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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

O problema de se abrirem precedentes...

 

... é que, depois de destrancada e aberta a porta, dificilmente poderemos voltar a fechá-la definitivamente.

Porque um precedente é isso mesmo: algo nunca antes feito mas que, uma vez realizado, poderá levar a querer repetir uma, e outra, e outra vez, sem que consigamos ter qualquer controlo sobre isso porque, afinal, fomos nós que demos origem a essa situação. 

E é a estes médicos que estamos todos entregues!

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Sábado à noite tivemos que ir ao atendimento complementar de Mafra.

Estavam dois médicos de serviço. Não estava tanta gente como da última vez.

Esperámos um pouco.

 

Chamaram 3 pessoas, a última da qual a minha filha. Entrámos. 

Disseram-nos para aguardar numas cadeiras que estão no corredor dos gabinetes.

A médica chama a primeira pessoa.

 

Nós, e um outro senhor, que estamos ali sentados à espera, conseguimos ouvir a conversa quase toda do gabinete médico. A porta nem estava bem fechada e, volta e meia, batia.

Por ali, meio perdida, andava também uma adolescente que tinha sido chamada antes. O médico não estava no gabinete e, quando finalmente chegou e ia atender a utente, a colega chama-o para pedir uma opinião.

Lá foi, por fim, atender a utente que já estava à sua espera, deixando a porta totalmente aberta, o que não ajuda à privacidade do utente que está a ser consultado.

 

Entra, passado um pouco, o utente seguinte no gabinete da médica. 

A forma como ela "impingiu" a vacina da gripe e uma "injecção" em vez de comprimidos, para resolver o problema do senhor, fez-me lembrar uma daquelas campanhas em que nos tentam vender um produto ou serviço.

 

Chegou a nossa vez. O médico perguntou o que se passava. A minha filha explicou.

Nem sequer a analisou. Fez logo o diognóstico, e começou a passar a receita. Perguntou duas vezes se ela era alérgica a algum medicamento. Fora isso, não houve mais conversa.

Pelo meio, ligou para a colega para confirmar a partir de que idade se podia tomar o medicamento "x". 

Receitou antibiótico, e ibuprofeno.

Este segundo, de tantas vezes que já me receitaram medicamentos para o mesmo problema, foi a primeira vez que vi um médico passar receita.

 

Parecia estar zangado com o teclado, tal a força com que batia nas teclas.

Ah, e só por curiosidade, ambos os médicos eram brasileiros. Ao que parece, é cada vez mais difícil apanhar um médico português neste serviço. Embora o profissionalismo e conhecimento não se meçam pela nacionalidade dos médicos.

À Conversa com Élvio Carvalho

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Élvio Carvalho é jornalista e editor de noticiários na TVI e TVI24.

Natural de Castelo Branco, acabou por se mudar para Lisboa em 2013, altura em que começou a trabalhar na TVI.

É mestre em jornalismo pela Universidade da Beira Interior e um apaixonado pela escrita. 

Para o ficarem a conhecer melhor, aqui fica a entrevista a Élvio Carvalho,  a quem desde já agradeço por ter aceitado o convite e pela disponibilidade para participar nesta rubrica:  

 

 

 

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Para quem não o conhece, quem é o Élvio Carvalho?

Em poucas palavras, sou jornalista na TVI, agora escritor.

Alguém que sempre gostou das letras e de inventar histórias para livros que nunca tinham saído da gaveta. Sou natural do concelho da Covilhã e vivo em Lisboa há quase sete anos.

 

 

Em que momento surgiu a paixão pela escrita?

Não sei precisar quando, mas foi ainda muito novo.

Logo que aprendi a ler, comecei a pegar em livros, infantis, claro, mas uns atrás dos outros, e ainda durante a primária, talvez já na quarta classe, escrevi o primeiro conto, se é que se pode chamar assim.

Desde aí, lembro-me que sempre inventei pequenos contos, histórias, banda-desenhada, mas nunca de forma séria. Já na universidade, tentei escrever o primeiro romance, mas não tive disciplina para terminar.

Há dois anos revisitei algumas dessas páginas e acabei por começar o livro que agora viu a luz do dia.

 

 

O jornalismo acabou por vir na sequência dessa paixão?

Não exatamente. Sempre gostei de saber o que se passava no mundo, mas o gosto pelas notícias e pelas várias formas de fazer jornalismo foi uma coisa crescente.

Aumentou com o passar dos anos, mas, por exemplo, no 9º e 10º ano ainda tinha dúvidas se não seria melhor ir para Direito.

A escrita não. Sempre gostei, sempre inventei histórias minhas, sempre tive imaginação fértil nesse sentido.

Lançar um livro depois de já ser jornalista acabou por ser uma mera casualidade, podia bem ter sido ao contrário se me tivesse dedicado a sério mais cedo.

 

 

Enquanto jornalista, dá-lhe mais prazer a notícia, um texto de opinião, ou a escrita literária?

São diferentes e são campos que não misturo. Notícia é facto, é o presente, mas acima de tudo é a verdade. A escrita é pensada, trabalhada, desenvolvida num período de tempo e algo que podes levar para o rumo que quiseres. É tudo o que quiseres que seja, no género que te apetecer e te der mais prazer.

 

 

Natural da Covilhã acabou, mais tarde, por se mudar para Lisboa. Que diferenças apontaria como mais vincadas entre ambas as cidades, nomeadamente, a nível de oportunidades?

Para um jornalista há certamente mais oportunidades em Lisboa, principalmente se falarmos de rádio ou televisão. Quanto às cidades em si, Lisboa é obviamente uma cidade muito maior e com mais diversidade, mas a Covilhã também tem uma beleza e charme que só quem lá viveu ou vive entende.

É uma cidade de média dimensão, onde não falta nada como numa cidade maior, mas onde ainda é possível ter um estilo de vida mais calmo, próprio do Interior e das cidades mais pequenas. Depois fica na encosta da Serra da Estrela e só isso vale muitos pontos.

 

 

O Élvio é, atualmente, jornalista da TVI. Quais foram as maiores dificuldades com que se deparou, ao longo da sua carreira, nesta área?

O jornalismo é uma área de desafio constante.

És obrigado a lidar com temas de todas as áreas diariamente e tens de estar constantemente atualizado. Não dá para “desligar” completamente quando sais do trabalho ou quando vais de férias, e chega a uma altura em que também não o queres fazer.

A dificuldade – ao mesmo tempo o que torna esta profissão tão boa -, é que nunca vais saber tudo sobre um assunto, e todos os dias aprendes, e tens mesmo de aprender se depois queres explicar a quem te está a ler, ouvir ou a ver.

 

 

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"Eliana, história de uma obsessão" é o seu primeiro romance. O que o levou a escrever e editar este livro?

Como já disse, a escrita sempre foi uma paixão.

Este livro em particular foi apenas aquele que eu senti que devia continuar a aprofundar. Tive uma ideia que achei que podia dar uma boa história e achei que podia juntá-la aos tais capítulos que já tinha escrito na universidade e que nunca acabei.

Quando reli, percebi que não fazia sentido juntar as duas coisas. Essa ideia original acabou por se tornar apenas o 1º capítulo de “Eliana – história de uma obsessão”…

E para quem já leu percebe que se tornou apenas uma pequena parte do enredo.

 

 

Quais foram as suas maiores inspirações para o escrever?

A narrativa em si teve várias influências.

São pedaços que fui recolhendo ao longo de um ano, de factos verídicos, de conversas de café, de pensamentos durante viagens de carro.

No final, ficou esta história que já está nas bancas.

 

 

Que feedback tem vindo a receber relativamente a esta obra, que marca a sua estreia na escrita literária?

Até agora a receção tem sido positiva, principalmente em relação ao ritmo e “às voltas” que a história dá em vários momentos do livro.

Várias pessoas elogiaram a forma como está encadeado, de uma forma em que o livro prende o leitor. Depois, o final, que não esperavam.

Mas talvez das melhores críticas que tive, e que me encheram de orgulho, foram pessoas que me disseram que as inspirei a voltar a ler e duas outras que me disseram que as inspirei a escrever ou a voltar a escrever.

 

 

Que autores, tanto nacionais como internacionais, elegeria como suas principais referências?

Aqui acho que vou ser um pouco mais “controverso”. Nunca sei bem como responder a essa pergunta porque nunca consigo apontar bem quem foram as minhas grandes influências.

Eu explico. Desde novo, quando escolhia um livro, antes de olhar para o autor eu olhava para o título, para a sinopse, e tentava perceber se aquela história me podia agradar. Por isso, li muitos autores diferentes, uns que gostei, outros que nem tanto, mas nunca me habituei a escolher com base no autor. Ainda hoje é assim.

Um dos últimos livros que li foi “O meu irmão” de Afonso Reis Cabral, li-o porque tive curiosidade por ver a escrita do homem que ganhou um prémio Leya, sim, mas também porque a sinopse me chamou, ou não o teria lido.

Claro que ficava bem dizer que Saramago me inspirou, por exemplo, mas eu só descobri a escrita dele no secundário. Gosto muito, mas não posso dizer se foi uma influência na minha forma de escrever. Acho que cada autor que lemos nos ajuda a crescer um pouco, sejam bons ou menos bons.

Dito isto, alguns autores que repeti ao longo dos anos foram Eça de Queirós, José Rodrigues dos Santos, Dan Brown e claro, José Saramago.

Depois, acho que a verdade é que muitas das minhas influências vêm de livros de não-ficção e de campos não literários, como o jornalismo, principalmente ao nível da escrita (porque acho que tenho um estilo mais direto), mas também das séries e dos filmes, particularmente aqueles com muitas reviravoltas e que no fim nos deixam de boca aberta, de tão inesperados que são.

 

 

Neste livro, o Élvio aborda a obsessão, nas suas diversas formas, e as consequências que a mesma pode causar em quem dela é vítima. Na sua opinião, até que ponto pode a obsessão deturpar, na mente de alguém o sentido da realidade, e de que forma poderá, ou não voltar a recuperá-lo?

Nenhuma obsessão é saudável, essa é uma certeza.

Neste livro, mesmo sendo uma história imaginada, um trabalho de ficção, vemos uma versão do que pode acontecer quando cegamos por algo ou alguém.

Acho que amor-próprio e o apoio de quem está à volta é fundamental para evitar situações assim.

 

 

Outro dos temas em destaque é o tráfico de seres humanos. Considera que este é um flagelo, cada vez mais, difícil de combater e desmantelar na sociedade actual?

Não diria que é mais difícil de combater do que há alguns anos, mas ninguém tenha dúvidas de que é uma realidade bem presente.

Ninguém pense que só acontece em países menos desenvolvidos e onde a segurança é menor.

Acontece na Europa, acontece em Portugal.

 

 

Podemos contar com novas obras de Élvio Carvalho?

Espero que sim.

Tenho ideias para vários livros e agora que lancei o primeiro terei pena se outras histórias não saírem da gaveta. Não ia gostar que assim fosse.

Mas um segundo livro depende quase sempre do sucesso do primeiro. Vou para já concentrar-me neste, um segundo talvez apareça.

 

 

Que temas gostaria de abordar em futuros livros?

Isso seria revelar enredos. Mas quero continuar a apostar em problemas reais e a mostrar como afetam as vidas comuns.

 

 

O romance é um estilo a manter, ou gostaria de se aventurar noutro registo?

Para já sim, é para manter. É o estilo que gosto mais de escrever, mas como jornalista também não coloco de parte algum dia publicar no campo da não-ficção, nunca se sabe.

 

 

Muito obrigada!

 

 

Nota: Esta conversa teve o apoio da Chiado Books, que estabeleceu a ponte entre o autor e este cantinho.

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4 anos sem Tica

Faz hoje 4 anos que a Tica partiu.

Costumamos dizer que, de certa forma, ela está presente na Becas e na Amora mas, ainda assim, a Tica tinha particularidades muito próprias.

 

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Foram muitas as vezes que a Tica dormiu nestas caixas de cartão, lá bem no alto. 

 

 

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Adorava pôr-se em cima do microondas.

 

 

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Era doida por ervinhas!

 

 

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Subia para o lavatório, e ali ficava sossegada.

 

 

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Ou no bidé, a aprender higiene dentária.

 

 

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E no lava-loiça!

 

 

Tica Abril 3

E adorava pendurar-se nos cortinados!

 

Tão bom recordar a nossa castanhinha 

A vida que temos é, em parte, resultado das opções que tomamos

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A vida que, hoje, cada um de nós tem deve-se, em grande parte, às opções que, ontem, tomámos em relação a ela.

O problema é que, muitas vezes, quando as opções são tomadas, apenas se pensa no que irá acontecer naquele momento, mas nem sempre nas implicações que as mesmas terão no futuro.

As pessoas só se lembram dessas implicações quando esse futuro chega, e se torna presente. E só nesse momento se lembram que cada opção traz, inerente a ela, uma responsabilidade.

 

E agora?

Agora, é pensar se, apesar de não ser bem aquilo que estavam à espera, iriam sentir-se melhor em voltar atrás, em desfazer as opções tomadas, ou se isso as faria sentir ainda pior?

Será que não estão a ser demasiado derrotistas, demasiado negativas, sem perceber que, ainda assim, existe algo de bom que não conseguem perceber ou dar valor?

Que podem ter perdido algumas coisas mas, em contrapartida, ganhado outras igualmente boas?

Uma coisa é certa: as pessoas estão sempre a tempo de tomar novas decisões, de fazer escolhas ou opções que lhes tragam aquilo que sentem que lhes faz falta.

Mas sem esquecer que, aquilo que querem hoje, pode não ser aquilo que desejarão amanhã.

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