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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

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Quando a velhice e a solidão andam de mãos dadas

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"Num hospital, após ter sido submetida a uma cirurgia e a recuperar, aparentemente, bem, uma paciente, ao ouvir os médicos dizerem que, a continuar assim, teria alta em breve, começou, subitamente, a queixar-se. 

Foram feitos novos exames, foram despistadas eventuais complicações, descartados novos problemas. Confrontada com a possibilidade de estar a inventar as queixas, para não sair do hospital, contou uma história sobre a filha, e como a sua determinação e ação contrária aos que os médicos diziam, tinha acabado por salvá-la, e permacer viva até hoje.

Mais tarde, quando investigada a sua história, por descargo de consciência, os médicos perceberam que não havia nada de errado a nível físico, mas apenas uma solidão enorme, por ter perdido a filha há muitos anos, e o marido mais recentemente."

 

 

Estar naquele hospital, poder conversar com os médicos, sentir-se acompanhada, e poder fantasiar sobre o que poderia ter sido a sua vida, tomando a fantasia como realidade, fez esta idosa preferir continuar lá internada, simulando sintomas e queixas, para não ter que voltar para a solidão e tristeza da sua vida, e da sua casa, onde nada nem ninguém a esperava.

 

 

Isto foi apenas uma cena de ficção, mas que representa bem a realidade de muitos dos idosos deste mundo.

Apesar de já existirem actividades, centros de convívio e outras alternativas para os atuais idosos, com o objectivo de os manter activos, integrados, úteis, ainda há muitos que vivem isolados, sós, abandonados.

 

 

Quem nunca se deparou com idosos que vão almoçar ao café ou restaurante da zona, para estar mais perto de outras pessoas?

 

Quem nunca teve de atender idosos ao telefone, que aproveitam para conversar ou desabafar sobre as suas vidas? Existem pessoas que ligam, muitas vezes, apenas para isso.

 

Quem nunca se deparou com idosos, no local de trabalho, na rua, ou em qualquer outro lado, que nos abordam para mostrar os seus papéis, facturas, receitas médicas, ou a pedir ajuda, e aproveitam aquele momento para afastar a lembrança das horas que, em seguida, irão passar sozinhos?

 

E nos cabeleireiros? Quantas pessoas não prolongam essas horas que ali estão, e vão falando das suas vidas, compartilhando aquilo que sentem com quem as atende, ou está presente no salão?

 

 

Existem locais onde as pessoas vão, muitas vezes, não para o objectivo principal a que se destinam, ou não apenas com essa intenção, mas sim para evitar a solidão, fazendo desses locais uma espécie de "sala de convívio".

Ainda assim, estes momentos em que a solidão parece ser atenuada, não chegam para colmatar aqueles em que anda de mão dadas com a velhice. 

 

 

 

 

 

 

Música puxa música

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A minha filha estava a cantar uma música de uma série que vê. E eu, a detreminado momento, ao ouvi-la, lembrei-me de outra.

O problema, é que só me lembrava do ritmo, não da letra. E não fazia a mínima ideia de quem a cantava, a não ser que era um homem, e em português.

E, com essas premissas, só me vinha à mente o Fernando Daniel. Mas não era nenhuma das dele.

Se à coisa que me deixa danada e inquieta, é não descobrir quem é que canta uma música que gosto, mas não podia fazer nada com tão pouca informação.

 

 

Fui às compras.

Enquanto estava a ser atendida, por coincidência, toca a música!

Para meu azar, mal se ouvia e só apanhei 3 ou 4 palavras o que, para uma pesquisa, nem sempre basta.

 

 

Já pelo caminho, lá ia pensando no ritmo, naquelas palavras, e comecei a inventar algo que me soava bem, surgindo a palavra "longe". E veio o clique!

"Longe" é um tema do Nuno Ribeiro. Será que é dele? Ou eu estou a inventar o longe?

Mal cheguei a casa, pedi à minha filha para pôr essa música e, voilá, era mesmo essa! 

Mas como só a ouvi 2 ou 3 vezes, e só uma parte, nem me lembrei. Estava com a cabeça às voltas com o Fernando Daniel que, para mim, só podia ser ele!