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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

À Conversa com Amélia da Silva

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Amélia da Silva tem 44 anos, é guineense, mãe e vive em Lisboa desde 2010.

A escritora é também atriz, com participações no teatro, cinema e ballet contemporâneo guineense.

Trabalha atualmente na restauração, e lamenta a falta de oportunidades decorrente da guerra em sua terra natal.

Para nos falar um pouco mais sobre si, e o romance que escreveu, aqui fica a entrevista:

 

 

 

 

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Quem é a Amélia da Silva, para além de autora?
Amélia da Silva sou eu, 44 anos, mãe e atriz.

 

Como surgiu a sua paixão pela escrita?

Através de exercícios de escrita que fazíamos nos ensaios teatrais.



O que a levou a escrever o romance “A vida é madrasta”?

Independentemente desta obra nascer através de exercícios de escrita, é também uma forma de falar de minha cultura, manjaco.

 

 

 

 

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Em que se inspirou para dar vida a esta história e personagens?

Os meus pais, sobretudo a minha mãe que não me viu a crescer, pois separamo-nos quando eu tinha quatro anos… No livro, ela morreu, tinha que ser para dar vida a mulher de Manél (madrasta de Toié).



A Amélia é guineense, mas vive em Lisboa desde 2010. Quais foram as maiores diferenças com as quais se deparou entre os dois países?

A grande diferença é que aqui o salário pode ser pouco, mas vivemos em paz.

 

 

 

 

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A personagem Toiê, protagonista da história, representa uma voz de resistência ao papel reservado às mulheres naquela época e cultura. Na sua opinião, que conquistas foram entretanto alcançadas através dessa luta e resistência, e o que é que ainda tem que ser mudado?

Hoje em dia, com as novas tecnologias e o mundo moderno, muitas coisas mudaram e vão sempre melhorar. Hoje em dia as mulheres querem estudar, não é como antigamente. Hoje em dia as mulheres querem ser independentes.

 


Através desta obra, ficamos a conhecer a cultura manjaca, etnia à qual pertence. Apesar de todas as restrições que a mesma implica, o que de melhor destaca desta cultura?

A cultura dos manjacos tem o espírito de competitividade no sentido positivo.



Para além da escrita, a Amélia trabalhou também como atriz de teatro e cinema estando, no entanto, actualmente, ligada à restauração. Foi uma opção sua, ou uma consequência da falta de oportunidades na área da representação?

Falta de oportunidade aqui em Portugal de trabalhar na nossa área… Eu não tenho costas largas, já me deram moradas falsas para ir a entrevistas de casting. Já fui a castings onde me perguntaram se eu tinha sangue angolano…

 

 

 

 

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Pegando no título do livro, diria que a vida foi “madrasta” para si?

Sim, para mim é. Depende de ponto de vista de cada um.

 


No dia 6 de outubro teve lugar a sessão de lançamento de “a vida é madrasta”. Correspondeu às suas expectativas?

Houve público de maioria guinéense, brasileiras e minha sogra e colega de trabalho que são portuguesas. Vendi 15 livros.

 


No futuro, pretende publicar outras obras da sua autoria?

Neste momento, estou a escrever uma historia alegre, intitulada “Histórias de nosso bairro”. Em “A vida é madrasta” não tive apoio de ninguém, nem patrocinios. Projeto de pobre é duvidoso, para realizar o meu sonho, gastei tudo o que eu tinha.

 

Muito obrigada, Amélia!

 

 

Nota: Esta conversa teve o apoio da Chiado Books, que estabeleceu a ponte entre este cantinho e a autora.

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La Victima Número 8 - Netflix

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Quando se é diferente é muito fácil, aos outros, usar essa diferença contra nós, apontando-nos o dedo, acusando-nos, julgando-nos…

Sobretudo, quando existe uma cultura muito vincada de preconceito, discriminação, desconfiança, medo…

Quando se julga o todo pela parte, e actos condenáveis de minorias, por toda uma cultura, religião e forma de estar.

 

 

Num dia como outro qualquer, uma carrinha foi contra um grupo de pessoas, numa esplanada, causando oito vítimas mortais.

O acidente foi, desde logo, considerado um ataque terrorista. O principal suspeito: o árabe Omar Jamal, entretanto desaparecido.

 

 

Na véspera, Omar e a sua namorada, Edurne, passeavam e conversavam, em jeito de brincadeira, sobre o que levariam para uma ilha deserta. 

Mais seriamente, Edurne convidou Omar para um jantar no dia seguinte, para apresentá-lo aos seus pais, convite ao qual Omar tentou, de diversas formas, escapar, sem sucesso.

A verdade é que Omar acaba mesmo por não aparecer e, no dia seguinte, no trabalho, Edurne fica a par do atentado, e da fotografia do suspeito, através de um paciente, entrando em pânico.

 

 

Culpado ou inocente?

Aos olhos da namorada - Edurne acredita cegamente que Omar seria incapaz de cometer aquele atentado, e é inocente. Não só defende-o perante a polícia e imprensa, como vai tentar, de todas as formas, provar a sua inocência.

 

Aos olhos da mãe - Adila também acredita que o filho é inocente e que, como tal, não tem que pedir perdão a ninguém por algo que o filho não fez. Também ela vai defendê-lo até ao último instante, ao contrário do pai, que não põe da lado a hipótese de o filho ser mesmo um assassino.

 

Aos olhos da sociedade - Culpado, sem qualquer dúvida! Afinal, as provas falam por si. Sangue e impressões digitais de Omar na carrinha, e uma imagem dele a sair da mesma a correr. Mas, acima de tudo, porque é árabe, e isso é o mesmo que carregar o selo "culpado" na testa.

 

Aos olhos da polícia - Se para os investigadores, todas as provas levam a Omar, Koro Olaegi começa, a determinada altura, a ter dúvidas sobre a culpabilidade deste, mais ainda quando o jornalista Eche lhe mostra como algumas situações são, no mínimo, suspeitas e sem sentido.

 

 

Monstro ou herói?

Assumindo que ele seja o autor do atentado, ele é visto, pela maioria, definitivamente, como um monstro. Para alguns, no entanto, é considerado um herói.

 

 

Como o peso de uma acusação sobre uma pessoa pode influenciar a vida de todos?

A mãe é despedida pelos filhos da patroa, porque não querem alguém que esteja associado a um crime daquela natureza, a tomar conta da mãe. Vale-lhe a confiança da patroa, e a sua atitude desafiante para com os filhos, para Adila voltar ao trabalho.

O pai, começa a ser posto de lado no trabalho, e em tarefas que antes não lhe competiam, na eminência de ficar mesmo sem emprego.

Os filhos, começam a sofrer bullying na escola.

Edurne, a namorada, enfermeira de profissão, é olhada de lado pelos seus colegas, afinal, ela passou a ser a "namorada do terrorista". E, na sua missão de provar a inocência de Omar, vai acabar por se colocar na mira da polícia, e de pessoas que estão dispostas a matá-la, se for preciso.

A própria comunidade árabe é afectada.

 

 

 

A ligação à família Azkárate

Gorka Azkárate é a vítima número 8. 

Filho de uma família influente e poderosa, ele deixa a viúva e o filho, bem como a amante grávida que, por acaso, será a responsável pela investigação do atentado que o matou.

Gaizka, o irmão que teve a sorte de ter ido à casa de banho, no momento do atentado e, como tal, um sobrevivente.

A mãe de ambos fará de tudo para vingar a morte do filho, nem que, para isso, tenha que pôr a prémio a cabeça de Omar, e humilhando a sua mãe.

 

 

A série

A série peca logo, no primeiro episódio, por nos mostrar no mesmo, até que ponto Omar foi, ou não, responsável pelo atentado, quando deveria ser uma supresa até ao final.

Mas outro mistério permanece, e dá o mote para os restantes sete episódios: o que tem de tão especial a vítima número 8, e de que forma é que ela contribuiu para o desenrolar de toda a história?

É a partir dessas descobertas que nos vamos deparar com o duelo final:

 

Corrupção x Profissionalismo

Verdade x Conveniência

 Justiça x Poder

 

Qual deles ganhará a batalha, no último episódio?