Quantas pedras temos no sapato?
Desta vez, depois do teste do balão, veio um outro, também muito importante em diversos aspectos da nossa vida, seja nas relações amorosas, familiares, laborais ou amizades.
A ideia era mostrar que tudo aquilo que nos incomoda, e que teimamos em guardar para nós, não desaparece com o tempo. Pelo contrário, vai acumulando, incomodando cada vez mais, até causar ferida. E, depois, será mais difícil sarar.
Se, por cada coisa, assunto ou atitude, que nos incomoda, magoa, entristece ou com o qual não estamos satisfeitos ou agradados, e sobre o qual nunca falámos com quem o fez, colocássemos uma pedra no sapato, quantas pedras teríamos hoje, dentro do nosso sapato?
Muitas? Poucas? Nenhumas?
No entanto, ainda antes de fazermos contas às pedras que fomos juntando ao longo do tempo, é importante perceber porque é que elas não foram deitadas fora mas, em vez disso, acumuladas.
Porque é que temos tendência a não falar daquilo que nos incomoda? Daquilo que não gostamos?
Porque é que deixamos tanta coisa por dizer, quando a nossa vontade é pôr tudo cá para fora?
Será porque temos receio da reacção da outra pessoa? De como ela irá interpretar o que dissermos? E de acumularmos ainda mais pedras, além das que já tínhamos?
Ou por medo daquilo que, a menção de uma determinada situação, possa despoletar, à semelhança de um castelo de cartas, no qual temos medo de tocar, ou de tirar uma carta que está mal posta, não vá o castelo todo desmoronar-se?
Será por receio pelos outros, ou por nós mesmos?
Se acontece algo que não gostamos mas, de certa forma, é tão mínimo ou insignificante que pomos para trás das costas e não voltamos a pensar no assunto, então essa é uma pedra atirada fora.
Mas, se apenas fingimos que deixamos passar mas, à mínima oportunidade, essas situações vêm à superfície, então são pedras no nosso sapato, que nos irão acompanhar eternamente, se não nos livrarmos delas.
E a melhor forma de o fazer, é falar sobre elas com as pessoas que lhes deram origem.
Muitas vezes, uma conversa franca evita desconforto desnecessário, que pode levar ao rebentar do balão de forma explosiva, enquanto poderíamos estar a mantê-lo cheio e leve, com sopros de ar fresco, que o fizessem continuar a flutuar, sem medos.