O grande problema do (des)emprego em Portugal?
Haver sempre quem precise de umas horas extras, quem desenrasque, quem esteja disponível, ou disposto a abdicar das férias, quem acumule turnos, quem não tenha grandes hipóteses de recusar, sob pena de ser acusado de projudicar os colegas, de entrar para a lista negra e, em último caso, ser despedido.
A maioria das empresas/ entidades patronais tem falta de trabalhadores.
O passo mais lógico seria contratar mais funcionários, para assegurar o trabalho, e um número aceitável de horas de trabalho para os que já lá trabalham, através de novos reforços.
E há muitos candidatos para essas empresas/ entidades, à espera de ser chamados. Mas passam-se semanas, que se transformam em meses, sem que isso aconteça.
Porquê?
Porque sabem que podem continuar a fazer o mesmo trabalho, com os funcionários que têm, nem que para isso tenham que ser sacrificados.
É o comodismo a falar mais alto. Para quê contratar mais duas ou três pessoas para fazer aquilo que um ou dois funcionários conseguem fazer?
Para quê empregar mais alguém, se fulano consegue fazer malabarismos para assegurar num dia, e outro consegue fazer mais umas horas para desenrascar naquela semana, e aquele outro não tem outro remédio senão ir, porque já não está nas boas graças dos patrões e, se não fizer, ainda piora a sua situação?
Empregar mais alguém implica gastos. Dinheiro que, assim, evitam gastar.
Há falta de seguranças? Há!
Há falta de médicos e enfermeiros? Há!
Há falta de professores? Há!
Há falta de funcionários públicos? Sim!
Faltam muitos trabalhadores, para muitos cargos diferentes, no nosso país.
Mas ninguém será contratado, porque não há verbas, nem vontade de contratar a longo prazo mas, sobretudo, porque as empresas estão habituadas a não ter que se preocupar com essas questões, por haver sempre quem lhes facilite e alimente esse comodismo.