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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

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Histórias soltas #8

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Algures na ilha de Saint George, no arquipélago das Bermudas, um homem fazia compras no supermercado.

Ia percorrendo os corredores à procura daquilo que tinha ido buscar quando, sem querer, embateu numa mulher que levava meia dúzia de coisas na mão, fazendo-a deixar cair tudo.

Pedindo desculpa pelo sucedido, logo se baixou para apanhar o que tinha espalhado. Pão, um pacote de bolachas, um pack de sumos que, por sorte, não rebentou, e um livro.

Sem saber bem porquê, ele deteve-se a olhar para aquele livro por instantes.

- Conhece? – perguntou a mulher, uma filha de emigrantes açorianos que ali morava.

- Como?

- Se conhece o livro?

- Ah, não! Não me parece. – respondeu, devolvendo-o.

- É de uma autora portuguesa, Sofia Mendes. Foi uma prima minha que mo ofereceu.

- Pois. Não devo conhecer. Peço-lhe desculpa mais uma vez.

- Está desculpado.

Terminou as suas compras, pagou e foi para casa, esquecendo o embaraçoso episódio que tinha protagonizado há instantes.

Na verdade, era curioso ele ter esquecido, quando tudo o que lhe pediam para fazer no último ano, era tentar lembrar-se.

Lembrar-se de quem era, de onde vinha, o que fazia antes de ir ali parar.

Não foi fácil, embora aos poucos tenha conseguido recuperar pedaços da sua memória, que tinha perdido.

O que os médicos lhe tinham dito, quando acordou do coma em que se encontrava, é que tinha sido encontrado inanimado no porto de Saint George, com ferimentos graves por todo o corpo e um traumatismo cranioencefálico, tendo sido levado de imediato para o hospital.

Conseguiram mantê-lo estável, mas em coma, durante vários meses, até que acordou sem se lembrar de nada do que tinha acontecido. Com ele, nada trazia que o pudesse identificar.

Não tendo para onde ir, nem dinheiro para retomar a sua vida naquela ilha, aceitou a ajuda do casal que o tinha encontrado, e que costumava ir visitá-lo, até ele se conseguir organizar.

Pouco a pouco, foi-se lembrando de algumas coisas, como a sua profissão. Talvez por ter observado a riqueza da arquitetura histórica da cidade, e as fortificações circundantes.

Foi assim que conseguiu que lhe desse um trabalho num escritório de arquitetos, à experiência, onde se mantinha até à atualidade.

Várias vezes, via flashes de rostos que lhe pareciam familiares, mas que não conseguia determinar a quem pertenciam, nem lhes dar nomes.

Lembrou-se que tinha uma irmã, Alice. Mas não fazia a mínima ideia de onde ela estaria.

E tinha uma vaga ideia de uma mulher grávida, mas só se recordava de uns casos sem importância em Nova Iorque, e nenhum deles tinha resultado em gravidez. Ou será que tinha?

Ups, esqueci-me dos TPC's!

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A mãe pergunta à filha: "trazes trabalhos?"

A filha responde: "não."

No dia seguinte, ao ver a filha arrumar as coisas na mochila, volta a perguntar: "não trazias mesmo trabalhos dessa disciplina, pois não?"

"Não, mãe."

 

 

Depois da aula, já de regresso a casa:

"Mãe, vais-te passar. Afinal tinha trabalhos, mas esqueci-me!"

 

Às vezes ainda gostava de saber o que é que estas crianças andam na escola a fazer.

Se perguntamos o que é que deram numa determinada aula, não se lembram. Se perguntamos quais são os trabalhos que trazem para fazer, não se lembram. Muitas vezes nem apontam. Ou porque já saíram depois da hora e não deu tempo, porque foi tudo a correr ou porque acharam que não se iam esquecer, e não havia necessidade de apontar.

E, depois, dá nisto. Trabalhos de casa por fazer e anotações na caderneta. 

Claro que, a juntar a esta falta de atenção, podemos somar a quantidade parva de trabalhos de casa que todos os dias trazem para fazer. 

É que, se até aqui, eles traziam trabalhos para fazer para a semana seguinte, agora são para o dia seguinte. E mesmo que seja para dali a dois dias, tem que ser feito naquele porque, entretanto, hão-de vir mais e não convém acumular. Sim, porque não são 2 ou 3 perguntas ou exercícios de cada disciplina, são páginas cheias de cada uma, e várias para a mesma altura.

Às tantas, já estão tão saturados que, mesmo que tenham apontado, já nem se lembram de que também têm aquilo para fazer.

Até nós, adultos, muitas vezes temos lapsos de memória parecidos.

E isto já é assim agora. Quando tiverem, para além de todos os trabalhos de casa, de estudar para os testes, nem quero imaginar.

 

 

 

 

Parvoíces matinais - a palhaça

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- Oh mãe, vê lá se consegues fazer isto? - diz a minha filha, a querer que eu imite a coreografia dela.

Faço tudo atabalhoado, e ela ri-se da minha figura!

 

- Oh mãe, faz lá assim. - volta a dizer, explicando os passos.

Não me sai nada de jeito, e troco tudo. Mais risos.

 

 

(mais tarde)

 

- Oh mãe, faz lá uma cara de convencida.

- Como é que faço isso?

- Assim, olha para mim.

- Esquece, eu só sei fazer cara de palhaça!

- Pois, já percebi!