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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

"AWAY", na Netflix

Away' now streaming on Netflix | Francine Brokaw | heraldextra.com

 

"Away" é uma série que conta a história de 5 astronautas, enviados numa missão a Marte, para descobrir se é possível habitar o planeta vermelho.

Se tudo correr como programado, a missão terá a duração de 3 anos, durante os quais cada um dos tripulantes estará longe da sua família, que deixou na Terra.

 

Emma Green é a comandante da missão, algo para o qual ela se preparou a vida toda, chegando mesmo a ponderar abortar, quando soube que estava grávida, com receio que um filho lhe estragasse o sonho de uma vida.

No entanto, a sua filha é agora uma adolescente, e Emma está a concretizar o sonho, ao contrário da sua amiga e colega, que abdicou da carreira para se dedicar à maternidade.

 

Em termos de missão, dificuldades técnicas relativas à mesma, e acção desenvolvida à volta desse tema, a série não cativa muito. Não há grande acção, nem tão pouco adrenalina.

Também Emma, enquanto comandante, deixa muito a desejar, sem conseguir manter a autoridade, o respeito e, ao mesmo tempo, o consenso e a empatia, relativamente aos companheiros, ao longo da viagem.

Tal como enquanto mulher, e mãe. Se, por um lado, quer ir em missão, por outro, muito cedo mostra o desejo de querer voltar para casa.

Acho até que, das várias personagens de Hilary Swank, esta terá sido a menos bem conseguida.

 

Assim, no que respeita às personagens presentes na nave Atlas, talvez Misha seja a mais interessante. Um homem que, após prometer à filha que não voltaria ao espaço, acabou por se refugiar nesse mundo, após a morte da mulher, deixando a filha a cargo de uma tia, que a criou. 

No entanto, Misha quer a todo o custo obter o perdão da filha, que o rejeita e, agora que esta pode ser, efectivamente, a sua última missão, dado o risco e a perda de visão que está a sofrer, é por esse objectivo que luta.

Começa a série como um russo arrogante e com a mania que é melhor que os outros, mas acaba por mostrar o seu verdadeiro eu: um companheiro leal, um avô babado, um professor bondoso, um ser humano sensível.

 

Lu, a chinesa escolhida para ser a primeira a pisar Marte e tirar a foto da praxe, parece a antítese de Emma, no que se refere a questões familiares. Lu está focada na missão, que quer levar até ao fim, nem que para isso tenha que se sacrificar, e mentalizou-se de que, durante aquela missão, o filho só terá o pai, e ela não se deve desviar ou deixar-se levar pelas emoções, que podem comprometer todo o trabalho.

No entanto, o que não falta dentro de Lu são sentimentos oprimidos que, com o tempo, acabarão por extravasar, e mostrar uma outra faceta da mesma pessoa.

 

Kwesi destaca-se porque, a partir de determinado momento ele, que era o estreante nestas viagens espaciais, parece ser o que mais sensatez, espírito de equipa e de liderança apresenta, e sempre com as palavras certas, no momento certo.

 

Já em Terra, o destaque vai para Alexis, filha de Emma que, como seria de esperar, vive em permamente ansiedade pelo tempo que vai estar longe da mãe, e pela possibilidade de ela morrer.

Como se isso não bastasse, o pai sofre um AVC, terá que fazer fisioterapia e pode não voltar a andar. Em último caso, devido à sua doença, pode ter a vida em risco.

E ela própria vive na dúvida se não terá herdado o gene da doença do pai.

Assim, na ausência dos pais, ela acaba por encontrar o seu refúgio junto de Melissa, a filha desta e Isaac, que virá a ser o seu primeiro amor.

Só que, entre tantas incertezas e sem os pais presentes para a guiarem, ela acaba por ter algumas atitudes irreflectidas sem, contudo, deixar de ser a menina que sempre foi. Mas já sabemos que, quanto mais se proibe, mais se incentiva a fazer e as palavras têm, muitas vezes, o efeito contrário daquele que se pretendia.

 

Ou seja, a série vale pelas relações pessoais entre as personagens, e não tanto pelo tema principal - a viagem a Marte.

E confesso que, para mim, seria imensamente claustrofóbico passar tanto tempo numa nave, em pleno espaço. Acho que daria em louca, e me acabaria por atirar, num acesso de loucura, para o buraco negro do universo!

 

A eterna luta entre a vida e a morte

Morte e vida severina Archives - CENPEC

 

É uma luta desigual, e inglória.

Uma luta em que já sabemos quem, no final, levará a melhor. Tudo aquilo que nasce, mais cedo ou mais tarde, morre.

 

Podemos, de certa forma, ter uma palavra a dizer sobre a vida. Decidir quem (o que) nasce, e até programar quando nasce. Mas, sobre a morte, não temos qualquer poder. Não sabemos quando nem como chega. Só sabemos que é certa.

 

Por isso, embora estejamos cansados de ouvir dizer que, por ser curta, devemos aproveitar a vida ao máximo, a verdade é que é o melhor que podemos fazer. Porque nunca sabemos quando ela nos vai ser tirada.

Por vezes, recebemos sinais de que devemos abrandar. Parar. Avisos de que a vida não estará cá sempre para nós, e que devemos valorizá-la e aproveitá-la mais.

Avisos em forma de cansaço, de doença, de acidente, de pandemia, como a que estamos a viver este ano. Ou outros.

 

Mas os avisos, nem sempre serão apenas isso. Avisos. 

Muitas vezes, são o início da contagem descrescente. O prenúncio do que não podemos evitar.

 

Por essa razão, antes que os "avisos" nos cheguem à porta, mais vale fazê-lo por nós mesmos, pela nossa vida, pelo nosso bem estar.

Abramos os olhos para a vida enquanto podemos, antes que a morte os feche de vez!

Mães ausentes

De que são feitas as mães? – Carla Félix

 

Na última semana acompanhei duas séries e, em ambas, havia uma mãe que, como é óbvio, diz amar os seus filhos mais do que tudo na vida mas, ainda assim, uma mãe ausente.

Em ambos os casos, a ausência deveu-se ao trabalho exigente de cada uma delas, que as obrigou a deixar os filhos aos cuidados de terceiros.

 

Sofia, apesar de viver com o seu filho Emil, estava tão embrenhada no seu trabalho de investigação criminal, que não fazia a mínima ideia do que se passava com o filho na escola, da criança em que ele se estava a transformar, e das consequências que a constante falta de uma mãe presente estavam a provocar a nível psicológico, no seu filho.

Apesar de morarem juntos, pouca ligação tinham. Sofia não sabia o que fazer com ele e, das poucas vezes em que prometia um programa a dois, acabava por ter que cancelar, por causa do trabalho.

Emil estaa a ser, basicamente, criado pela meia irmã ou por vizinhas, que tomavam conta dele quando a mãe não estava.

Atrevo-me a dizer que Sofia se sentia mais realizada e confortável a nível profissional, do que familiar. 

 

Já Emma, preparou-se toda a vida para ser astronauta e, especialmente, para a primeira viagem a Marte.

Durante essa missão, o seu marido sofre um AVC que o deixa numa cadeira de rodas, e a filha de ambos, a adolescente Alexis, terá que lidar com a doença do pai, com a ausência de 3 anos da mãe, com a hipótese de a mãe não regressar a casa, com o primeiro amor e com todas as inseguranças próprias da sua idade.

Como é que se pode educar alguém à distância? Como é que se pode participar do crescimento de um filho, com uma ausência tão longa, na fase em que mais precisa dos pais?

E como se pode delegar essa função numa "equipa de apoio"? 

Ainda assim, ao contrário de Sofia, desde cedo se vê Emma a querer voltar para casa, a querer voltar para a família, a sofrer pela distância.

 

Será mesmo possível, para estas mães, conciliar a vida profissional e familiar? 

Ou terão que abdicar de uma delas, para se poderem focar totalmente na outra?

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