Há uma grande diferença entre não querer ter filhos e não poder ter filhos
Não querer ter filhos, implica uma escolha. Uma escolha feita livremente, que naquele momento é válida mas que, a qualquer momento, pode ser revertida.
Quantas mulheres não dizem, durante anos, que não querem ter filhos. Que ser mãe não faz parte dos planos. Que não estão reunidas condições para tal. Ou não sentem esse apelo da maternidade. Ou acham que não serão boas mães.
Ainda assim, de um momento para o outro, tudo pode mudar, e dar lugar ao desejo de ter um filho.
Não poder ter filhos, significa que essa liberdade e poder de escolha nos foi vetado. Que algo decidiu por nós, e só nos resta aceitar uma decisão que não temos qualquer forma de reverter.
Quando era mais nova, meti na cabeça que nunca iria ter filhos. Não era nada muito pensado. Era apenas aquela ideia de que não teria paciência para aturar bebés e crianças birrentas.
Depois, tive a minha filha, e jurei que nunca mais voltaria a ter filhos.
Primeiro, porque não queria passar novamente pela experiência do parto. Depois, porque à medida que a minha filha ia crescendo, achei que não queria passar por todos os receios, angústias e preocupações outra vez. Nem mudar fraldas, nem passar noites sem dormir e todas essas coisas que um bebé implica. Sobretudo agora, que a minha filha já vai para os 16 anos.
E, porque até hoje, não têm existido condições para voltar a ser mãe, tanto a nível financeiro, como psicológico.
Um filho implica disponibilidade, tempo, atenção, que estejamos lá para eles, e isso é, cada vez mais, algo difícil hoje em dia.
Por isso, não ter mais filhos tem sido, até à data, uma decisão minha.
Mas a idade vai avançando, os anos vão passando e sinto que, a qualquer momento, essa deixará de ser uma decisão minha, que posso mudar, se assim o desejar, e passará a ser uma realidade irreversível, de quem está a entrar na menopausa e, como tal, não poderá mais ter filhos, nem opção de escolha quanto a esse assunto.
Por muito que queiramos, ou não, ter filhos, é sempre difícil aceitar que estamos condenadas a um prazo de validade, que nunca sabemos quando chegará - para umas chega mais cedo que para outras - e que nos vai limitar em algo que deveria sempre ser uma hipótese a não descartar, até assim o entendermos.