Quando um parvo se mete com outro, só pode dar confusão!
Era para ser uma viagem de autocarro como outra qualquer, da praia até casa, mas acabou por se tornar uma viagem atribulada, com direito a GNR e tudo!
Um homem entrou no autocarro, no terminal, e sentou-se nuns bancos atrás de nós.
Estava a falar ao telemóvel, pelo que percebi depois, com uma mulher. No início da conversa, parecia uma daquelas pessoas calmas, de bem com a vida, tudo "na paz".
Dizia ele que só o facto de estar vivo já era razão para estar bem. Depois, continuou a dizer que a outra pessoa confiava demais nos outros, e não o devia fazer, que ninguém tem que saber tudo dela, porque podem servir-se disso, enfim, uma conversa normal.
Até que, do nada, começa a gritar bem alto que ela não devia confiar em ninguém, com direito a uns quantos palavrões pelo meio.
Um homem que estava um pouco mais à nossa frente, sentiu-se incomodado, virou-se para o outro e disse-lhe para ter cuidado com a língua, que estava toda a gente a ouvir.
O dito, ou não ouviu, ou fez orelhas moucas.
Continuou a falar, a dizer que todas as mulheres são umas p*****, menos a mãe dele, e que ela era uma vagabunda, e que a mulher que estivesse ao lado dele tinha que ser discreta. Tudo, com palavrões pelo meio.
O tal homem que estava à nossa frente estava a passar-se. Abanava a perna, movia as mãos como se as estivesse a aquecer para o combate.
Às tantas, fez aquilo que se calhar todos nós estávamos a pensar, mas não quisemos fazer: levantou-se, foi até ao outro, e voltou a chamar-lhe a atenção. Mas, talvez a forma como o fez, não tenha sido muito feliz. Mandou o homem calar-se.
O homem passou-se, começou a discutir com o outro. O primeiro disse que depois já conversavam, voltou ao seu lugar e ligou para a GNR.
O resto do caminho foi passado com o atrasado do telemóvel a reclamar, que já tinha pedido desculpa pelos palavrões, mas que o outro não era ninguém para o mandar calar, etc, etc., continuando a dizer asneiras, pelo que o arrependimento não se notou.
Estávamos a chegar ao terminal de Mafra, quando o parvo 1 pergunta se já estava ali a espera dele, ainda a provocar.
Olhei pela janela, e vi o carro da GNR, com dois agentes do lado de fora. O parvo 2 sai nessa paragem, e pede ao motorista para esperar um pouco.
O motorista, entretanto, depois de deixar entrar os passageiros, levanta-se, vira-se para trás, e pergunta se está tudo bem.
O parvo 1 vai ter com ele e, entretanto, entram os agentes no autocarro, que lhe dão uma descasca pelo comportamento pouco adequado e falta de respeito para com os outros passageiros. Depois de tomarem nota dos dados do homem, avisam-no de que, se tiverem mais alguma queixa dele, irá seguir viagem, mas noutro carro!
Não sei se o homem se aguentou calado até ao final da viagem, porque saímos na paragem seguinte, mas por aqui se vê que até aquelas pessoas que parecem mais calmas e tranquilas, podem virar bestas, e arranjar confusão desnecessariamente.
Neste caso, um parvo que não tem educação nenhuma e não sabe estar nem falar com as pessoas, com outro parvo que parecia cheio de vontade de dar umas boas peras mas que, depois, parece ter ficado com medo, ou querer evitar uma confusão maior que aquela que arranjou quando lá foi tirar satisfações.