Se eu fosse uma máquina...
Por vezes, gostava de ser uma máquina...
Uma máquina nunca se cansa. Apenas fica sem bateria, ou com as pilhas gastas. E, aí,simplesmente não funciona, nem trabalha, até que a ponham à carga, ou lhe troquem as pilhas. Quando isso acontece, volta ao activo como se nunca tivesse parado.
Uma máquina nunca se engana. Se dá erro, é porque quem com ela trabalha fez algo de errado. Afinal, as máquinas têm sempre razão! Ou então tem mesmo algum problema, e substitui-se a peça avariada. Pode-se também desligar e voltar a ligar, para ver se resulta. Ou fazer-lhe uma limpeza, refrescar...Se não tiver solução possível, descarta-se, recicla-se.
Uma máquina não sente nada. É criada para um determinado propósito, e é o que faz toda a vida - faz aquilo para que foi programada. Não se entristece, não se chateia, não se cansa, não se enerva, não se debate, não se revolta...Não sente absolutamente nada.
As máquinas têm uma "vida" mais monótona, repetitiva mas, sem dúvida, com muito menos preocupações.
São criadas para facilitar a vida dos humanos, mas cada vez mais substituem os próprios humanos. Para combater isso, temos que provar a nossa própria utilidade, e tornar o argumento da cooperação convincente.
Por outro lado, se já temos que agir, no nosso dia-a-dia, como se fossemos verdadeiras máquinas, porque não sermos verdadeiramente, máquinas?
Tudo aquilo que os humanos têm de diferente e especial, em relação às máquinas, é precisamente aquilo que nos coloca a cada minuto que passa, em desvantagem relativamente a elas.
Será mesmo uma questão de tempo, até elas nos vencerem por completo? Até deixarmos de ser necessários neste mundo? Não sei...
Sei que, por vezes, não me importava de ser uma máquina...
Mas, logo em seguida, fico grata por ainda continuar humana, num mundo cada vez mais mecanizado, com todas as desvantagens que isso me possa trazer...