Andar de autocarro
Já aqui referi noutros textos que gosto de andar nos autocarros da Mafrense, talvez porque tenha sido habituada desde pequena.
Gosto da rotina de irmos até à paragem apanhar o autocarro para a praia, e ver quem entra nas várias paragens. E, à vinda, da caminhada até ao terminal, e do regresso dos veraneantes a casa, depois de uma tarde de praia.
Já não se vêem, como antigamente, os avós a entrar com os netos, munidos com chapéu de sol. Para dizer a verdade, quem mais vimos no autocarro nestes dias foram adolescentes, talvez pela promoção do mês de Agosto, de meio bilhete para todos até aos 18 anos.
Também vimos muitos turistas que vinham visitar a Ericeira, alguns para ficar, carregados de malas.
Num desses dias, e porque este autocarro não transporta só pessoas para a praia, dei por mim a pensar como deve ser mau algumas pessoas apanharem-no para ir trabalhar, e ver ali tanta gente de férias, a aproveitar o bom tempo, enquanto elas não têm a mesma sorte.
Ao longo destes dias, apanhámos passageiros regulares, e outros que não voltámos a ver. E motoristas diferentes todos os dias, uns mais atenciosos que outros, mais apressados ou mais conscientes, alguns conhecidos e outros nem tanto, e um distraído!
Desta vez, o totó foi ele!
Estávamos sentadas e a minha filha, como estava do lado de fora, tocou à campainha. Apareceu lá à frente a indicação parar, pelo que estávamos descansadas. Ficámos as duas de pé, o autocarro abrandou não sei porquê (achava eu que era para parar e sairmos), e continua a andar. Diz-me a minha filha "oh mãe, ele não parou".
Lá grito eu do fundo, a dizer que tinha tocado para ele parar, mas penso que não ouviu. Já estava a ir ter com o motorista, quando alguém também lá atrás grita "oh chefe". Ainda assim, como já lá estava à frente, voltei a dizer ao homem que era para parar na paragem que ele tinha ignorado.
Resultado: parou, com grande sacrifício, sem dizer "ai" nem "ui", uns quantos metros à frente, depois de uma curva!