Il Processo, na Netflix
Existe o instinto, o sexto sentido, a sensação que nos faz seguir numa determinada direcção, considerando que é a certa, ainda que o seja só para nós.
Existem os indícios e as testemunhas, que nem sempre são fiáveis, ou credíveis e, embora nos apontem para um caminho, podem fazê-lo de forma propositada, ou ser mal interpretados.
Existe o envolvimento pessoal, que pode toldar o pensamento, o raciocínio, o discernimento. Ou não…
E existem os factos, e as provas, os que melhor podem contar a história, e apontar na direcção a seguir, na descoberta da verdade.
Il processo é uma série italiana que se centra na procuradora Elena Guerra, uma mulher de fortes convicções, que tem em mãos a investigação do assassinato de uma jovem de 17 anos, Angelica.
Apesar de, no início, ela não mostrar grande interesse em ficar com o caso, até porque, numa última tentativa de salvar o seu casamento, ela acaba mesmo por pedir uma licença e a sua substituição no processo, Elena logo vai perceber que Angelica não é uma vítima qualquer, e voltará atrás, investigando a fundo e levando a cabo a tarefa de provar a culpabilidade de Linda como autora do crime, tal a certeza que tem, de que foi ela que matou a jovem.
Do lado oposto, está Ruggero, advogado de defesa de Linda, que tudo fará para provar a sua inocência, até porque dessa vitória depende o seu futuro como advogado de sucesso, apoiado por uma das famílias mais ricas, ou como fracassado. Além disso, Ruggero acaba por se envolver com a sua cliente, o que lhe dará ainda mais motivação para levar a bom porto a sua missão, nem que para isso tenha que descredibilizar, ou mesmo, afastar, Elena do caso, com a revelação de uma verdade que esta tentou a todo o custo esconder.
Uma verdade que lhe poderá valer o fim da sua carreira como procuradora.
Quanto ao crime se, no início, tudo apontava para o marido de Linda, e depois para ela própria, ao longo das várias sessões do julgamento, as dúvidas vão aumentando, até porque irá haver confissões inesperadas, e novas provas que apontam em outros sentidos.
Estaria Elena, uma mulher cheia de certezas, assim tão errada?
Estaria ela, realmente, a lutar pela condenação de uma pessoa inocente?
Por outro lado, temos o envolvimento pessoal de Elena, o seu passado que ressurge, o seu presente que parece desmoronar, e um futuro que acaba por ser uma repetição do passado, uma forma de fazer, desta vez, a escolha certa e, de certa forma, se redimir pelas decisões tomadas muitos anos antes.
Com apenas 8 episódios, a série dá-nos a conhecer, no último episódio, a verdade, abrindo caminho para uma segunda temporada, que permita às diferentes personagens voltar a repôr tudo nos seus devidos lugares, em nome da justiça.
Eu gostei muito, e recomendo!