação dos nossos utentes/clientes em atividades sociais, como ida às compras, passeios, colónias de férias, visitas a museus, deslocações às praias, participações em atividades no Palácio Nacional de Mafra com exposição de trabalhos por si executados, participação na TUNA da APERCIM com apresentações em escolas, lares de idosos e em Centros de dia, são outras atividades que contribuem para a sua socialização.
Costumam realizar, anualmente, a chamada Festa da Família, aberta ao público em geral. Sente que ainda existe muito preconceito e discriminação, ou essas fronteiras têm vindo a ser quebradas, e a população em geral já encara a diferença de uma forma natural e consegue interagir com os utentes de igual para igual?
A festa da Família tem como principal fim unir as pessoas do mesmo agregado familiar mas mais particularmente as diferentes famílias dos nossos utentes/clientes, com um são convívio entre si, num ambiente de festa e também com os nossos profissionais, que mais convivem com os seus filhos.
De que forma as pessoas podem ajudar a APERCIM? Que tipo de apoio precisam?
As formas de ajudar a APERCIM podem ser as mais diversas desde a doação de donativos monetários ou em espécie como seja, desde a recolha e entrega de tampinhas, papel, cartão, presentes para os clientes/utentes, como móveis usados em situação funcional. Atualmente pretendemos adquirir uma cadeira de rodas elétrica, com verticalização, para podermos possibilitar, aos utentes com mobilidade reduzida, a experiência de se levantarem e chegarem sozinhos ao armário alto para retirar a sua roupa e, ao mesmo tempo, movimentarem-se dentro dos nossos edifícios e espaços não cobertos.
Os próximos apoios financeiros a receber serão canalizados para a aquisição desta cadeira elétrica que custa cerca de 8.000 € a 16.000 €. Outra forma de apoio pode ser o voluntariado.
Muito obrigada pela vossa disponiblidade em fazer esta entrevista.
Obrigado pela oportunidade e o interesse que conhecer a nossa instituição.