À Conversa com Ivan Pedreira
O convidado que vos trago hoje nasceu no seio de uma família ligada à música, nomeadamente o pai e os irmãos.
É baixista, compositor, produtor, cantor, e fundador da marca Arte dos Sons, direcionada para composição, produção e ensino. Já trabalhou profisionalmente, como baixista, para muitos e variados nomes e projetos do mercado nacional, tanto ao vivo como em estúdio.
Agora, no entanto, apresenta-nos o seu primeiro álbum de originais, cujo single de estreia "Ser Alguém" traz uma mensagem muito inspiradora, e que acaba por representar todo o espírito das múscicas que o compôem.
Aqui fica a entrevista com Ivan Pedreira:
Quem é o Ivan Pedreira?
Sou um ser criativo, de energia positiva, e acredito na comunicação como forma de troca de sentimentos, experiências e conhecimento. Tento viver em equilíbrio e harmonia todos os dias, e para mim alcançar este estado passa por tocar, meditar, escrever, compor, tudo o que me inspire. Sou um bom observador, gosto de ler as energias que me rodeiam e tento sempre ajudar a que os outros também encontrem o seu caminho de autoconhecimento.
Como é que a música entrou na sua vida?
Decididamente foi através do meu pai que a música entrou na nossa vida desde sempre. Ele chegava a casa, às vezes após algum tempo fora por ser comissário de bordo, pegava na viola, tocava, cantava, inventava letras, às vezes sobre assuntos sérios, outras de brincadeira, e era sempre o factor de união familiar. A música teve sempre este papel de juntar pessoas em minha casa, de convívio e partilha.
O Ivan é baixista, produtor, compositor e cantor. Qual destas vertentes lhe dá mais prazer?
Todas me dão muito prazer, e cada uma delas tem o seu tempo, o seu momento. No entanto é só na sua junção que realizo a ideia, a mensagem final.
Sou viciado em criar, e para conseguir concretizar uma ideia, que vai desde a inspiração, passando pelo seu planeamento para chegar à sua realização, apercebi-me que é uma verdadeira viagem de descoberta interior, e que não a conseguiria realizar apenas numa das vertentes! A evolução e o desenvolvimento de todas elas é que me permitem “materializar” e comunicar a ideia inicial.
Enquanto baixista, o Ivan já trabalhou com alguns nomes conhecidos da música portuguesa. Destaca alguma colaboração ou participação que o tenha marcado de uma forma especial?
Sim, aprendi muito com a forma de trabalhar de cada um deles, por exemplo, com o Paulo Gonzo marcou-me imenso o cuidado e a forma como prepara os concertos, e a sua atitude de encarar o público; marcou-me também muito o tocar diariamente durante um ano no espectáculo “Visions” no Casino Estoril, para além de ter evoluído imenso em técnica e performance, foi uma experiência que nunca tinha tido e que é raríssima para os músicos em Portugal, ter uma sala/ espectáculo onde tocar numa base diária, como um emprego na nossa área profissional.
Mas em verdade, o que mais me tocou foi colaborar no projecto “Piece of Cake” do meu irmão Lito Pedreira, não por ser meu irmão, mas porque representa a força de vontade e a luta de quem quer editar em Portugal sem uma estrutura organizadora, distribuidora e financiadora por trás.
E ele conseguiu editar o seu trabalho num mercado tão fechado e sem o mínimo de apoios oficiais, apenas com o apoio de quem acreditou nele e no seu talento através do crowdfunding. Senti um enorme orgulho nele, principalmente porque, apesar de ser um compositor baterista, conseguiu criar todo o instrumental e orientar todos os músicos na direcção da sua mensagem. Ele foi a minha inspiração para acreditar que também eu iria conseguir!
O que é, para si, a música?
Para mim a música é simplesmente uma forma livre de comunicação, um canal de partilha de sentimentos e sensações.
“FuzaMiura” é o nome do primeiro álbum, lançado este mês em formato digital. Este título tem um significado específico?
Sim tem, o nome ”FuzaMiura” surgiu da dualidade masculino/ feminino que esteve na origem deste álbum. É na base dos relacionamentos, mas também no interior de todos nós que esta dualidade é uma realidade: Fuza, que é uma nota rápida, delicada, representa a sensibilidade, delicadeza e fragilidade do lado feminino; Miura, que demonstra a força da linhagem do touro espanhol, representa a determinação e robustez do lado masculino.
Para financiar este primeiro álbum, o Ivan realizou uma campanha de crowdfunding. Foi uma missão bem-sucedida?
Foi de facto uma missão muitíssimo bem sucedida. Foi uma campanha de sucesso acima dos 100%, com uma enorme dinâmica e entusiasmo por parte de todos os que dela quiseram participar. Notou-se uma enorme vontade de todos de quererem fazer parte desta viagem. Não foi só um apoio, foi um enorme voto de confiança na minha pessoa.
Neste primeiro álbum, o Ivan contou com a colaboração de Carla Entrudo, Lito Pedreira e Bruno Nogueira. Já tinha trabalhado com algum deles anteriormente? Como foi essa experiência?
A Carla Entrudo foi a principal razão deste projecto existir, foi ela que me inspirou e motivou a iniciar esta viagem. Foi a primeira a acreditar que eu iria conseguir, nunca duvidou desde o primeiro momento. E é mesmo uma viagem: eu criei a estrada, a Carla traçou o caminho.
O Nozes de guitarra ao ombro e o Lito com as baquetas a espreitar pelo bolso, cruzaram-se connosco, alinharam e seguimos caminho.
O Nozes tem sido o meu braço direito, foi quem manteve o projecto vivo, sempre persistente e motivado, mesmo nas alturas mais difíceis desta viagem. Se chegámos até aqui foi porque ele não desistiu e insistiu!
Claro que com o Lito já tocava desde miúdo com a banda dos meus irmãos. Era como um mentor para mim. Existe uma enorme empatia musical entre nós, falamos a “mesma língua”, compreendemos muito facilmente a mensagem um do outro, é sempre fluido e inspirador.
O primeiro single a ser extraído é “Ser Alguém”. Que mensagem pretende passar através desta música em particular, e de todo o álbum, de uma forma geral?
A mensagem do “Ser Alguém” é a de que todos têm valor, mesmo se ainda não o descobriram em e para si próprios.
Esta música foi escolhida para ser o 1º single por ser a música que representa o álbum.
A mensagem que quero passar é a de que todos somos importantes e que cada dia é um novo dia, com uma nova energia, com uma nova vontade e com uma nova oportunidade de nos respeitarmos e de sermos felizes.
Para além do lançamento nas lojas digitais, o Ivan deu também um concerto de lançamento no Auditório Carlos Paredes. Que feedback tem recebido por parte do público, relativamente a este seu recente trabalho?
Foi uma “casa” cheia e uma noite fantástica para TODOS!
O que me têm transmitido do ambiente que se gerou no concerto de lançamento foi um sentimento de energia positiva e de sermos todos uma “família”, uma “comunidade”.
Todos adoraram e têm ouvido repetidamente o álbum, em loop! Já sabem de cor as letras e dizem que as músicas não saem da cabeça. E principalmente que este tenha sido o 1º concerto de muitos!
Estamos quase no final de 2016. Que objetivos pretende ainda concretizar este ano? E, a longo prazo?
Este ano quero ainda apresentar-me ao vivo e estou já a trabalhar nesse sentido. Haverá também a promoção e divulgação do disco nos vários meios de comunicação e ao vivo.
Chegar ao máximo número de pessoas possível, tanto ao vivo como através da venda do álbum nas plataformas digitais e em CD, é o meu maior objectivo tanto a curto, como a médio e longo prazo, porque sinto que tenho uma mensagem a transmitir para cada uma delas, porque quero partilhar com todos a minha arte.
A banda está pronta, temos trabalhado arduamente para fazermos uma excelente apresentação. Com este álbum lancei-me no mercado de música portuguesa e o objectivo é que seja, não a luz ao fundo do túnel mas a saída do túnel!
Muito obrigada, Ivan!
Nota: Esta conversa teve o apoio da editora Farol Música, a qual cedeu também as imagens.