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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

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Coco - o melhor filme de Natal para ver nesta Páscoa!

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Vimos o filme em Dezembro e gostámos tanto que, assim que soube que estava em pré venda, encomendei-o logo.

O vencedor de dois óscares (melhor filme de animação e melhor música original) chegou ontem, depois de mais de um mês de espera e será, sem dúvida, um dos filmes a não perder nesta Páscoa!

Ainda ontem dizia à minha filha: nesta Páscoa, em vez de chocolate, temos "Coco".

 

 

Como já tinha aqui falado, Coco é um filme que fala, essencialmente, sobre a família, e a importância e valor que ela tem, ou não, para cada um de nós.

E sobre sonhos! Sobre como devemos sempre seguir os nossos sonhos, independentemente do que os outros possam querer ou desejar para nós, ou de quem nos queira impedir de os seguir.

Não temos que viver a vida dos nossos antepassados, nem reger-nos pelo que possa ter acontecido a eles, para determinar o nosso futuro. O que quer que façamos, a verdadeira família irá sempre apoiar as nossas decisões, e desculpar as nossas loucuras!

 

 

Cortar definitivamente a ligação...

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...ou alimentar algo que, bem vistas as coisas, nunca existiu?

Depois de uma vida de intermitências, em que a pessoa, ora aparecia e era tudo muito bonito, ora desaparecia e ficava anos sem dar notícias (o que não era necessário, porque já sabíamos o que teria acontecido para tal), essa pessoa volta a aparecer, mais uma vez.

Não tinha uma boa vida, mas aquela que lhe era possível, dadas as circunstâncias. Quis retomar os laços, as ligações, a família.

Quis voltar a ser o pai que nunca foi, o tio que nunca esteve presente, o irmão que pouco conviveu com os restantes irmãos, o amigo de todos. 

Não pensou que, talvez, a essa altura do campeonato, nem todos estivessem dispostos a esquecer, a perdoar, a pôr tudo para trás das costas, a fingir que nada do que aconteceu, aconteceu.

O que é certo é que, desde então, essa pessoa tem continuado a levar uma vida de intermitências, em que ora está bem, ora está mal. Em que num momento tem uma família maravilhosa e são todos muito amigos, e noutro não valem nada, não prestam, e não quer mais saber dela. Para depois voltarem a ser bonzinhos. Para a seguir o tratarem mal. Enfim...

 

Eu, e mais alguns familiares, deixámos o passado no passado, e reatámos a ligação. Éramos, segundo essa pessoa, a verdadeira e única família que tem neste mundo.

Da minha parte, ligava-lhe algumas vezes. Atendi outras quantas chamadas, em que a conversa e as queixas eram sempre as mesmas. Mas pronto, dá-se um desconto. A idade não perdoa. Ainda estive com essa pessoa duas vezes. Num dos últimos telefonemas, senti que estava com pressa em desligar, não estava muito virada para conversa, e queria despachar-me.

Até que, há uns meses, deixou de dar notícias. Soube, por um familiar, que estava a viver com as pessoas que há tempos atrás não valiam nada. O telemóvel passou a estar desligado.

E eu, sinceramente, pensei: melhor assim.

 

No início do ano, recebi uma chamada de um número que não conhecia. Era essa pessoa. Na altura contou mais uma das suas histórias, para justificar a ausência de contactos e notícias, não sei se verdadeira ou não. Eu estava com pressa, por isso, disse que depois guardava o número. Nunca mais lhe liguei. Sempre que essa pessoa ligava, eu não atendia.

Entretanto, mudou de número, ligou aos meus pais a dar o novo, e aproveitou para se queixar que eu nunca mais falei e nem atendo as chamadas. Anda a ligar todos os dias, várias vezes ao dia. Não atendo.

Já deveria ter percebido que, se não atendo, é porque não quero falar. E já deveria ter desistido e parado de insistir. Mas não.

 

O meu pai diz: liga lá, nem que seja uma vez. 

Mas a paciência para estar sempre a ouvir o mesmo já começa a escassear. Não sou psicóloga para ouvir queixas e tentar ajudar quem não quer ser ajudado, quem, por mais que se lhe mostre o caminho, insiste em ir por outros. 

E se eu ligar uma vez que seja, já não me vai desamparar a loja.

 

Sim, pode até estar sozinha e essa é a única forma que tem de se sentir menos só na vida. E sim, já teve castigo mais que suficiente para os erros que cometeu toda a vida. E a mim nunca me fez mal algum, e sempre me tratou bem.

No entanto, valerá a pena perder o meu tempo, e retomar uma ligação familiar que, durante anos, basicamente não existiu para, daqui a uns tempos, desaparecer novamente? Ou será melhor cortar definitivamente?

Devo alimentar esta história da família unida e feliz, e armar-me em alma caridosa, para alguém que está só e a viver uma velhice infeliz, atenuando a tristeza dos seus dias?

Ou esperar que desista de vez, e esquecer que essa pessoa existe?

 

Não quero ser mazinha, nem insensível, mas já me basta viver a minha vida e resolver os meus problemas. Esta pessoa nunca se preocupou nem precisou de nós para viver à sua maneira enquanto pôde. E nós nunca precisámos dela para seguir com as nossas vidas. Porque haveria agora de ser diferente?

 

Enquanto isso, aí está, mais uma chamada não atendida para a colecção!