Pedro Cunha editou, em 2015, o seu primeiro trabalho a solo, "SATELITE ON" sob o nome AH NUC, através do qual revelou algumas das canções que foi escrevendo ao longo dos anos.
Hoje, apresenta o segundo álbum "BETWEEN SILENCE & NOISE", onde volta a cantar em inglês.
Gravado e misturado nos NOBO estúdios, e com Pedro Cunha e Juan Casado a assumirem mais uma vez, a produção, este é um trabalho mais introspetivo, que mistura características e géneros, desde os anos 80, até à atualidade.
Aqui fica a entrevista:
Pedro, como se descreveria através das seguintes palavras:
Palavras – As palavras para mim são a revelação daquilo que sou, sejam elas orais ou escritas. Um simples sim ou um simples não pode revelar parte de nós. As palavras têm essa força. Têm também a excelência da descrição. Acho um livro na maioria das vezes, mais completo que um filme, porque as palavras lhe dão essa capacidade. De uma simples imagem, pode nascer um longo texto.
Introspeção – Introspeção é quando consigo tomar consciência da minha consciência, no fundo, o resultado de um auto exame à minha essência e às minhas vivências. É sem dúvida algo que gosto de fazer.
Silêncio – Silêncio... Adoro o silêncio no seu momento.
Miscelânea – Miscelânea sinceramente não me agrada. Gosto das coisas distintas e separadas. Embora nem sempre o seja, miscelânea a mim soa sempre a confusão, que é algo de que não gosto. Cada coisa no seu lugar. Quando a mistura é relativa, nalgumas situações pode tornar-se interessante.
Voz – A voz é única, sem igual, cada uma com as suas características, por muito idênticas que algumas possam ser, nunca são iguais. A maioria das pessoas não gosta de ouvir a própria voz, o que é interessante… Eu sou um desses casos, na maioria das vezes também não gosto de ouvir a minha, ahahah. É algo único que nos diferencia dos outros, num mundo onde a originalidade é cada vez mais rara é de salutar que o ser humano disponha de características distintas uns dos outros. A voz é uma delas!
Sucesso – Sucesso é a realização de algo que nos propomos fazer e que conseguimos realizar. Seja qual for o desafio ou o objetivo. É a afirmação do « eu ».
“Between Silence & Noise” é o título do segundo álbum de Ah Nuc. O Pedro é um homem de silêncios, ou de barulho?
Sou mais de silêncios, embora passe muito tempo entre os dois.
Nasci na cidade ( Lisboa ), mas sou mais do campo. Gosto de ouvir os sons da natureza ao acordar. Felizmente vivo num lugar onde isso acontece e isso para mim não tem preço. Gosto de dar longas caminhadas pela natureza, é um dos meus maiores prazeres.
Este álbum reflete esta fronteira, «estar entre os dois mundos», nem totalmente na floresta, nem totalmente na cidade. Uma metáfora a tantas situações que nos deparamos durante o dia a dia e a vida.
Existem silêncios pautados de ruído, e ruídos entre os quais é possível descobrir silêncios?
Existem sim. Quando depois de uma discussão mais acesa, se fica em silêncio, mas na nossa cabeça só ecoa ruído. Ambos fazem parte da nossa vida, sem um não existia o outro e vice-versa. São opostos e equivalentes.
“The River Stream” é o single de apresentação. Do que nos fala esta música, em particular, e o que pode o público esperar do álbum, em geral?
É o tema que dá nome ao disco. O nome é retirado de uma frase da letra «I live between silence & noise». Fala de alguém que sabe que não podendo fugir muito da corrente que nos transporta a todos no mesmo sentido, tenta dentro dos limites, ser um outsider.
É uma ovelha tresmalhada do rebanho, mas que ao mesmo tempo não se consegue afastar totalmente dele com receio de ficar só e isolada.
O álbum em geral reflete a indecisão constante, a dificuldade em tomar decisões, o ter de decidir entre dois ou mais caminhos, da solidão na multidão…da reflexão.
Ao longo do seu percurso enquanto músico, foram mais as vezes que rumou contra a corrente, ou no mesmo sentido que esta?
Normalmente vou mais com a corrente, deixo-me levar até que algum obstáculo me faz parar e pensar. Nessa altura reflito e se achar que o ideal para mim é o sentido oposto, remo contra a maré. Umas vezes com razão, outras sem, mas é o que faz o mundo girar, pelo menos o meu.
Juan Casado assume, novamente, com o Pedro, à semelhança do que tinha acontecido no trabalho anterior, a produção do álbum. Pode-se aplicar aquele provérbio que diz que “em equipa vencedora não se mexe”?
Eu e o Juan, conseguimos trabalhar bem juntos, complementamo-nos bem na questão dos arranjos e do som, por isso gosto de trabalhar com ele.
Neste álbum trabalhamos um pouco menos juntos do que no anterior (Satélite ON) porque eu já tinha muitos temas prontos neste, mas focamo-nos em quatro temas « The river stream», «Gloria» ,«Bye, bye» e «Between the ligths», que foram os últimos que compus.
O tema “Gloria” conta com a participação de Tiago Gardner. Como surgiu essa colaboração?
Eu e o Tiago somos amigos há bastante tempo. Fomos colegas em São João do Estoril e
começamos a aventura da musica juntos por essa altura. Formamos uma banda (Rocknocker), juntamente com outros dois amigos (António Costa e João Nunes) que foi o nosso primeiro passo para o restante caminho.
Este disco é cantado em inglês e como tal surgiu a ideia de desafiar o Tiago para cantarmos
o «Gloria» em conjunto, ele aceitou o que me deixou muito satisfeito e penso que veio dar ao tema uma outra dimensão.
Quais são os objetivos a cumprir, a nível musical, ao longo de 2019?
Os objetivos passam por divulgar este álbum o melhor possível, transporta-lo para o espetáculo e obviamente, continuar a compor e a escrever mais musica, que é o que realmente gosto de fazer e que me dá um enorme prazer.
Muito obrigada!
Nota: Esta conversa teve o apoio da editora Farol Música, a qual cedeu também as imagens.