Da sua carreira como compositor, constam sete álbuns editados com os “Corvos” e “Secret Lie”, várias bandas sonoras para cinema, inúmeros temas que fazem parte do universo das telenovelas, e obras eruditas estreadas por diversas orquestras e solistas.
Agora, apresenta o seu primeiro trabalho em nome individual - "Primeiro Ato" - em que cruza a música clássica e o pop rock, e para o qual reuniu amigos músicos, cantores e letristas nacionais, que deram vida às suas composições, entre os quais, Jorge Palma, José Cid, Pedro Chagas Freitas, Mundo Segundo, e elementos da orquestra sinfónica portuguesa.
Um trabalho aguardado com expectativa, do músico oriundo da música clássica que aposta, assim, numa forma diferente de ver, ouvir e sentir a música.
Pedro Teixeira Silva é o convidado desta semana da rubrica "À Conversa com...", a quem desde já agradeço pela disponibilidade em participar. Fiquem a conhecê-lo melhor, nesta entrevista!
Quem é o Pedro Teixeira Silva?
PTS é um amante da vida, uma pessoa positiva, extremamente trabalhadora, que luta pelos seus ideais e crenças, é amigo do seu amigo mas também algo solitário devido ao seu foco na composição, onde passa a maior parte da sua vida (6 a 9 horas por dia), entre pautas e notas musicais, sem dúvida um apóstolo da Música.
Em que momento da sua vida surgiu a paixão pela música?
Nasci numa família, toda ela, ligada à música e desde que me conheço ouvia sons de vários instrumentos tocados por eles, como dizem filho de peixe sabe nadar…
A sua formação musical dividiu-se por vários países. Considera que as melhores escolas/ conservatórios para se estudar, estão fora de Portugal?
Em tempos assim o foi, quem queria atingir um grau evolutivo de maior destaque tinha que conseguir bolsas de estudo a fim de se valorizar no estrangeiro.
Hoje em dia, o ensino musical em Portugal é muito bom, houve uma forte aposta nesse sentido e temos neste momento já os frutos disso, jovens de grande valor a despoletar na área da música clássica.
O Pedro participou, como ator, no filme “Os Canibais”, de Manoel de Oliveira. Como descreve essa experiência?
Uma experiencia única de trabalhar, de perto, com um dos grandes mestres do cinema Português e Europeu. Não esqueço, com a sua idade avançada, a energia, método e empenho que colocava em cada cena. Sem dúvida um exemplo de rigor e detalhe que apreendi e tento seguir na minha carreira.
Esta participação foi uma aventura única ou ficou com o gosto pela representação, e vontade de aceitar novos desafios nessa área?
Fui escolhido através dum casting para assumir a personagem do melhor violinista de todos os tempos “Paganini”, que depois do filme acabou por virar o meu alcunha na altura!
Não é algo que procure na minha vida mas se o destino para essa oportunidade me guiar novamente, quem sabe.
Acabei a escrever diversas bandas sonoras para cinema e, assim, contribuir para dar cor musical e emoção as cenas.
Enquanto músico, já fundou e participou em vários projetos. O que de melhor guarda dessas colaborações, e de que forma o prepararam para o atual desafio, em nome individual?
Considero-me, sem a menor dúvida, um homem de grupo e não um artista solo, a prova disso são as inúmeras colaborações que participam neste “Primeiro Ato”.
Contínuo com ligações fortes a todos os projetos que fundei e colaborei. A amizade e partilha musical tanto em palco como estúdio, estrada ou ensaios são o que melhor me lembro e recordo.
A forma como me prepararam para futuras aventuras foi o aprender a ouvir cada opinião, cada sugestão de grandes músicos e produtores com quem trabalhei
“Primeiro Ato” é o nome do seu primeiro trabalho a solo, editado no passado dia 17 de novembro. Em que consiste este álbum, e o que traz de diferente, relativamente ao que tem feito até aqui?
Pela primeira vez, apresento-me somente na qualidade de compositor, e não como vinha sendo habitual, de igualmente intérprete.
Tento cruzar dois universos musicais que me são muito familiares, a música clássica e a pop/rock, num estilo característico próprio que fui personalizando e aperfeiçoando ao longo dos anos.
Gosto de fazer música a pensar nas pessoas que a vão ouvir e nas emoções que lhes posso causar.
Ainda uso instrumentos realmente tocados por humanos, sem querer com isto depreciar quem só usa a “maquinaria”, mas a música é uma arte feita por humanos para humanos, e podem inclusive chamar-me “tradicional”, mas uma máquina nunca conseguirá transmitir, emocionalmente, o que nós conseguimos. Pode não ser tão perfeito tecnicamente, mas a beleza musical é inconfundível.
Que mensagem está presente nas músicas que compõem este trabalho?
Tal como tenho convidados intérpretes instrumentistas e vocais, convidei igualmente escritores e poetas para escreverem letras sobre o que a música os inspirava. A alguns dei o mote, a outros pura liberdade criativa. De resto sou uma pessoa positiva e alegre por natureza e creio que a música que escrevo transmite isso um pouco também.
Em “Primeiro Ato”, o Pedro conta com vários convidados, que dão vida às suas composições. Como surgiram esses convites? Soube logo com quem queria trabalhar, ou foi algo que foi surgindo?
Escrevi os temas a pensar nos convidados que gostaria que lhes dessem alma. Felizmente, tive a sorte dos mesmos terem gostado dos temas que lhes apresentei, e aceitarem o desafio.
É mais fácil, para si enquanto músico, adaptar o estilo musical ao intérprete, ou vice-versa?
A música é uma partilha constante e nunca a tomo pelo lado mais fácil.
Todos nós, músicos, temos diferentes formas e métodos de trabalhar, mas o bonito deste projeto foi precisamente a constante busca de todos participantes em deixar os temas no seu melhor formato.
Pela minha parte gosto sempre de ouvir o que o intérprete tem para me dizer e aconselhar. Gostando sou, obviamente, o primeiro a concordar com qualquer alteração, desde que seja sempre em prol da música e do ouvinte final.
Partindo de alguns dos temas que compõem o álbum, de que forma responderia ao seguinte desafio:
- “O Nome do Mundo” - que nome daria o Pedro ao mundo?
- “Três Cores” - se só pudesse ver o mundo a três cores, quais seriam?
- “Vislumbres” – um vislumbre do futuro?
Terra, o planeta que habitamos, mas com mais amor e entendimento entre os seus habitantes, sem tanta crueldade, invejas e desumanidade.
Adoro ver todo o enorme colorido que o mundo nos proporciona mas, escolhendo 3, a cor da amizade, do amor e da sabedoria.
Gostaria de continuar a escrever um tema para cada um dos músicos que respeito, admiro e aprecio, e um “Segundo Ato” já esta no horizonte.
De que forma é que o público poderá acompanhar o Pedro, e assistir ao vivo a este “Primeiro Ato”?
Através do meu facebook https://www.facebook.com/ptspedroteixeirasilva/
Do meu site http://www.pedroteixeirasilva.pt/
Muito obrigada, Pedro, e que ainda possamos contar com muitos atos nesta vida dedicada à música!
Marta obrigado pela entrevista, sem dúvida perguntas interessantes, sábias, bem pensadas e estruturadas.
Pedro Teixeira Silva
Nota: Esta conversa teve o apoio da editora Farol Música, a qual cedeu também as imagens.