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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Quando todo o nosso trabalho se perde em segundos

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Está uma pessoa a colocar todo o seu empenho naquele trabalho, a emendar daqui e dali, a retirar uma palavra, e a colocar outra, até chegar a um resultado satisfatório e pensar "ok, é isto" quando, no alto da sua tamanha inteligência, decide cortar do rascunho, e colar no documento final.

 

Só que, pelo meio, lembrou-se de cortar e colar outra coisa e, quando percebe, lá se foi o trabalho e não há forma de o recuperar!

 

Quem me manda a mim "cortar", em vez de "copiar".

Como diz, por vezes, a minha filha, sou mesmo "jumenta"!

Claro que me chamei um rol de nomes bem piores quando percebi a asneira que tinha feito.

"Mais vale um asno que me carregue do que um cavalo que me derrube"

Uma+das+criações+mais+perfeitas+de+Gil+Vicente..

 

Não conhecia este provérbio!

Vi-o no fim de semana, a propósito de um trabalho que a minha filha tinha que fazer, sobre A Farsa de Inês Pereira.

 

Segundo consta, Gil Vicente era acusado de plagiar obras do teatro chinês de João Miguel. Então, pediu aos que o acusavam, que lhe dessem um tema para que ele pudesse escrever uma peça.

E surgiu assim, desse ditado popular, “A Farsa de Inês Pereira” apresentada, pela primeira vez, para o rei D. João III, em 1523, no Convento de Tomar.

Esta farsa é considerada a peça mais divertida e humanista de Gil Vicente, pelo facto da protagonista trair o marido e não receber nenhuma punição ou censura por isso, diferentemente de outras personagens por si criadas.

 

A verdade é que, hoje em dia, quase todos procuram "cavalos/ éguas". Ninguém quer saber dos "asnos". Mas depois, tal como aconteceu com Inês Pereira, nem sempre aquilo que é idealizado corresponde à realidade, e podem acontecer surpresas que seriam dispensáveis.

É nessa altura que as pessoas se viram para os "asnos", que antes desprezaram, e começam a vê-los de outra forma. Não é o ideal mas, entre um e outro, acabam por preferir o segundo. Por vezes, transformam-se, essas pessoas, nos cavalos que não queriam ao seu lado, quando ao lado dos "asnos".

E um meio-termo, não se arranja por aí?!

Eliana - história de uma obsessão, de Élvio Carvalho

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A nossa mente tem uma forma muito peculiar de funcionar.

São tantos os mecanismos que ela utiliza, com as mais variadas intenções, que se torna difícil, a quem quer que seja, conseguir entrar nela e encontrar a chave certa para desbloqueá-la. Descobrir todos os seus segredos e mistérios, com alguma certeza de que não está apenas a enganar quem o faz, sem o perceber.

Se até mesmo a nós, a mente ludibria e manipula tão sabiamente, a ponto de não sabermos o que é real, ou apenas imaginado por ela.

 

Em “Eliana – história de uma obsessão”, cabe ao Dr. Albuquerque utilizar as ferramentas que tem ao dispor, para desbloquear a mente de Henrique, e perceber a verdadeira história por detrás do assassinato, do qual é o principal suspeito.

Se, para nós, leitores, faz todo o sentido a versão que ele conta, para a polícia, trata-se de uma história louca, de alguém que se quer passar por tal para se safar ou que, na verdade, não está mesmo no seu perfeito juízo, não distinguindo a realidade de pura invenção, obsessão ou desejo que tudo fosse diferente.

 

Para todos os que a conheceram, Eliana morreu num acidente de carro, há 5 anos. Nunca foi encontrado o corpo. Mas ninguém duvidou que estivesse morta.

O ex-namorado seguiu com a sua vida, e está agora numa relação com Maria, a irmã de Eliana, que espera um filho seu.

Tudo corria bem, até ao momento em que Henrique se torna suspeito de ter assassinado Paloma, uma estudante espanhola, com quem foi visto, no dia do crime, naquilo que parecia uma discussão entre ambos.

De onde conhecia, Henrique, Paloma? Teria sido uma situação ocasional? Ou algo mais?

 

Henrique acaba por contar a sua versão de tudo o que aconteceu nos últimos dias e quem é, na verdade, Paloma, explicando quem a poderá ter matado, e porquê.

Mas nada, nem nenhum dos testemunhos ou factos comprovados até ao momento, bate certo com esta história mirabolante.

Ainda assim, sem uma confissão, e sem provas concretas, a inspectora terá, mais cedo ou mais tarde, que libertar Henrique, que afirma não ter cometido o crime.

 

Em várias sessões, o Dr. Albuquerque acabará por conseguir que Henrique retome o controlo da sua mente, e perceba como as coisas realmente aconteceram, levando-o a, finalmente, confessar o crime, e a encerrar o caso.

Uma coisa é certa. Sabemos que Henrique não matou Paloma, e sabemos, por fim, quem o terá feito.

Só uma dúvida permanece: terá sido toda a história, realmente, uma invenção provocada pela obsessão de Henrique pela falecida ex-namorada, uma rasteira da mente para o enganar, ou teria, no fundo, contado a verdade, tal como nós mesmos a conhecemos, logo no início da história?

Seria aquela mulher, agora encontrada morta, Paloma, ou Eliana?

 

Gostei da forma como o autor dividiu a história em duas partes, e me fez voltar a reler tudo só para ver se, também eu, não estaria a ficar louca!

Se não teria lido mal, ou se me tinha escapado alguma coisa, deixando sempre aquele bichinho da dúvida.

É uma história que prende, que cativa, que nos entusiasma, porque também nós queremos saber a verdade.

Se há muita coisa que não bate certo na versão final de Henrique, o que nos leva a crer que ele sempre disse a verdade desde o início, e só depois alterou a sua versão, também há um ou dois factos que nos levam a pensar que, talvez, tudo tenha sido mesmo imaginação.

 

Sinopse

"Uma jovem de 22 anos é levada para Espanha por uma rede de tráfico de seres humanos e forçada a prostituir-se durante mais de três anos. O ex-namorado fica em apuros quando é encontrado um corpo, cuja descrição corresponde à dela."

 

 

Autor: Élvio Carvalho

Data de publicação: Novembro de 2019

Número de páginas: 392

ISBN: 978-989-52-7015-6

Colecção: Viagens na Ficção

Idioma: PT

 

 

As "ervas daninhas" da nossa vida

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Há pouco tempo, andaram por ali na zona uns homens a arrancar as ervas da rua, que teimam em nascer junto aos muros, nas valetas e por entre as pedras da calçada.

Hoje, reparei que estão lá de novo, crescidas, verdes, viçosas, como se nunca tivessem sido arrancadas.

E na verdade, não o terão sido, mas apenas cortadas. E como todos os “males” que não são eliminados pela raiz, acabam por voltar, muitas vezes mais fortes e mais nocivos.

 

Mas é incrível ver como algo que nunca foi semeado, e que certamente não é tratado nem cuidado, surge sem ninguém estar à espera, e cresce e se desenvolve sem darmos conta. Assim, com a maior facilidade.

Já aquilo que semeamos por nossa autoria, que queremos que dê flor, e fruto, que cuidamos com todos os cuidados, e vigiamos constantemente, na ânsia de ver a nascer e crescer, muitas vezes demora, não vem da forma como gostaríamos que viesse ou, por vezes, nem sequer chega a nascer, morrendo e apodrecendo debaixo da terra.

Irónico, não?!

 

Também nós, ao longo da nossa vida, nos vamos deparando com algumas ervas daninhas. Como já percebemos, elas não pedem licença, nem precisam de muito para surgir. E são tão manhosas que, muitas vezes, se misturam disfarçadamente, para que ninguém se aperceba delas.

Vão convivendo connosco, camufladas, fazendo-nos mal mesmo sem darmos conta disso. Roubando-nos espaço, sugando aquilo que ambicionamos para nós, tornando a nossa vida e existência mais negativa, sem grande esforço.

As coisas já não são fáceis de conquistar por nós mesmos, sem intromissões. Se tivermos inimigos invisíveis, a dificuldade aumenta ainda mais.

 

E, tal como acima referia, não adianta, quando nos apercebemos dessas ervas daninhas, apenas cortá-las, para que consigamos temporariamente, viver em paz.

Porque, mais cedo ou mais tarde (por norma mais cedo do que imaginamos) elas voltam, mais resistentes, mais perigosas, para ficar com tudo o que é nosso, nem que para isso tenhamos que ser sacrificados.

Por isso, há que arrancá-las de vez da nossa vida, e ficar atentos, ao mínimo sinal, para que outras não surjam no seu lugar, com o mesmo objectivo ou intenção e, caso se atrevam, para combatê-las enquanto ainda não têm força suficiente para nos derrubar.

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