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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Porque temos, tantas vezes, medo de assumir compromissos?

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Porque temos, tantas vezes, medo de assumir compromissos? De aceitar desafios?

 

De chegar à frente e dizer "eu faço", "eu aceito", "vamos a isso", com entusiasmo, preferindo um dúbio e pouco seguro "posso tentar", "é complicado", ou "sem compromisso" assumindo, à partida, que não o vamos conseguir fazer?

 

Porque temos tanto receio de dizer um "não" bem claro, ou um "sim" convicto, ficando-nos, tantas vezes, pelo "vou pensar", "tenho que ver", "talvez", deixando para depois uma decisão que, no fim, já está totalmente tomada no nosso pensamento?

 

Porque temos tanto medo de afirmar as nossas vontades?

Porque nos deixamos invadir tantas vezes pela insegurança acerca das nossas capacidades?

Porque receamos tanto aquilo que os outros pensarão de nós, ou de que forma receberão as nossas decisões?

 

 

 

Quão importante é ter uma "vida social" activa?

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Dizia o meu marido que, na zona onde morava antes, era-lhe extremamente fácil comunicar com as pessoas e fazer amizades, com as quais acabava por sair, conviver entre jantaradas ou, simplesmente, um café, por exemplo.

E que aqui, onde moramos, é mais difícil porque não há essa abertura por parte das pessoas que cá vivem, ou com quem trabalha. Que são mais desconfiadas, fechadas e não criam muita empatia pelos outros.

Ou seja, antes tinha uma vida social activa. Agora nem por isso. E sente falta. Acha que é bom, que nos faz bem.

Já eu, tenho uma opinião um pouco diferente.

 

 

 

Não sou de amizades relâmpago, como se vê muito por aí. Para mim, as amizades costumam-se ir cimentando, com o tempo e, como tal, desconfio logo quando as coisas acontecem demasiado rapidamente, e quando pessoas que se conhecem há dois dias já se consideram amigas, e já querem combinar saídas e programas em conjunto.

Não é que não goste desses momentos, de sair, de conviver.

Quando era mais nova, também tinha um grupo de amigos, com o qual saía, ia ao cinema, à discoteca, fazíamos jantares de aniversário e passagens de ano, ou nos encontrávamos para um café. Mas, depois, cada um foi à sua vida, uns casaram, outros partiram, outros tiveram filhos, uns separaram-se, e o grupo acabou.

Hoje em dia, não sinto tanto essa falta, como o meu marido. E fico sempre renitente quando ele quer que nos juntemos para um programa qualquer com colegas de trabalho que vai conhecendo, achando que podem vir a formar um grupinho, porque sei que provavelmente, não vai sair dali nenhuma amizade, e que, muitas vezes, ao fim de uns tempos a febre passa, mudam de trabalho e deixam de se falar. 

Ou até mesmo com antigos amigos dele, ou conhecidos, que ao fim de uns anos se lembram de aparecer, ou ele de os procurar, mas dali a uns tempos, com sorte, voltam ao esquecimento.

 

 

 

O meu marido gosta de conhecer pessoas novas, de travar amizades, de falar com toda a gente.

Eu não procuro amizades, nem me faz diferença que, em último caso, para a maioria das saídas, sejamos só os 2, ou os 3. Não me incomoda que a minha vida social seja escassa ou quase nula. Prefiro isso do que estar a ali só por estar, e perder tempo a apostar em algo que sei, à partida, que não levará a lado nenhum. Claro que, se houver oportunidade e as coisas se proporcionarem, gosto. 

 

 

 

Assim, a questão que coloco é: quão importante é para o ser humano ter uma "vida social" activa?

Quão importante é, para vocês aí desse lado? É algo de que precisam, sentem falta, ou não estão preocupados com isso?

É algo que sentem que melhora a vossa vida e a vossa saude, quer física, quer mental? Ou é indiferente?

 

Parque infantil ou casa de banho canina?

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O parque infantil da nossa zona esteve, há pouco tempo, em obras, a ser remodelado.

Tiraram o escorrega colorido, e com a casinha de madeira lá em cima, por outro mais moderno, mas sem graça.

Trocaram os tradicionais baloiços, por um único, em forma de cone, e o cavalinho por este da imagem.

Durante uns dias, andaram lá a colocar areia nova.

E o parque ficou pronto para ser utilizado pelas crianças. 

 

 

Ou seria esse o objectivo.

Na verdade, são muitos os adolescentes que para lá vão.

Mas o pior são mesmo os adultos, que se lembraram que, agora com o parque arranjado, aquele é um óptimo local para os seus animais fazerem lá as suas necessidades.

O resultado já se começa a ver, no meio da areia. 

Quanto tempo demorará a transformar, mais uma vez, o parque infantil numa casa de banho canina?

 

 

Quando um jogador desautoriza o seu treinador em pleno jogo

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Aconteceu no passado domingo, na final da Taça da Liga Inglesa, que se disputou entre o Chelsea e o Manchester City.

Por duas vezes assistido em campo, e já a terminar o tempo de prolongamento, o treinador do Chelsea, Maurizio Sarri, achou por bem substituir o guarda-redes Kepa, pelo seu colega de equipa, uma vez que, devido às queixas que foi apresentando, poderia não estar no seu melhor, para defender os penaltis.

Mas Kepa, achou que não havia necessidade. Que estava bem. Que podia continuar em jogo.

Só que o mostrou da pior forma, fazendo braço de ferro com o treinador, desautorizando este, fazendo birra e desrespeitando o seu colega que já tinha aquecido e estava pronto a entrar.

 

 

Duas pessoas estiveram mal nesta situação: jogador e treinador.

 

Kepa esteve mal porque, acima de tudo, deve respeito ao treinador. E se o treinador acha que ele deve ser substituído, por muito injusto que possa ser, só deve acatar essa decisão, ainda que não concorde com ela.

Esteve mal a partir do momento em que achou que só ele poderia defender a baliza do Chelsea, e que o seu colega poderia pôr em risco a vitória da equipa. Por muito que ele pense que "já que fiz até aqui, vou até ao fim" ou que se sentisse em plena forma física para continuar, ainda assim, não era motivo para fazer a birra que fez em pleno campo, e para a recusa veemente em sair e ser substituído.

Até poderia estar a fazê-lo pela equipa, mas a ideia que passou foi a de que só estava a pensar em si, e na sua vontade.

 

Sarri esteve mal porque, apesar das várias vezes em que pediu ao jogador para sair, sem que este o fizesse, não impôs a sua autoridade como treinador, mostrando que os jogadores podem fazer o que bem entendem, que ele não tem mão nem pulso firme para os comandar.

Em vez disso, reclamou, mostrou frustração, ameaçou abandonar o estádio, para depois voltar atrás e dar o dito pelo não dito e, mais tarde, desvalorizar o incidente, como se se tratasse apenas de uma mera falha na comunicação.

 

 

A verdade é que, por ironia do destino, o Chelsea acabou por perder a partida e a taça para o seu rival, devido a um penálti que Kepa não defendeu.

E agora, para castigo, como punição pela sua atitude, o Chelsea fez saber que o jovem guarda-redes irá doar uma semana de salários à fundação do clube.

 

 

Na minha opinião, um bom jogador não é apenas aquele que joga bem, que mostra bons resultados em campo e traz mais valias para a equipa, mas também aquele que, apesar do seu talento, tem também carácter, humildade, que sabe que está ali pela equipa e em equipa, e não para se mostrar a si próprio, que sabe o seu lugar e o seu papel, e quem é que comanda a equipa, que sabe acatar decisões, que não se deixa vislumbrar facilmente pela fama, pela imagem, pelos milhões que ganha, esquecendo tudo o resto.

E por vezes, é preciso chamá-los de volta a terra.

Penso que a melhor forma de punir Kepa pelo seu comportamento, mais do que perder ali meia dúzia de euros (que para ele é uma agulha no palheiro do ordenado que recebe), seria com a sua permanência no banco nos próximos jogos que a sua equipa disputasse.

Claro que, no futebol de competição a este nível, é mais provável que o clube, e o treinador por arrasto, estejam mais interessados naquilo que poderão ganhar (ou perder) com as possíveis fragilidades da equipa ou até mesmo derrotas, na ausência do seu melhor guarda-redes, do que em formar civicamente os jogadores. 

 

 

Bird Box - Às Cegas

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Já tinha ouvido falar do filme Bird Box, mas não prestei grande atenção.

Volta e meia, recebo sugestões da Netflix e, provavelmente, este filme, por lá designado “Às Cegas”, estava entre elas, mas não dei importância, nem associei como sendo o mesmo.

No fim-de-semana, o meu marido pôs o filme. E eu, que andava a arrumar roupa e fui apanhando partes do início, acabei sentada no sofá a vê-lo!

 

 

A história

O filme conta a história de Malorie (Sandra Bullock), num cenário apocalíptico, onde quem quer manter a integridade mental tem que estar fechado em casa, com as janelas e portas tapadas, e de manter os olhos vendados, sempre que sai à rua.

Tudo devido a uns seres misteriosos, as “criaturas” que provocam reações perigosas, levando quem as vê a cometer loucuras, normalmente, suicídio.

Malorie está grávida. Quando regressa de carro com a irmã, depois de uma ida ao obstetra para uma ecografia, percebe que o caos está a atingir aquele local. No meio do pânico geral das pessoas nas ruas e do próprio acidente provocado pela irmã, que já foi contagiada, Malorie acaba por se barricar numa casa com outros sobreviventes.

Cinco anos mais tarde, e numa tentativa de salvação e de dar uma vida melhor aos filhos, os três terão que embarcar numa missão praticamente impossível, da qual não se sabe se algum deles sobreviverá, ou conseguirá chegar ao destino.

 

 

 

Houve três questões que o filme me levantou.

A primeira é a que dá o mote ao nome do filme, e a toda a história – conseguirá o ser humano fazer toda a sua vida “às cegas”? O quão difícil é resistir à tentação de tirar a venda, sobretudo quando estamos numa situação de perigo, e de pura sobrevivência que, ao mesmo tempo, depende de termos, precisamente, uma venda que não nos deixa ver nada, para o bem e para o mal?

Lembrei-me de imediato de outro filme “Um Lugar Silencioso”, que ainda não vi (mas está na lista à espera de tempo), em que a sobrevivência daquelas pessoas depende do silêncio. O que será pior: não poder emitir um único som que seja, ou não poder ver?

Mais complicado ainda é, quando envolve crianças, seres curiosos e mais frágeis por natureza, cheios de sonhos, expectativas, energia. Como dizer a uma criança que, sob circunstância alguma, deve tirar a venda dos olhos, e esperar que ela compreenda, aceite e obedeça?

 

 

A segunda, com a confiança e o instinto de sobrevivência no meio do caos, a forma como agimos de formas diferentes, consoante o lado em que estamos.

Por um lado, estando do lado do perigo, e nos queremos salvar, o que mais desejamos, em relação àqueles que nos podem ajudar, é que confiem em nós, que abram uma excepção, que nos deixem entrar.

Mas, quando estamos do lado de dentro, vamos querer abrir a porta a outros? Vamos arriscar salvar outras pessoas, pondo-nos em perigo? Até que ponto, caso deixemos mesmo entrar, será essa pessoa confiável?

Como saber se nos estão a dizer a verdade, ou a fingir?

 

 

A terceira questão prende-se com a maternidade, a sobrevivência, e a escolha entre um filho de sangue, e um “filho adoptado” por força das circunstâncias.

A um determinado momento, é colocado o dilema de alguém ter que tirar a venda, para que seja possível atravessar os rápidos de forma mais segura, sem acidentes. Uma das crianças terá que o fazer. O “Rapaz”, como é chamado pela mãe, é o seu filho biológico. A “Miúda”, filha de uma das sobreviventes iniciais, é apenas uma miúda que ela protegeu e cuidou durante 5 anos, juntamente com o filho, após a morte da mãe dela.

Parece uma escolha óbvia sobre qual deles será o infeliz contemplado. Tão óbvia, dada a questão do sangue, e a forma dura como, por vezes, a mãe fala para ela, que a “Miúda” se antecipa, e se oferece para tirar a venda, sacrificando a vida.

Terá Malorie coragem para aceitar esta oferta, condenando à morte uma criança que não é sua, para se  salvar a si e ao próprio filho?

 

 

E, se conseguirem mesmo chegar ao local que lhes foi indicado, o que será que os espera? 

 

 

 

 

 

 

Curiosidades:

O filme é baseado no livro Bird Box, escrito por Josh Malerman, lançado em 2015. A obra do romancista teve grande sucesso e ganhou diversos prémios antes de se tornar filme. E porquê Bird Box? Porque os pássaros têm um papel especial nesta história!

 

Os actores tiveram que passar a maior parte do tempo das gravações com os olhos vendados, para que as suas prestações parecessem o mais reais possível.

 

 

 

Agora, em jeito de adivinha, e sabendo do que se trata a história, qual seria, para vocês, o local mais indicado, ou mais óbvio, para recomeçar uma nova vida e se protegerem destas "criaturas"?

 

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