Da abstenção nas eleições do passado domingo
Eu diria que a abstenção se traduz numa única palavra: desesperança!
Muito se tem falado sobre a enorme taxa de abstenção que caracterizou as eleições do passado domingo.
Muitas têm sido as críticas a quem não foi às urnas, a quem não exerceu o seu direito de voto, a quem se esteve a marimbar para o que estava ali em causa, e preferiu ficar em casa, ou ir para qualquer outro lado passear.
Ah e tal "Abster-se de votar não é uma forma de protesto. Existem outras formas de mostrar descontentamento."
Ah e tal "Quem não vota não tem depois o direito de reclamar ou exigir nada, porque não fez nada para mudar o que considera que está mal."
Talvez.
Mas uma coisa é certa:
Não chega apenas apelar ao voto.
Não chega a possibilidade de votar em branco.
Não chega ir lá e entregar um voto nulo.
Mais do que isso, é preciso que surja um candidato/ partido, que nos faça acreditar na causa que defende, que nos convença de tal forma, que nos leve a levantar o rabo do sofá para dar esse voto de cidadania (e de confiança) com vontade, e gosto por exercer o nosso direito. Com esperança numa mudança.
E não é o que acontece hoje em dia, à excepção, talvez, do PAN, que tem vindo a marcar pontos e a revolucionar aos poucos. O PAN é aquele que, à falta de outro melhor, acaba por se mostrar diferente, e mais convincente. Mas não ainda o suficiente.
Os portugueses vivem em desesperança pelas propostas que são apresentadas. São mais do mesmo. E do mesmo que ninguém quer.
Os portugueses acreditam que, qualquer um que seja escolhido, fará o mesmo que os outros, mesmo que tenha prometido o contrário.
Só no momento em que surgir alguém capaz de revolucionar o actual panorama político, capaz de nos fazer juntar à causa, e lutar por ela, como fazemos, hoje em dia, em tantas outras áreas, se poderá reverter este quadro de abstenção.
Isso, ou então acenar aos portugueses com uma "cenoura", a que terão direito se cumprirem a sua parte (votando). Por norma, costuma ser ainda mais eficaz!