A Raposa e a Criança
O meu marido, enquanto eu despachava umas coisas em casa, lembrou-se de ir ver este filme.
Confesso que só fui vendo umas cenas depois de mais de meia hora de filme, e que durante esse tempo o meu marido ia adormecendo, de tão parado que era!
Mas a raposa era, de facto, linda! E muito protectora com os seus filhotes "raposinhos".
Segundo me relatou o meu marido, a raposa passou por alguns momentos complicados e de perigo, tal como as suas crias. A criança, desde o início tentou travar amizade com a raposa e conquistá-la, uma tarefa difícil mas que, ao fim de algum tempo e bastante persistência, foi conseguindo.
Portanto, podem imaginar as cenas ternurentas que se seguiram entre estes dois seres solitários que, de certa forma, partilham o mesmo espaço - a floresta.
Claro que, dramáticos como somos, o meu marido disse logo que no fim ia acontecer alguma coisa à raposa. Só que o perigo, que poderia ter vindo de linces, águias, ou qualquer outro animal daquele habitat, veio de onde menos se esperava: da própria criança!
Daquela em quem a raposa, pouco a pouco, foi confiando.
Não foi por mal, claro, mas só mostra porque é que é tão difícil para os animais, confiar em nós, humanos. Porque nós, simplesmente, não os respeitamos nem, muitas vezes, pensamos neles. A criança queria uma amiga, uma companheira, um animal de estimação, com quem pudesse brincar, que estivesse sempre à sua disposição.
E, por isso, atraiu-a até ao seu quarto, e fechou-a lá dentro. A raposa, habituada à liberdade, vendo-se enclausurada, começou a tentar encontrar uma saída, enquanto ia derrubando e partindo tudo à sua volta, até que salta pela janela fechada, partindo-a e cortando-se nos vidros, acabando por cair no chão, de uma altura de vários metros, inanimada.
A moral da história que a criança, na actualidade, adulta, explica ao seu filho é que amar é diferente de possuir.
A lição que eu tiro é que são vários os perigos que os animais correm nos seus habitats, mas o mais mortífero não está aí - está no ser humano!
Felizmente, a raposa conseguiu sobreviver e, diria até, perdoar a criança.
Eu, no lugar da raposa, nunca voltaria a confiar nela, nem tão pouco a quereria ver novamente à frente!