Southpaw - Coração de Aço
É um daqueles filmes que se vê bem num daqueles dias em que não temos mais nada para fazer e que, apesar de nos apetecer ver um filme, não temos nenhum em mente.
Não sendo nada de extraordinário, ainda assim serviu para uma espécie de debate com o meu marido sobre o amor de um pai pela sua filha, e a melhor ou pior forma de o mostrar.
Billy Hope é um pugilista de sucesso, que colecciona títulos e prémios, e vive uma vida que muitos desejariam, com a sua companheira de sempre, Maureen.
Tanto ele como ela vieram de instituições de crianças em risco, mas conseguiram encontrar um rumo, e formar uma família, juntamente com a filha de ambos, Leila.
Maureen é o seu apoio, a sua consciência, o seu porto de abrigo, e também quem gere a sua carreira.
Apesar de saber que a vida que levam depende das vitórias de Billy e que, para as haver, ele tem que competir, Maureen percebe que os combates são cada vez mais violentos, que Billy está a ir longe demais, e que, da próxima vez, as coisas podem correr mal. E poderá não haver próxima vez.
Ele acede ao pedido dela, de uma pausa. Tudo parece estar bem, até que um outro pugilista começa a provocar Billy à saída de um jantar de beneficência.
E aqui vem a primeira questão para debate: ceder a provocações ou ignorar?
Por norma, tenho tendência a ignorar. O meu pai sempre me ensinou que não vale a pena perder tempo com essas pessoas. Que ceder ou retaliar é dar-lhes esse prazer, de perceber que nos afectaram, que caímos. A melhor arma é ignorar, resumi-los à importância que têm.
Claro que isto é difícil de pôr em prática por pessoas de "pelo na venta", que não pensam antes de agir, e que acham que as coisas se resolvem à pancada.
Foi o que fez Billy, ignorando os pedidos da mulher para irem embora, e para não ligar ao que o outro dizia. E pagou caro por isso. Maureen acabou por morrer após uma troca de tiros.
Depois disto, Billy começa a fazer tudo ao contrário do que deveria, e depois de atingir um árbitro com uma cabeçada, é suspenso, perde tudo o que tinha e tenta o suicídio, acabando por perder a guarda da filha.
Segunda questão para debate: retirar a filha a este homem foi a decisão mais acertada?
Por muito que custe a ambos, sim! Que futuro teria uma criança sozinha, cuja única família é um pai agressivo, que vive em permanente confusão, que se embebeda para esquecer os problemas, sem trabalho, sem um lar, sem condições para educar a filha? Que futuro teria uma criança que, a qualquer momento, se poderia deparar com o pai morto?
Não será fácil para nenhum deles aceitar a nova vida. Mas só Billy poderá reverter a situação, e recuperar o amor e a guarda de Leila.
Para isso, ele terá que perceber que, por vezes, a melhor forma de ataque, é a defesa, e que a força nem sempre vem unicamente dos músculos, e que a chave do sucesso pode estar no nosso pensamento!