Duas vitórias alcançadas hoje
Ou talvez não...
Foram hoje aprovados dois diplomas que fazem história.
Um deles diz respeito à aprovação das barrigas de aluguer.
Logo no início da criação deste blog, escrevi sobre este tema neste post, nomeadamente, no que respeita à questão sentimental e psicológica.
A partir de hoje, todas as mulheres que não tenham útero, ou sofram de doenças que as impeçam de levar até ao fim uma gravidez com sucesso, vão poder recorrer a barrigas de aluguer, sempre de forma gratuita.
Se concordo com esta legalização? Sim, sem dúvida.
Apesar de haver outras alternativas, é legítimo que uma mulher ou casal queiram um filho do seu sangue, e optem por recorrer a uma barriga de aluguer.
Outra questão diferente é se haverão por aí muitas mulheres dispostas a alugar a sua barriga como mero gesto de solidariedade, amizade ou amor, e de forma gratuita. Como é que funcionará a selecção dessas mulheres? Haverá um banco de barrigas de aluguer?
Na minha opinião, mesmo com a aprovação deste diploma, o negócio que gira em torno das barrigas de aluguer irá continuar a existir, até porque grande parte dos que recorrem a essa via não o fazem por impossibilidade da mulher em engravidar ou levar adiante a gravidez, mas por outros motivos mais fúteis e menos válidos, como não querer sofrer os sintomas e as alterações corporais próprias da gravidez, querer ser pai ou mãe solteiro, com um filho de pai ou mãe incógnitos, e outros.
E esse tipo de serviço, muitas mulheres só estarão dispostas a satisfazer mediante uma compensação.
O outro diploma diz respeito às técnicas de Procriação Medicamente Assistida (PMA), nomeadamente bancos de óvulos e de esperma, que passam a estar acessíveis a todas as mulheres sem exceção (mesmo que sejam solteiras ou lésbicas) enquanto que, até agora, só era permitido o recurso às mesmas a casais ou uniões de facto heterossexuais.
Resta aguardar, e deixar que o tempo mostre se, de facto, estas duas vitórias o foram verdadeiramente.
Para muitas mulheres que vêem nestas medidas uma forma legal e única de concretizarem o sonho de ser mãe que, de outra forma, nunca conseguiriam, tenho a certeza que já o foi!