Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada...
Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!
Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada...
Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!
Há quem desista muito facilmente, e quem teime em não desistir.
Há quem leve a vida toda a desistir, e quem não tenha essa palavra no seu dicionário.
Há quem diga que desistir é para os fracos.
Mas, por vezes, desistir pode ser a decisão mais acertada.
E não torna ninguém mais fraco. Apenas, mais sensato.
É aí que as coisas se complicam.
Nem toda a gente sabe desistir. Há quem confunda persistência, com teimosia. Determinação, com irresponsabilidade.
Há quem insista naquilo que sabe que será uma luta perdida, por puro orgulho.
Há quem esteja tão agarrado, tão focado, que não consiga abdicar, abrir mão, tomar a decisão mais acertada.
Por vezes, insistir é insensato. Ainda que pareça ser aquilo que nos faz mais felizes hoje, pode não ser o que nos trará felicidade, amanhã.
Para algumas pessoas, desistir será a decisão mais difícil que alguma vez tomaram na vida.
Mas é preciso aprender a fazê-lo, a saber fazê-lo, e a aceitar que, o que achamos que estamos a perder hoje, pode ser aquilo que nos levará a ganhar, amanhã.
Mais um dos filmes que estava, há muito, na minha lista de espera da Netflix.
Confesso que, quando li a sinopse, pensei que seria mais um filme sobre um filho desaparecido, talvez raptado, e sobre a ineficácia da polícia, em agir.
De facto, há um filho desaparecido. Mas esse acaba por ser apenas o fio condutor para toda a trama que se centra, basicamente, em mais de uma hora de discussão entre a mãe, negra, e o pai, branco, e o ponto de vista de cada um quanto à forma como queriam educar o filho, e como essa educação se reflectiu na confusão em que o mesmo estava a viver nos últimos tempos, a par com a separação dos pais.
Por um lado, temos uma mãe que teve um passado traumático, fruto de racismo, e que quer que o filho seja livre para ser como é, sem receios, sem limitações, aceitando as suas raízes, e fazendo valer os seus direitos, enquanto ser humano, independentemente da cor da pele.
É uma mãe que, perante uma fase menos boa na vida do filho, tem que tomar decisões. E viver com os seus constantes pesadelos relativamente ao que, eventualmente, poderá um dia acontecer ao filho.
Agora, naquela sala de espera, em desespero por não saber do filho, com o qual tinha tido uma discussão feia antes deste sair, e perante um agente que parece pouco disposto a ajudá-la, Kendra está à beira de um ataque de nervos, a dizer tudo aquilo que tem entalado, que pensa, mas nem sempre deve dizer quando se depende das pessoas em quem se está a descarregar a frustração, ainda que com toda a razão.
Por outro, temos um pai que quis, desde sempre, que o filho fosse criado de acordo com as tradições da família branca, ou seja, à sua medida mas, relembrando-o daquilo que, enquanto negro deve evitar.
Um pai que deixou a mulher porque passavam o tempo todo a discutir, por conta das diferentes formas de ver a vida, a educação do filho, a realidade, o futuro.
Um pai que talvez não esteja tão presente quanto seria de esperar.
Scott é um homem um tanto arrogante, um tanto ponderado mas, quando percebe que o estão a enganar, também explode, e causa danos que seriam de evitar, naquela situação.
Ainda assim, consegue conservar algum bom humor.
Kendra e Scott, enquanto aguardam a chegada do tenente, que parece nunca mais vir, passam o tempo todo a discutir, a atirar culpas um ao outro, a fazer mútuas acusações, a responsabilizar o outro pela situação em que o filho está agora, repetindo o padrão em que se tinha vindo a tornar o casamento.
Mesmo quando parece que estão prestes a dar tréguas, por uma causa maior, e por um amor comum, pelo filho de ambos, que está desaparecido, voltam ao ataque.
E será assim até aos momentos finais, quando é revelado o que realmente aconteceu a Jamal, e em que cada um deles percebe que todas essas discussões foram inúteis, que não existem culpados, que não podem controlar nada, nem ninguém, o tempo todo, e que cada um é responsável por si próprio e pelas suas acções.