Quando vemos, nos outros, um reflexo de nós próprios
Mais depressa olhamos para os outros, do que para nós. E é tão mais fácil observar quem nos rodeia, do que direccionar a visão na nossa direcção, pela dificuldade de conseguirmos ver tudo, e de forma isenta.
Mas, se pensarmos bem, muitas vezes, aquilo que vemos e apontamos nos outros é, também, um reflexo de nós próprios.
Somos as pessoas que, em determinado momento, agem com o coração. E em outro, com a mente, com ponderação.
Somos as pessoas que preferem ver o lado bom das coisas, mas também somos aquelas que, algumas vezes, não conseguem esquecer o mau, e se revoltam.
Somos aquelas pessoas que, muitas vezes, guardam para si as suas opiniões, que preferem calar-se, ignorar provocações, mas também aquelas que, noutras ocasiões, dizem o que têm a dizer, e explodem.
Somos pessoas organizadas e metódicas mas, também, quando calha, menos perfeccionistas.
Somos pessoas de trabalho mas, como outras, também nos sabe bem o descanso, o não fazer nada.
Somos pessoas de causas que, muitas vezes, não precisam de causas para agir.
Somos pessoas calmas, mas até as mais calmas, em determinados momentos, podem exaltar-se.
Somos inseguros, vulneráveis, mas outras vezes confiantes e fortes.
Podemos parecer frios em algumas circunstâncias mas, noutras, oferecer aquele calor humano que conforta.
Somos um conjunto de "camadas", de diferentes pessoas numa só, com características mais vincadas e activas que outras e que, à partida, nos definem.
Mas somos, não raras vezes, um reflexo daquilo que criticamos nos outros, mas que também poderá existir dentro de nós, ainda que adormecido, ou pouco visível.