E assim vai a defesa dos animais
O antigo edifício da Santa Casa de Mafra está a ser demolido, dando lugar a um novo projecto, em parceria entre a Câmara Municipal de Mafra, e a Santa Casa da Misericórdia.
Nesse edifício, há anos devoluto e abandonado, vive uma colónia de gatos que conta, neste momento, com cerca de 20 gatos.
Foram lançados alertas nas redes sociais, para que as associações da zona pudessem fazer alguma coisa.
Eu própria falei com uma, e ofereci-me para tentar angariar fundos e meios de salvaguardar a colónia, antes que as obras começassem.
Mas o trabalho que têm é muito, a informação que lhes deram foi vaga, e não há ninguém com quem falar.
Essa via ficou inviabilizada.
Não acredito que nenhuma das entidades envolvidas no projecto desconhecesse a situação.
No entanto, as obras começaram, com os gatos lá.
Contactei com o PAN de Mafra, que me enviou a seguinte mensagem:
"Olá Marta, o primeiro passo é denunciar às autoridades, neste caso ao SEPNA, que faz parte da GNR e se dedica às questões ambientais, onde os maus tratos a animais de incluem."
Imaginei que o SEPNA se iria descartar mas, hoje, lá liguei.
Responderam-me que não têm nada a ver com o assunto, e que deveria ligar para a Câmara Municipal de Mafra, porque esta é que tem as colónias sinalizadas e pode saber o que devo fazer.
Liguei para a CMM. Responderam-me que tenho que lá ir fazer uma apresentação por escrito, ou enviar email. Depois, esperar que o processo seja encaminhado para quem de direito.
Em alternativa, posso ligar para o Canil Municipal, para ver se podem ajudar.
(antes, deitavam-se aqui neste muro)
(entretanto, com a demolição, a árvore tombou)
(este é o aspecto, hoje)
Não se vêem os gatos. Devem estar escondidos, com medo do barulho. Desorientados, por ver que a sua "casa" está a desaparecer.
Os adultos podem fugir facilmente para os quintais vizinhos. Os bebés podem não conseguir.
À hora de almoço estava este bebé em cima do muro que dá para a igreja.
Todos os dias passo lá, vejam se ainda por lá andam, quem está vivo, se ainda é possível ali comer e matar a sede, sem ficarem esmagados.
Todos os dias oiço a escavadora, mesmo da minha casa. E a cada investida para derrubar mais um pedaço, o meu coração tem um sobressalto. De receio, de tristeza, de impotência.
Com este jogo do empurra, tanta burocracia, falta de informação de quem deveria saber mais do que nós, e falta de acção de quem tem os meios, torna-se difícil ajudar a tempo de impedir o pior e, mais difícil ainda, acreditar que alguém, realmente, se preocupa com a defesa do animais.