A depressão é uma doença, disfarçada de várias formas, levando as pessoas a nem sempre a identificar ou, até mesmo, a não acreditar que ela, de facto, exista.
Afinal, todos nós tivemos momentos em que não quisemos ir para a escola ou para o trabalho. Em que só nos apetecia ficar em casa, deitados na cama, ou refastelados no sofá, a ver televisão ou a ouvir música.
Todos tivemos fases em que gostávamos de ver um bom drama, daqueles que nos fizessem chorar. Ou ouvir aquela música triste, para acentuar ainda mais o drama.
E quem nunca fez de algumas situações da sua vida, verdadeiros dramas?
Quem nunca perdeu o interesse por determinadas actividades ou projectos que antes gostava?
Quem nunca se irritou, chorou, reclamou, explodiu, se sentiu apático, indiferente ou sem ânimo, sem muitas vezes perceber o que o levou a isso?
Quem nunca esteve naqueles dias em que não quer ver nem falar com ninguém, e só quer que o deixem sossegado no seu canto, sozinho?
É legítimo diagnosticar todas as pessoas, que vivem estas fases e momentos, com uma depressão? Andaremos todos nós deprimidos, várias vezes, ao longo da nossa vida?
Vi este livro à venda na Chiado e pareceu-me bastante interessante.
Tanto que até mostrei ao meu marido, já que ele estava na área da educação social, e o tema era pertinente.
Ele leu-o em pouco mais de uma hora (o livro é pequeno), gostou muito e até escreveu sobre ele no blog.
Eu, li-o esta semana, e fiquei desapontada.
Quando se aborda o tema da depressão, fica-se na expectactiva de algo mais grave ou, pelo menos, de uma ou mais causas que estejam na origem da depressão.
É certo que há casos de depressão que não chegam a extremos, e daí serem também mais difíceis de identificar por quem está de fora, pelo facto de os sinais se confundirem com algo banal. Também é certo que nem sempre existe uma causa concreta, que se possa apontar como responsável pelo desencadear da depressão. Pode ser um conjunto de factores, de situações.
Mas a verdade é que lemos este livro, e ficamos à toa, sem perceber muito bem o que acabámos de ler, e que motivo levou a autora a escrever este livro.
É quase como esperarmos grandes tempestades e temporais, e nos depararmos com uma chuva passageira, forte, mas sem razão para alarme, um trovão ou dois, e pouco mais. E isso acaba por não ser novidade, nem motivo para notícia.
A autora tem uma família presente e unida, que a ama e apoia. Mãe, pai, irmão, primos - todos eles são homenageados e elogiados neste livro.
Tem amigos que estão sempre com ela em todos os momentos.
É uma boa aluna, e consegue ter boas notas.
Não sofre de amores, nem de bullying, nem de distúrbios alimentares, nem de qualquer outra coisa que a pudesse afectar e despoletar uma depressão.
Então, porque é que foi assim diagnosticada, e devidamente medicada?
Para além de uma ou outra atitude menos correcta de alguns professores, não percebemos, pela leitura, nada em concreto que a leve a ficar ansiosa no que toca à escola, e mesmo a ter ataques de pânico. O que a leva a faltar às aulas?
Ao ler este livro, fiquei com a sensação de que parece faltar ali qualquer coisa, como um puzzle que não está completo não dando para ver bem a imagem, um enigma o qual, sem a respectiva chave, não se consegue decifrar.
Se o anterior "Também Acontece Contigo" pecava pelo exagero, este é exactamente o oposto.
Para mim, ficou muito aquém das expectativas.
Sinopse
"Sim, tu aí, quero que saibas que existem muitas mais pessoas a passar pelo que tu passas ou até por pior, por isso, não tenhas vergonha de pedir ajuda porque o primeiro passo para ficares bem é admitires que estás mal. Não te afastes de quem mais amas pois eles vão ser o teu maior apoio. Mete na tua cabeça que não és inferior a ninguém, que se quiseres fazer algo tu vais conseguir porque tu és tão bom e capacitado como o teu vizinho ou amigo mais próximo e não deixes que ninguém te convença do contrário. Quando estás num sítio público para de pensar que todos te julgam por todo o que fazes, seja pela tua roupa, pelo que estás a comer ou a beber, sim eu sei que fazes isso, porque eu também faço mas na realidade provavelmente ninguém está realmente a dar-te atenção ou então podem estar a pensar a mesma coisa que tu. Já alguma vez te passou pela cabeça? Que quando olhas para alguém essa pessoa pode pensar que também a estás a julgar? Parece uma loucura não é?
E tu que conheces alguém que sofre de depressão ou está a passar por um mau bocado não o julgues, apoia essa pessoa. Não estou a dizer para lhe dares festinhas na cabeça mesmo se essa pessoa tiver feito algo errado porque não estou mas não julgues a sua condição pois é a última coisa que essa pessoa precisa.
Sê a sua âncora, o seu ponto de abrigo. Fala com ele mas dá-lhe espaço ao mesmo tempo só tenta fazer essa pessoa perceber que não está sozinha. Não o pressiones mas ajuda-o a enfrentar os seus medos, fazê-lo ver que consegue fazer tudo o que quiser, que não é inferior a ninguém, que ele é importante, que ele é forte. E mais uma vez eu digo fá-lo ver que não está sozinho!"
Autor: Ana Beatriz
Data de publicação: Janeiro de 2018
Número de páginas: 94
ISBN: 978-989-52-1901-8
Colecção: Viagens na Ficção
Género: Ficção
Idioma: Pt